Capítulo 13 - Apenas uma noite

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O barulho irritante do toque do celular me desperta do meu precioso sono, resmungo algumas palavras enquanto tento desligar o mesmo. Minha alma parecia está vagando em algum lugar distante e a lerdeza matinal se fazia presente, me perguntei se realmente valia a pena perder minutos de sono com uma chamada que possivelmente poderia ser engano.

Mas, ao ouvir o celular tocar novamente, acabo por decidir me levantar da cama. Tento ser o mais silencioso possível para não acordar o Jin que dormia ao meu lado, embora ele estivesse tão cansado que dormia como uma pedra.

Caminho pelo quarto escuro a procura do lugar onde havia jogado o celular, o mesmo começa a tocar novamente e eu finalmente o encontro. Ainda sonolento, encaro o número desconhecido saltitante na tela e bufo de ódio por quem quer que esteja me ligando.

— Isso são horas de ligar para alguém? — Falo assim que atendo a chamada, escuto o Jin se remexer na cama e forço um tom mais baixo antes de continuar.— Quem é?

— É o Jimin. — Anuncia receoso, ele continua assim que nota o meu silêncio. — Desculpa te acordar, mas eu estou precisando muito de você, amor. Por favor, só mais uma vez

Sua voz soa fraca e baixa, típico de quando se passa algumas horas em uma crise. Eu conheço esse tom, não era a primeira vez que ele me ligava tarde da noite após chorar até a última gota d'água.

— Eu não posso. — Falo olhando para o lado agora vazio da cama, me pergunto se ele havia escutado algo.

— Eu juro que não vou tentar nada, Yoongi. Por favor, eu só tenho você.— Posso sentir o desespero em sua voz e me xingo por ainda ser tão fraco.— Eu não quero ficar só.

— Onde você está? — Falo pegando um casaco e indo em direção a porta.

— No porto. — Fala e desliga.

Abro a porta do quarto e logo escuto o som da TV denunciado onde o Jin estava, mordo meus lábios enquanto me pergunto se deveria ou não explicar o que estava acontecendo. Ao mesmo tempo que sabia que lhe devia uma explicação, também temia ter que dá-la. Caminho em direção a porta dos fundos, mais uma vez fingindo da responsabilidade.

Não vai acontecer nada.

[...]

Me encolho mais no casaco, as ondas pareciam ter triplicado o frio que já se fazia naquela noite. Olho para o lugar a procura do Jimin, o encontro sentado em um dos bancos com o olhar fixo na areia em seus pés.

— Jimin? — Chamo sua atenção, ele me encara surpreso. — O que aconteceu?

— Se eu morresse você ia sentir minha falta? — Pergunta, voltando a encarar seus pés. — Se um dia você acordasse e, por algum motivo além, eu não tivesse mais lá para te perturbar. Como você ia reagir se nunca mais pudesse me ver?

— Do que você está falando, Jimin? — Não consigo esconder a confusão que suas perguntas me causaram. — Claro que eu ia sentir sua falta,  não é porque não estamos juntos que eu vou esquecer tudo que vivemos. O que nós tivemos foi importante para mim, você é muito importante para mim.

— Não o bastante pra fazer você voltar, não é?! — Sua voz sai falha mas logo um pequeno sorriso brota. — Eu posso te pedir uma coisa?

Concordo com medo, não apenas do que irá por vim mas por, naquele momento, ser incapaz de lhe negar nada.

— Passa a noite comigo, só por hoje. — Fala e completa notando minha confusão. — Não estou pedindo pra você dormir comigo, Yoongi. Eu quero apenas a sua companhia.

— Tudo bem.

É apenas uma noite, afinal. E, mesmo que eu tente negar, seria impossível para mim deixá-lo sozinho novamente.

Jimin solta um grito animado, o encaro com um sorriso divertido no rosto fazendo o mesmo ficar corado. Não consigo parar de lhe encarar enquanto ele apenas vira o rosto.

— Gosto de você assim, não daquele jeito. — Comento ainda o encarando.

— Que jeito?

— Você estava tão frio e, ao mesmo tempo, cheio de medos e segredos. Se afastou de todos, até de mim. — Comento já não mais lhe encarando. — Fiquei com medo de te perder e no fim acabei perdendo mesmo.

— Você nunca me perdeu, mesmo que distante eu sempre acabo voltando para você. — Fico calado, aquilo não parecia certo. —  Mas afinal, como eu sou de verdade?

—  Você é uma pessoa doce, é impossível não lhe encarar e soltar um sorriso no mesmo momento. É uma pessoa que gosta de carinho e de coisas quentes, ao mesmo tempo que ama o frio. — Dou um sorriso ao lembrar de quando o vi pela primeira vez. — Você é a única pessoa que consegue me fazer desejar voltar a cantar, porque sei que mesmo que tudo volte à dá errado você vai esta lá.

Como eu precisava dizer isso, passei tanto tempo guardando cada palavra que parecia que havia tirado um elefante das costas.

— Você ainda me ama. — Afirma. Fico alguns minutos calado pensando na sua afirmação.

Não se deixa de amar de uma hora para a outra, penso. Lembro do Jin sozinho naquele cômodo escuro e me sinto o pior dos piores.

— Não, Jimin. — Respondo, incerto. — Eu sinto carinho por você, eu gosto de você. Mas não é amor.

— Você o ama?

—  O Jin?! Eu não sei. — Confesso. — Eu amo o jeito como ele cozinha, amo quando ele fica irritado quando discordo de algo que ele está certo e, ainda mais, quando ele tenta esconder o sorriso quando o faço rir. Amo a forma como ele dorme parecendo um bebê, e amo quando ele fica com ciúmes e faz birra. É, talvez eu ame muitas coisas nele.

— Acho que você deve voltar para o lado dele. — Me surpreendo com sua fala.— Eu te amo muito e por te amar tanto que não aguentaria te ver infeliz, eu não quero causar a tua infelicidade. Mesmo que eu quisesse, não ficaríamos juntos.

— Por que você está falando isso?

—  Por que o destino quer assim. Mesmo que eu sempre volte, você sempre vai. E esse vai e vem desgasta, mesmo que ainda haja amor.— Suspira se levantando. — Agora vai que já está amanhecendo.

Não consigo falar mais nada, Jimin caminha em direção a um ponto contrário, apenas o encaro entrar em um dos carros. Levanto e vou em direção ao meu carro ainda pensando na nossa conversa.

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dizia um(a) grande sábio(a): Não se cura amor nenhum com outro amor, amor não é doença.

Amor, café e Canadá | YoonJinOnde histórias criam vida. Descubra agora