Conto 5 - Refugiados do Amor

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Autora: Adriana Vaitsman

Sinopse:

Enquanto o resto do mundo e a União Europeia parecem se perguntar o que fazer com os refugiados da guerra civil na Síria, o capitão-tenente Alessandro Romanzini, oficial da Marina Militare (marinha militar italiana), participa do resgate de refugiados sírios, a bordo do navio-patrulha Squadra, sob o seu comando. Ao desembarcarem os resgatados em terra firme, no porto de Pozzallo, na Sicília, em meio ao caos e ao sofrimento, ele conhece Aisha Chiarelli, uma médica síria naturalizada italiana. A atração entre os dois é imediata, e a paixão, arrebatadora. Entretanto, o capitão-tenente terá que vencer a resistência desta linda mulher, que roubou seu coração para sempre, e precisará provar que os dois estão do mesmo lado.

Música Tema: In Assenza Di Te - Laura Pausini

Classificação: +16

***

Mediterrâneo, Junho de 2015.

Eles eram muitos. Vinham, em sua maioria, da Síria, mas havia quem fosse de outras nacionalidades. Tinham partido da Líbia, mais especificamente de Zwara. Todos tinham algo em comum: estavam fugindo dos conflitos, das perseguições e da violência. Eram homens, mulheres e muitas, muitas crianças... Estavam assustados, sujos, famintos e sem esperanças. Havia cerca de cento e vinte pessoas das quais mais de dez por cento não sobreviveria, pois estavam debilitados e doentes, vítimas da desnutrição e hipotermia.

Naquela manhã em que os resgatara a bordo do Squadra, o navio-patrulha da marina militare italiana, sob o seu comando, o capitão-tenente Alessandro Romanzini, não sabia que sua vida mudaria por completo.

Ele sabia que com o fim do Mare Nostrum, que era uma operação de resgate da marinha italiana, instituída em outubro de 2013, a tendência era que a maioria dos refugiados acabasse morrendo na perigosa travessia do mediterrâneo, porque ao invés de serem resgatados em alto mar, com todo o aparato militar, como vinha ocorrendo, os resgates ficariam cada vez menos frequentes e, eventualmente, ocorreriam em navios como o Squadra, que apenas patrulhavam a costa, sem suporte para ações humanitárias mais complexas e necessárias, e isso lhe inquietava. Não havia meios de ser insensível ao sofrimento que ele vira nos olhos daquelas pessoas. Tê-los resgatado já havia sido um ato de ousadia e ele sabia disso.

Após desembarcá-los no porto de Pozzallo, na Sicília, ele foi chamado à base militar para elaborar relatórios e responder aos seus superiores, o que lhe custaria uma semana em terra firme, antes de receber sua nova missão.

No dia seguinte ao resgate, logo cedo, Alessandro saiu da base com Zantini, um de seus subordinados, e foi até o acampamento dos refugiados, a fim de obter notícias, pois ficara muito impressionado com tudo o que havia visto. Logo ele que tinha a fama de ser insensível... As cenas de desespero que presenciara a bordo do Squadra, jamais lhe sairiam da mente.

Os dois homens aproximaram-se do acampamento. No local estava sendo feita uma espécie de triagem por grupos humanitários. Os médicos sem fronteira também estavam prestando atendimento aos refugiados. Seria difícil encontrar soluções definitivas para todas aquelas vidas que estavam ali, à mercê da própria sorte. Alessandro decidiu que não se identificaria. Preferiu ficar no anonimato e ver com os próprios olhos o que estava sendo feito, para pensar no que poderia ajudar.

- Há muito trabalho aqui. Não há espaço para expectadores. Ou ajudam, ou dão o fora! - Disse, em tom de decisão, uma voz feminina.

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