Amores Militares

Conto 6 - A Bombeira da Rua 12

Autora: Danielle Godoy

Sinopse:

Rafael é um bombeiro que recebe um chamado para controlar um incêndio na Rua 12, onde encontra uma mulher que vai atrapalhar seus sentimentos e pensamentos para sempre.

Música Tema: Far Away – Nickelback

Classificação: Livre

***

Eu estava na Rua 12 apagando um incêndio quando a vi pela primeira vez, ela era a vizinha da moça onde a casa havia pegado fogo e estava ajudando a todos como uma heroína, já que nós só havíamos chegado a tempo de controlar o fogo antes que se espalhasse para a casa da árvore nos fundos da casa, tudo o que restara quando terminamos era pó, alguns móveis e vigas de sustentação. Os cabelos pretos estavam molhados, ondulados, presos em um rabo de cavalo feito às pressas, ela sorria tentando acalmar a todos. Me encantei de primeira, era a garota mais sincera em todas as atitudes que eu vi em 22 anos.

Alguns dias depois disso, eu passei a conversar muito com ela e descobri que ela era uma bombeira militar que estava de férias naquele dia, eu me lembro que ri muito, nós dois éramos bombeiros e sempre que lembrávamos dessa coincidência eu dizia: só pode ser o destino falando que deveríamos estar juntos, Ariel. Eu sei que sempre parecia uma brincadeira, mas ela virou minha melhor amiga e, pouco tempo depois, ela seria enviada para uma operação de resgate de alto risco no Rio de Janeiro.

— Eu tenho que ir. Rafa, eu vou ficar lá por um mês, talvez mais.

— Eu sei, mas me prometa que vai voltar logo, sabe o quanto eu odeio ficar longe de você. — Dei um meio sorriso, assistindo-a desaparecer no Fiesta preto que estava estacionado na frente de casa.

Aquela tinha sido a primeira vez que ela tinha dormido na minha casa e já estávamos nos despedindo de novo, eu até me acostumei com tudo isso, sempre que conhecia uma nova garota, acabava deixando-as na porta de casa e correndo para o serviço de novo, porém, parecia que com a Ariel tinha algo mais, sentia saudade da noite anterior como se eu sempre tivesse aquilo, mesmo que tivesse sido apenas uma vez.

Nos dias seguintes, eu me senti sozinho, ela não tinha me dado nenhuma notícia desde que chegara lá, minhas férias tinham acabado de começar, então eu apenas me sentava no sofá, assistia algumas séries da Netflix e olhava meu celular incessantemente, quase me esquecia de ir à academia à tarde. Era tão estranho me sentir tão impotente diante aquela distância, mas eu me deixei levar por algumas semanas, ia à casa de meus amigos e sempre passava nos bombeiros de 3 em 3 dias, começaram até a brincar comigo, me falando que eu deveria tirar férias, não ir lá trabalhar.

Quando chegou o dia em que ela deveria voltar, fiquei eufórico. Fui até o Corpo de Bombeiros Militar e tinham umas 20 pessoas esperando todos serem liberados oficialmente, mas eu não a via em nenhum lugar, cheguei a perguntar para o capitão Lang se ela não tinha voltado, ele me disse que ela não tinha ido ao Rio, pois ela estava de férias e que, se eu quisesse mesmo saber onde ela estava, era só ir à casa dela que, provavelmente, estaria lá com seu marido, Bryan. Na hora, acho que passei pelos 4 estágios da revolta:

1º Estágio: o choque.

Fiquei paralisado por uns 5 segundos até perceber que estava tremendo, olhando para o capitão, que continuava a falar sobre como Ariel era com o marido, que, por acaso, também era bombeiro e estava com a perna quebrada devido a uma viga, que caiu em cima dele enquanto tentava salvar uma criança do incêndio.