Capitulo Sete - Londres, 2026.

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  Estava um pouco frio, creio que o inverno havia acabado a poucos dias, deixando para trás uma brisa gelada. Abro meus olhos e vejo Henri mexendo em seu celular, checava onde estávamos e qual era o ano.
    – Estamos em Londres mesmo, no ano de 2026. – ele sorri.
    – Minha primeira viagem para o futuro... – penso alto e continuo a olha-lo.
    – São 21:47 de uma noite de... – ele checa novamente o celular. – Sexta. O que quer fazer? – ele sorri para mim e começa a andar.
    – Que tal um pub? – sorrio de canto e ando ao seu lado.
    – Uuuuuh! – ele disse entusiasmado, tentando recordar o nome de um pub em questão. – O... o “White Hart”! – ele diz se lembrando.
    – Hum, já ouvi falar dele. Tem uma boa reputação...
    – É um dos melhores daqui de Londres e o mais antigo! – ele me olha sorrindo. – Topa?
    – Claro! – digo na mesma empolgação que ele e chamamos um taxi. Henri havia trazido dinheiro, então ele que paga a corrida. Descemos do taxi meia hora depois em frente a uma pequena porta com paredes pretas, e uma placa em cima escrito “White Hart”. Quando entramos o lugar estava bem movimentado, em algumas mesas nos cantos haviam grupos de amigos, bebendo, rindo e até mesmo cantando a musica que tocava ao fundo, “Lithium – Nirvana”.
    – Cara, esse lugar é uma beleza sempre, desde 1216 até os confins do mundo. – ele ri e caminha entre algumas pessoas. Nos sentamos ao lado de uma mesa com amigos que conversavam animadamente. Pareciam se encontrar depois de longos dias de trabalho para reclamar sobre seu chefe ou algum barbeiro no transito.
    – Tenho que concordar. Vou querer vir aqui mais vezes! – digo com um largo sorriso no rosto. Henri estava me ajudando, me fazendo esquecer, nem que temporariamente, a morte de meu pai e todo o caos que minha vida esta nos últimos dias.
    – Vai querer comer alguma coisa? – Henri diz se levantando para ir ao balcão.
    – Qualquer coisa pra beber e pra comer... – dou uma olhada no celular.
    – Ok, já volto. – ele anda entre as pessoas pedindo licença até chegar e se debruçar no balcão. Me distraio um pouco, mas logo uma voz feminina me desperta.
    – Como é o nome do seu amigo gatinho? – uma linda moça de cabelos ruivos e pele bronzeada diz se inclinando em minha direção, ela estava na mesa de amigos ao lado.
    – Me desculpe, o que você disse? – a olho acordando de meu pequeno transe.
    – O nome do seu amigo ali... – ela aponta para Henri, que no momento estava de costas para nós. – Não que eu tenha interesse, só achei ele bonito. Vocês devem estar juntos não é mesmo? – ela diz corando um pouco.
    – Não, não. Somos apenas amigos. – sorrio calmamente para ela. – O nome dele é Henri.
    – Um belo nome pra um cara muito gato! – ela ri e olha seus amigos por algum momento. – E o seu? Digo, seu nome?
    – Morgana, me chamo Morgana. – digo calmamente. – E o seu?
    – Alexia Oswald, é um prazer conhecê-la. – ela me olha de cima a baixo e para em meus cabelos. – Menina do céu, que cabelo incrível é esse! – ela ri.
    – Ham... – rio corada – Obrigada, o vermelho de seus fios é muito lindo também.
    – Eu já tive meu cabelo azul também, mas nunca consegui um tom como o seu.
    – Não é tão difícil quanto parece viu. – sorrio e um dos amigos dela cutuca seu ombro para chamar sua atenção.
    – Não vai nos apresentar sua amiga Lexa ou se esqueceu da gente? – um rapaz ao lado de Alexia diz após passar a mão em seus cabelos, fazendo com que seus cachos se baguncem um pouco.
    – Olha, onde estava com a minha cabeça. – ela ri e leva a mão a testa – Lógico que não esqueci, monamour. Esse lindo aqui é o Jamie, um “cuzão” mas todos amam. – ela brinca e Jamie toma um gole de sua enorme caneca de cerveja. – m cuzão no bom sentido, OK? – ela ri – Aqueles dois excluidões ali são o Petter e o Thomy. – ela os cutuca.
    – Não somos “excluidões” – Petter diz dando ênfase a palavra e tirando o olhar da tela de um tablet. – Só estamos dando alguns ajustes finais na capa do meu livro.
    – Ele é muito perfeccionista – Thomy ri – E a arte da capa diz muito sobre o livro, então tenho que caprichar. – Thomy levanta o tablet mostrando um desenho digitalizado muito bonito. “Soulsdrak’s – A Sociedade Perdida” era o titulo do tal livro, que parecia se tratar de magos.
    – Não interessa, queridos. – ela diz tentando parecer brava – Nós tínhamos combinado que não falaríamos de trabalho essa noite, não é mesmo? – ela arqueia a sobrancelha.
    – Tudo bem, gata. – Petter pega o tablet e o guarda em uma mochila.
    – Por que você e seu amigo não se sentam conosco? – Thomy sorri.
    Neste momento um homem de cabelos ruivos entra no pub meio alterado, parecia um daqueles brutos sem paciência que ouviu muito do chefe ou teve alguma discussão besta no transito. Ele marcha até a mesa de Alexia enquanto tira a jaqueta preta de couro.
    – Cara, hoje o dia foi uma merda... – ele bufa e se joga ao lado de Alexia no banco. – A academia esta um inferno, tem aluno enrolando pra pagar, outros que tão quebrando equipamento. Assim não dá não! – todos o olham em silêncio, Jamie toma um gole de sua cerveja, Petter e Thomy riem baixo e Alexia o cutuca com o cotovelo. Fico em silêncio até perceber que sou notada por ele. – Ou! Me desculpe... – ele ri ficando envergonhado. – Não lhe vi...? – ele busca meu nome.
    – Morgana. – Alexia diz finalmente. – Esta aqui é minha mais nova amiga, Morgana. – ela sorri me olhando.
    – Prazer... – estendo a mão em comprimento.
    – O prazer é todo meu, Morgana... Me chamo Ronny – ele segura minha mão delicadamente e a beija. Se afasta e sorri me olhando. Henri se aproxima da mesa com uma porção de tiras de bife e dois copos, com algum liquido dentro.
    – Trouxe cerveja alemã pra você e uma porção de carne... – ele sorri e vê os outros. – Ham, quem são esses?
    – Este são Alexia, – ela sorri e aperta a mão livre de Henri.
    – É um prazer em conhecê-lo, Henri.
    – O prazer é todo meu... Alexia. – ele aperta a mão dela, sorrindo e a olhando nos olhos.
    – Alexia, por favor, deixa com essas coisas pra quando e estiver mais bêbado. – Jamie diz dando um belo gole em sua cerveja.
    – Todos nós agradeceríamos... – complementa Thomy e todos riem.
    – Ai! Como vocês são implicantes, só estou cumprimentando o rapaz. – ela os olha sorrindo.
    – E a gente finge que não te conhece. – Thomy diz.
    – Você é mais rápida que o Flash... – Petter diz rindo.
    – Bom, – rio – Continuando as apresentações, esse é Jamie, – aponto para o rapaz com a cerveja. – Petter e Thomy. – indico os dois também.
    – Ola – diz Jamie.
    – Hey – sorri Petter.
    – E ai! – Thomy da um leve aceno.
     – Juntem a mesa com a gente... Da pra conversar melhor, sem ficar gritando sabe. – Petter sugere com um belo sorriso no rosto.
    – Creio que aqui cabe mais dois. – Ronny diz. – É uma mesa espaçosa...
    – Concordo totalmente e... – Henry olha de baixo da nossa mesa. – Elas são presas no chão.
    – Chega mais ai... – eles se ajeitam, realmente a mesa era bem espaçosa. Henri coloca nossos pedidos na mesa e eu me sento, ficando ao lado de Thomy. Para não ficarmos muito apertados, Henri apenas pegou uma cadeira e colocou na ponta da mesa, ficando de frente para Petter e Jamie.
    – Então, nos falem sobre vocês... – Ronny pega um pedaço de carne e eu tomo um gole de minha cerveja.
    – Você não é daqui, não é mesmo? – Jamie me olha e ajeita o cabelo novamente. Ele tinha olhos castanhos e a pele um pouco morena. Seu cabelo também era de um castanho mais escuro com vários cachos, além de ser raspado na lateral. Parecia não ser muito alto, mas como estava sentado não conseguia distinguir muito bem isso, mas tinha um corpo magro.
    – Não, – rio levemente e tomo mais um gole de minha cerveja. – Sou alemã, vim de Berlin a algum tempo atrás. – sorrio levemente.
    – Está perdendo o sotaque aos poucos, mas ainda é perceptível.
    – Tem as características de lá mesmo. – Petter diz sorrindo. – E seus pais?
    – Ham... Isso é... Um assunto delicado. – minha expressão se torna vazia e todos vêem que aquele era um assunto um tanto desagradável para mim aquele momento.
    – Gosta de desenhar? – Thomy sorri, tentando mudar de assunto.
    – Ah, eu rabisco alguma coisa. Pelo que vi, você desenha muito bem, não é? – sorrio de canto.
    – Eu faço o que posso. – ele ri corando levemente.
    – Esse viado ai desenha muito bem sim! – Alexia diz bebendo um pouco de vinho. – Só é modesto demais. – ela nos olha. – Tímido também. – ela ri ao vê-lo corar levemente.
    – E você é uma vaca velha. – todos riam com aquela conversa dos dois.
    – Sou uma vaca muito gostosa pelo menos. – ela toma mais um gole do vinho e ri.
    – Tenho que concordar – Henri diz baixo.
    – Pode falar alto gatinho. – ela olha Henri.
    – Creio que todos temos que concordar que você é gata.
    – Ele tem razão. – rio e bebo minha cerveja.
     A noite continuou tranqüila, conversas e risadas era o que não faltava ali naquela mesa, finalmente me sentia feliz depois de dias e, mesmo que momentaneamente, havia esquecido do assassinato de meu pai. Todo mundo comia e conversava sobre qualquer coisa. Jamie e eu conversamos sobre RPGs e como era tudo muito interessante, ele me conta sobre sua namorada e como estão lidando com a distância que existe entre eles, pois ela foi para Berlin estudar dança em uma ótima academia de lá.
    – Já ouvi falas sobre a academia e sei que é muito boa.
    – Sim, ela ficou muito empolgada quando passou e não quis impedi-la, amo muito ela e só quero seu bem. – ele ri tomando mais cerveja, desde que cheguei já estávamos na quarta caneca.
     – Deve ser difícil ficar longe de quem você gosta... – Samuel passa por minha mente, mas tento afastá-lo, para que não sofresse mais.
     – Estamos conseguindo lidar bem com isso. Quando consigo folga do escritório eu viajo para lá e visse versa. Acho que não contei, mas sou advogado. – ele ri.
     – Que incrível. Gosto bastante de direito e tudo mais, creio que seja algo interessante de se estudar e trabalhar.
    – É sim, eu e meu amigo Victor abrimos um escritório e até que estamos indo bem com tudo isso. Os casos entram e assim vem o dinheiro. – ele bebe um pouco mais.
    – Isso é muito bom, eu tenho interesse na policia. – bebo também.
    – Tem muito haver com meu trabalho. – ele ri e conversamos mais um pouco. Olho a minha volta e vejo Henri sentado ao lado de Alexia, estavam bem próximos um do outro, ele parecia dizer coisas engraçadas para ela, pois ela sempre ria e então, eles se beijam...
    – Eu falei que ela era rápida! – Thomy diz rindo e bebendo vodka.
    – É isso ai, arrasa garota! – Petter ri e todos bebem.
    – Morgana, me fala de você pra gente... – Ronny sorri.
    – Acho que não tem muito para contar. Não ainda. – sorrio para ele. Henri e Alexia se separam, os dois sorrindo sem graça, juntamente com todos rindo dos dois.
    Assim a noite passou rapidamente, bebemos, rimos e conversamos. Henri trocou mais alguns beijos com Alexia, enquanto eu ria com os outros e enchia a cara.
    – Amo muito vocês viu? – digo me levantando para ir embora, junto com Henri.
    – Não podem ficar mesmo? – Ronny segura minha mão rindo e me olhando.
    – Não posso meu amor... – faço bico o olhando, me sento ao seu lado novamente e o abraço. – Semana que vem eu volto. – dou um beijo em seu rosto e me levanto.
    – Vamos estar te esperando... – Petter diz.
    – Vou trazer seu desenho – Thomy ri e manda um beijo pra mim. – Coisa linda.
    – Não esquece do celular! – Jamie bebe mais cerveja. – Vai ser muito legal ter você no RPG conosco.
    – Pode deixar – imito uma continência e rio. – Amo vocês e amo ter conhecido vocês.
    – Também te amamos gata! – Alexia me abraça e depois da um selinho em Henri – Muito bom te conhecer também amore. – ela ri e volta a se sentar.
    – O prazer foi todo meu. – ele acena sorrindo. – Até qualquer hora galera!
    Saímos ali do bar e fomos para um hotel barato, pegamos um quarto com duas camas e logo dormimos. Na manhã seguinte, acordamos e voltamos para a central e o ano certo. Tivemos uma breve reunião com Bennet e voltamos para a casa.


Δ

~ Bom, você agora deve estar pensando que esta história será chata, monótona, mas é aí que você se engana. Cinco anos se passaram desde que tudo aconteceu.
    Eu comprei um apartamento em Londres e, hoje em dia, sou detetive aqui. Trabalhei muito minhas técnicas de viagens no tempo, caçando alguns anjos atrás de informações de Isaac e minha mãe. Pelo que percebi, ele é muito importante no meio católico e muito respeitado também. Mesmo assim as informações sobre ele eram poucas, porém a sede de vingança ainda é grande de mais. Prometi para mim mesma que vingaria a morte de meu pai. Independente do que teria que fazer para que isso acontecesse.
    Neste período, o bebê de Rose e Matt nasceu, se chama Iris, em homenagem a mulher de Bennet, que era muito amiga de Rose e acabou morrendo de câncer em 2020,  sou a madrinha dela. É uma menina linda e sorridente, uma bela Senhora do Tempo. Volta e meia vejo eles e Henri também, que, devido aos fatos,tornou-se um grande amigo. Ele está namorando uma menina da sua faculdade de medicina e eu conheci um cara no trabalho, ele se chama Victor Wood, ele é gente boa e muito interessante. Se tornou meu parceiro de investigação e parece querer algo mais que uma simples parceria no trabalho. Não sei, parece que já nos conhecemos de antes, parece que já vi ele em algum lugar antes.
    Agora, voltemos a história pois tem muito caminho pela frente ainda. Ano de 2024.~

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