Capa feita pelo projeto @Teamwings
" - Eu vou te ajudar "
" - Com o que?"
" - A achar o seu grande amor"
Dois amigos e uma cidade desconhecida, nada de certo poderia dá errado. Ou seria nada de errado poderia dá certo?
Depois de um trágico término...
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Pode parecer egoísmo, mas vê-lo olhando inúmeras vezes a mesma foto me faz querer chorar, gritar e, mais que tudo, jogar o maldito celular com todas as lembranças janela à fora. Aperto com força o volante, o trânsito andava a passos de tartarugas o que apenas dificultava a minha vontade de fazer o certo. Yoongi mantinha atenção no celular e, pela primeira vez em anos, tive vontade de xingá-lo até acabar com o meu estoque ─ quase nulo ─ de xingamentos.
Poderia pegar o contorno e ir de volta para o aeroporto e ele iria comigo, por bem ou por mal. E, se não fosse pela ligação recente de uma amiga do Jimin, de fato eu teria feito. Mas após ouvir a palavra "terminal" e "morte" na mesma frase, engoli todo o egoísmo e me fiz jurar não dá uma de adolescente inseguro. Então, quando passamos pelo contorno, apenas segui em frente e dei adeus ao meu plano de fuga, por mais egoísta que minha mente seja.
- Como será que o Jimin está?- Pergunto sério após um longo e cansativo tempo em silêncio.
Claro que me preocupo com ele, caso contrário já estaria bem longe daqui. Mas eu sei que o que eles tiveram não foi algo de momentos, ou um amor passageiro. Eu juntei os dois, eu vi tudo acontecer de primeira classe. Na época eu não pensei nas consequências, mas não posso dizer que se pudesse faria diferente. Jimin foi uma fase importante para o Yoongi, não posso simplesmente ignorar isso.
- Espero que bem, e que não tenha sido só mais uma de suas mentiras. - Fala cansado.
Não pergunto mais nada, silêncio parece mais acolhedor que o ouvir falar dele. Ligo o rádio e uma música desconhecida quebra o clima tenso, já consigo ver um enorme prédio branco cheio de janelas. A palavra "Hospital" é pequena, porém visível. Olho para o garoto pálido ao meu lado, sua atenção estava voltada para o celular como se em algum minuto uma mensagem pudesse fazê-lo voltar a respirar normalmente.
- Não vai ir ver ele?- Pergunta assim que nota que não faço nenhum movimento para sair do carro.
- Não sei se consigo. - Dessa vez não o encaro, mesmo que não esteja mentindo é difícil vê-lo tão abatido por outro. - Não posso ver ele nesse estado.
- Você fala como se ele estivesse à beira da morte. - comenta e então noto o quão alheio a tudo ele está.
Milhares de frases se formam e não consigo achar um modo de lhe explicar toda a situação, não tem uma forma menos dolorosa para contar. Talvez seja por isso que me pediram para ficar em silêncio. Porque mesmo sendo doloroso de ambas as formas, ele é a melhor pessoa para da à notícia.
- Eu vou pegar um café, sinto que vou passar a noite em branco. Vai querer alguma coisa?- Pergunto descendo do carro. - Você precisa comer alguma coisa, mas agora vá. Ele está esperando.
[...]
- Você não acha que está sendo dramático e egoísta demais?- Fala depois de alguns minutos em silêncio.
- Acho, mas eu não consigo controlar. - Suspiro .- Desde daquele dia em que ele saiu de madrugada para se encontrar com ele, venho me perguntando se não estamos apenas brincando de estar juntos.
- Se preocupe com o Jimin, ele precisa mais que tudo de vocês. ─ A voz grossa de Taehyung acompanhada de seu tom rígido faz com que eu me sinta uma criança. ─ Agora não é o momento de discutir o relacionamento.
Escuto uma voz ao fundo gritar algo que o faz rir alto, logo em seguida a mesma voz se junta a ele na risada.
- O Hobi está aí? Que saudades de vocês. - Confesso sentindo uma pontada de saudades no peito. - Mas vocês estão certos, não é o momento de ser egoísta.
- Sempre estamos. - Tae fala e quase posso ver Hoseok concordando ao seu lado. - Você falou que o Suga cantava não era?
- Tocava, fazíamos parte de uma banda. - Por que ele quer saber disso?
- O que aconteceu com a banda? Por que pararam?- Pergunta nitidamente curioso.
- Por conta do acidente. - falo baixo como se estivesse revelando um segredo de estado. - Era o aniversário de um ano da banda, estávamos todos felizes, menos o Suga. Ele havia brigado com o pai antes de partir para turnê e por conta disso acabamos tendo que sair um dia antes da cidade. E, para piorar de vez, era o mesmo dia da apresentação da irmã dele.
- O Suga tem uma irmã? Ele nunca falou dela. - Hobi comenta pela primeira vez.
Lembranças da garota baixinha de um sorriso estranhamente cativante invadem a minha mente, respiro fundo tentando não me levar pela lembrança.
─ Nem vai falar. ─ Afirmo e continuo. ─ Dois dias depois do primeiro show da turnê era o aniversário do Yoongi, estávamos tão ocupados planejando uma pequena festa que nem notamos que ele estava mais calado que o de costume. Até hoje me lembro do medo que senti quando notei que ele havia sumido, estávamos em uma cidade desconhecida e que pouco entendíamos o que falavam. Quando ele apareceu já estava de noite. Segundo ele, havia pegado no sono na casa de uma das fãs. Então mandamos um mensagem para os membros que havíamos encontrado o Suga e aos poucos todos foram voltando, menos um. Foi um dia triste para todos. O Yoongi entrou em choque e só sabia dizer que era tudo culpa dele, piorou quando a família começou a acusar ele.
- Nossa, eu não imaginava. ─ Falam juntos, permaneço em silêncio ainda com a mente presa há 6 anos atrás. ─ O Jimin fazia parte da banda?
- Sim, ele era o mais perdido dos cinco. ─ Comento com um sorriso largo ao lembrar os tempos antigos. ─ O conhecíamos desde que era apenas um feto, nossas mães eram vizinhas. Mas, depois que crescemos, passamos a ser desconhecidos. Anos depois, quando o mesmo entrou para a faculdade, nos reencontramos.
Onde será que foi parar todo aquele carinho? Dizíamos que éramos inseparáveis, então como nos separamos?
