Capitulo Vinte: Rache. - "Vingança."

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    – Bom dia, flor do dia! – diz Henri, animado ao abrir a cortina do quarto onde estava. – Levanta essa bunda daí logo! – ele pula em cima de mim para me acordar.
    – Ai Henri! – grito, rindo, quando ele começa a me fazer cosquinhas para que eu acorde. – Sai daqui! – me contorço e o empurro com meus pés, quando cai ele perder o equilíbrio, me levanto rapidamente e me sento em suas costas, puxando seu braço para trás, o imobilizando.
    – Ou, ou, ou! Tá louca?! – aperto mais o braço dele, fazendo com que ele bata o outro no chão pedindo arrego.
    – Isso é pra você aprender a nunca mais me acordar antes do meio dia, quando eu não tenho que trabalhar! – rimos e me levanto, o liberando
    – Você é mais forte quando ta com sono ou é impressão minha? – ele diz rindo e sentando no chão do quarto. – Caramba, Morg...
    – Você que sempre foi um fracote – eu rio e começo a ir para a porta. – Vou chamar o Samuca, pode ir indo lá pra cozinha – sorrio, mando um beijinho e vou pro quarto dele. Ajeito a blusa que estava, uma que havia pego de Samuel, e também meu short.
    Abro a porta devagar e o vejo dormir, tão tranqüilo e fofo... Um sorriso bobo nasce em meus lábios e eu me aproximo devagar, podia ver seu tronco subindo e descendo no ritmo de sua respiração. Ele se mexe na cama, ficando de barriga para cima, sem camiseta como sempre e os músculos de seu abdômen ficam bem visível.
    – Acorda, Mané! – eu pulo em cima dele, enquanto aumento o tom de voz.
    – Ohh Mór! Sabe que fico com muita ressaca depois de uma noite de festa, baixinha... – me abraça por cima da coberta e rimos.
    – Eu sei, gigante. Mas chega dessa moleza ai, se eu acordei, o senhor vai acordar também. Vem, o Henri fez panquecas, você tem que experimenta a panqueca dele.
    – Você é chata, em! – me rouba um beijo – Vamos. – nos levantamos e voltamos pra cozinha. – E ai garanhão, como dormiu? Sonhou muito com a Sarah? – rimos e Henri da um soquinho no ombro do Samuel.
    – Olha o que você fala aí, rapaz – Henri diz e começo a comer uma panqueca, enquanto vejo os dois brincando de lutinha.
    O dia se passou rapidamente, Henri deu uma saída para se encontrar com Sarah, conversar sobre a volta a Londres e que gostaria muito de ter a oportunidade de conhecê-la melhor. Eu e Samuel ficamos relembrando os velhos tempos, quando namorávamos, nada demais. Conversamos sobre tudo que aconteceu em nossas vidas durante os anos que passamos longe um do outro. Acho que o texto que vi no Facebook esses dias, nos descreve bem:
    “Ele me conta das meninas, eu conto dos caras. Eu acho engraçado quando ele fala ‘ah, enjoei, ela era meio sem assunto’ e olha pra mim com saudade. Ele também ri quando eu digo ‘ah, ele não entendeu nada’ e olho para ele sabendo que ele também não entende, mas pelo menos não vai embora. Ou vai mas sempre volta. Mas meu melhor amigo é meu único amor. O único que consegui. Porque ele sempre volta. E meu coração fica calmo.”
    Eu sabia que podíamos ter ficado todos esses anos um longe do outro, mas nunca abandonamos um ao outro. Um sempre habitava a mente do outro e conversávamos mentalmente, por empatia.
    Logo a noite chega e vamos jantar em um restaurante caseiro que conhecia. Fomos eu, Samuel, Henri e Sarah. Conversamos sobre tudo o que você pode imaginar, os assuntos foram surgindo aleatoriamente. Nosso jantar passou rapidamente, Henri e Sarah pareciam um casal de namorados, muito gays, como dizia para Samuel, que concordava com a cabeça. A tempos não me divertia tanto assim. Mesmo que em certo momento da noite, Victor me ligou, logicamente eu não atendi, mas o clima havia ficado levemente pesado entre nós quatro, Sarah mesmo não sabendo o motivo, via a tensão entre nós, o que a fazia ficar tensa também, até que voltamos para a casa. Durante o caminho, eu e Samuel tivemos uma conversa sobre com ficaríamos daqui para frente, tudo havia mudado e bom, mesmo que eu visse ou achava ver sinceridade nas palavras de amor que Victor direcionava a mim, Samuel sempre foi o dono de minhas borboletas no estomago e do arrepio em minha coluna, com um simples olhar.
    – Primeiro você acerta direito essas coisas com o Hood, quando for para te ter, quero que seja só minha e que mais nada possa nos atrapalhar... – ele sorri e direciona o olhar para os meus. Eu estava sentada no sofá da sala e ele, deitado entre minhas pernas, sua cabeça estava em meu peito, enquanto suas mãos envolviam minha cintura com firmeza, como se me segurasse para nunca mais soltar, enquanto eu mexia em seus cabelos.
    – Concordo, alem do que, de atrapalhados já basta nós dois... – rimos e continuamos a conversa. No dia seguinte, acordamos cedo para arrumar as malas e preparar tudo para a viagem, a neve caia lá fora e o dia havia amanhecido gélido e seco, as ruas brancas deixavam a cidade mais bonita, assim como a luzes das lojas e postes. Mesmo estando de dia, havia pouco sol para iluminar. Quando o relógio bate 12h, pegamos nossas coisas e  Samuel tranca a casa. Pegamos um taxi e partimos para o aeroporto.
    Embarcamos tranquilamente, durante a uma hora e meia de vôo eu durmo. Só acordo quando Samuel começa a me chacoalhar, falando para eu acorda. Me levanto, sonolenta, da poltrona e desembarcamos, pegamos um taxi e fomos para meu apartamento.
Δ
    – Bom, a melhor saída é a de incêndio, ela nos permite parar o carro no beco e descer ele até la sem que ninguém nos veja... São alguns lances de escada, mas não é tanto peso e vocês dois tem uma força boa. – indico a saída na planta que estava aberto em cima da mesa da sala, enquanto digo e Samuel, Henri, Rose e Matt ouvem tudo com calma e atenção.
    – Vocês tem certeza do que farão? – Rose levanta o olhar para nós.
    – Vocês têm que ter um alfabeto de planos, tem que sair tudo perfeitamente perfeito. – enfatiza Matt.
    – Nós temos tudo sob controle, além de ser na casa de Morgana onde tudo se inicia... O galpão que pegamos já esta abandonado a tempos e ninguém vai muito perto dele. – Samuel sorri.
    – Isso é verdade, Rose, pode ficar sossegada. – Henri arruma a postura, que antes estava corcunda.
    – Bom, vocês já sabem o plano, eu vou armar um “jantas romântico” para o Victor, quando eu der o sinal, vocês vão entrar e seqüestrá-lo, coloquem ele na van e o levem para o galpão abandonado da rua 22. – Samuel e Henri concordam com a cabeça, e eu fecho a planta. – Então, eu vou me arrumar. – me despeço, pego minhas coisas e começo a sair do apartamento de Henri, quando alguém segura meu braço.
    – Você esta bem? – era Samuel. Eu o olho nos olhos e tento sorrir – Você mal conversa comigo, desde que chegamos ontem, Morg. Estou, na verdade todos estamos preocupados com você. – seu olhar em mim era firme e calmo, assim como sua mão em meu braço direito.
    – Eu estou bem, apenas estou tentando me concentrar, para não perder o controle e colocar tudo em xeque novamente... – eu suspiro e quando tento me soltar, Samuel me puxa em sua direção e me envolve em um abraço apertado, aproximando seus lábios de meu ouvido.
    – Nós estamos aqui para te apoiar e ajudar em tudo, Morgana. Você sabe disso e se por um acaso, você cair ou tropeçar, nós te seguraremos... – eu não digo uma só palavra, me solto de seus braços com calma e saio dali.
    Chegando em casa, preparo o jantar, “fettuccine” com molho branco, separo um vinho e ajeito a mesa. Olho a janela da sala e vejo a neve caindo devagar e fina na rua, enquanto o vento batia sem muita força no vidro. Dou as costas a janela e sigo para o banheiro, indo tomar um banho e me arrumar, após me enchugar coloco um vestido preto justo, salto preto de verniz e faço uma maquiagem simples, porém sempre usando, meu batom vermelho vinho, arrumo os cachos de meu cabelo e estou pronta.
    Mais ou menos dez minutos depois de terminar tudo, Victor chega, abro a porta e o vejo, ele estava lindo e mesmo que usasse apenas uma calça jeans com uma camisa social, ele estava elegante. A sua frente, segurado por suas mãos levemente tremulas, havia um buque de rosas vermelhas.
    – Oi, Victor. – eu olho as flores – São lindas... Entre, vou colocá-las em um vaso – sorrio e pego o buque de sua mão, ando até a cozinha devagar e mesmo de costas eu podia sentir seus olhos em mim. Separo um vaso e coloco um pouco de água, ajeito as rosas ali e volto para abraçá-lo, ele já havia fechado a porta e continuava a me olhar.
    – Não tão lindas quanto você.– ele pega em minha mão, fazendo eu dar uma volta para que me olhe. Tudo com delicadeza e carinho, no fim ele me puxa pela cintura e cola nossos corpos, fitando meus olhos com calma e uma certa curiosidade. – Eu queria me desculpar pelo babaca que tenho sido ultimamente. Estou cheio de problemas, no trabalho, na minha família e eu mal estou parando em casa. Sei que posso estar ausente, mas... – ele aproxima seus lábios de meu ouvido – Eu amo você acima de tudo e quero mudar, ser melhor. – ele sussurra e eu fecho meus olhos, como se degustasse cada palavra. Meu coração travava e se apertava mais a cada palavra, mas eu tinha que se fria, ele teria que pagar pelo que me fez...
    – Obrigada – eu digo enquanto girava. Após ele fitar meus olhos e dizer as doces palavras que invadiram meus ouvidos e coração, eu encosto a testa em seu ombro, sentindo um arrepio percorrer toda a minha espinha. Quando ele colou nossos corpos eu havia sentido algo frio e duro em sua cintura, então quando me aproximei mais ao encostar a cabeça em seu ombro, pude sentir mais e até ver um leve brilho dourado.
    “Uma adaga... de ouro...”, eu penso comigo mesma. Ele tentaria acabar comigo ali?, eu me pergunto enquanto um sorriso psicótico surge em meus lábios. “Tentaria...”
    – Esta tudo bem. Eu fiquei de cabeça quente também, ando muito ocupada. Não fiz tudo da maneira mais certa também... – eu o olho.
    – Eu te entendo meu amor. Mas nunca mais faça isso comigo, eu fiquei preocupado e muito bravo. – ele suspira. – Porém não consigo ficar bravo contigo, então só fiquei preocupado mesmo. – ele dá um sorriso torto.
    – Bom, então já que nos acertamos... Vamos comer? Se não a comida vai esfriar. – ele concorda com a cabeça.
    Nos sentamos na mesa e começamos a comer, sirvo a taça dele e bebemos por mais ou menos uma meia hora, até que mando uma mensagem para Henri, avisando que poderia começar o plano. E assim ele faz, os dois entram pela saída de emergência e dopam Victor rapidamente, ele acaba não tendo tempo de reagir, o que facilita as coisas.
                             Δ
    – Me larguem! – ouço Victor gritar de dentro do galpão, Henri e Samuel já haviam o amarrado a uma cadeira e eu só estava esperando minha deixa. Henri aparece na porta e me olha.
    – Hora do show – ele agarra meu braço e começa a me puxar para dentro do galpão com força.
    – Me soltem, seus babacas – me debato fingindo não conseguir me soltar. – Victor?! – digo ao olhá-lo.
    – Soltem-na! Amor, eles te machucaram? Você está bem? – me solto e corro abraçá-lo, abaixando em sua frente.
    – Eu? Estou sim... Meus parabéns! – sussurro em seu ouvido e me levanto, ajeitando o vestido e sorrindo com maldade.
    – O que significa isso, Morgana? Você tá brincando comigo? Essa é mais uma de suas brincadeiras sem graça?! – suas palavras soavam confusas, o que me fazia rir e bater palmas.
    – Que belo teatro, Victor! – digo empolgada. – Olha, meus mais profundos e sinceros parabéns, caí direitinho...
    – D-do que você está falando, Morgana? – me olha ainda mais confuso, parecia que sua ficha não havia caído.
    – Ah, você não sabe, seu Anjo maldito. – me aproximo devagar.
    –V-você descobriu? – eu rio de suas palavras e o olho. – Morgana, eu realmente gosto de você. Mesmo você sendo um demônio, digo, uma Senhora do Tempoo, eu comecei a desenvolver sentimentos por você, pois eu te conheci, aprendi ate amar. Me perdoe. Eu quero ficar com você. Eu amo você! – meu coração se aperta com aquelas palavras, mas ao mesmo tempo, eu começo a lembrar de tudo o que ele havia feito, meus amigos mortos e o que ele iria fazer comigo hoje, então a frieza me domina novamente.
    – Pare com esse seu teatrinho Victor, eu já descobri tudo sobre você, e sei que está comigo apenas para me matar e ia fazer isso hoje. – tiro a adaga de sua cintura. – Ia fazer o que não conseguiu da ultima vez. Você nunca me amou de verdade. – o encaro de perto.
    – Eu... é... – a voz dele soava confusa, como se ele lutasse contra algo dentro de si. Os sentimentos. – Até que você não é tão burra quanto parece ser – seu comportamento muda repentinamente, seu lado Anjo havia ganhado e ele ri com deboche. – Quando descobriu? – ele arqueia uma sobrancelha. – Depois de quantas transas você descobriu? Em vadia? – ele inclina o corpo para frente até as cordas o segurarem, rindo da minha cara com deboche. Ao ouvir aquelas palavras, serro meus punhos e dou um soco em seu rosto, fazendo seu nariz sangrar, mas ele ri.
    – Vamos, colabore comigo. Só quero que me diga onde Isaac vive. – eu sento em seu colo e passo a mão por seu ombro, assim como a ponta da adaga em seu queixo – Mas assim, quanto mais você demorar, mais eu vou me divertir. Por que afinal, eu não tenho pressa para matar você, meu amor. – solto uma risada fraca e ele me encara enquanto me levanto de seu colo.
    – Você acha mesmo que vai conseguir tirar alguma informação de mim? – ele começa a rir – Essa eu quero só ver, vadia! – ele debocha.
    – Bom, eu pedi com carinho, poderia pedir novamente, mas... não – passo a adaga em seu rosto, fazendo um corte.
    – Vai pro inferno! – ele  morde o lábio, decorrente a dor.
    – Eu vou – um sorriso cresce em meus lábios – mas você vai junto! – continuo a fazer cortes nele – Onde o Isaac está? E Sophia?!
    – Não vou lhe falar, demônio!!! – ele tenta se soltar das cordas e cuspi em meus pés.
    – Porra?! Meus sapatos são novos! – digo fingindo ter me importado. Ajeito a barra do vestido e dou um chute na cara de Victor com o bico do salto. – Seja bonzinho vai – me aproximo e me abaixo em sua frente, segurando seu queixo para ele me olhar. – Conta pra Morganinha aqui, onde estão o Isaac e a Sophia.
    – NÃO! – urra com raiva. Me levanto e rio.
    – Bom, deixe-me ver. Vamos brincar de tribunal, bom você é Victor Hood, culpado de quinze assassinatos de Senhores do Tempo, roubo, sequestro... – continuo falando mais algumas coisas, quando termino, me aproximo dele e me abaixo. – Se o juiz fosse o Henri ou o Samuel, eles simplesmente te matariam, simples e rápido. Porém, não são eles, então eu vou ser bem maldosa. Brincaremos de tortura e adivinha quem é o torturado? Bingo!!! Você mesmo!! – sorrio maniacamente. Dou inicio a tortura fazendo cortes em seu corpo. Ele estava apenas de calça, mas mesmo assim eu cortava por cima dela, logo em seguida, jogo álcool devagar, por cima dos cortes. Ele urrava de dor e tentava escapar das cortas, o que acabava sendo em vão.
    Logo depois, pego um isqueiro e uma vela, a acendo e começo a pingar a cera no corpo de Victor, principalmente nas áreas mais sensíveis.
    – Está gostando? – sorrio e o olho.
    – Vai pro inferno, demônio!!! – ele diz urrando de dor. Continuo, agora pego um alicate e começo a arrancar suas unhas.
    – Isso é por cada Senhor do Tempo que matou!! – puxo unha por unha, dizendo o nome de cada amigo. Henri e Samuel me olhavam de longe assustados, mas não interrompiam e para mim, ouvir Vitor agonizar de dor, era incrível e eu continuava.
    – Voc-Você não sabe contar? Eu matei q-quinze e só tenho dez unhas nas mãos... – consegue falar entre gritos de dor e agonia.
    – Eu sei contar, porém para vingar a morte de Elias, Lola, Dylan, Melissa e Jamie, o castigo será maior! – me abaixo na sua frente, pego o isqueiro e começo a aquecer a lamina da adaga. – Eles eram minha família... meus amigos. Pessoas que amava...
    – Vocês, demônios, não têm sentimentos, não têm família... – ele já dizia com a voz fraca e falha, devido a perda de sangue, causada pelos cortes fundos e outros ferimentos. Me levanto ficando de pé em sua frente e me inclino.
    – Eu te amei, mas você me trouxe a morte, então boa viagem para o inferno... – sussurro em seu ouvido e cravo a lamina aquecida em seu coração, fazendo ele morrer imediatamente. Caio de joelhos, e Henri e Samuel vem me abraçar e me levantar.
     – Está tudo bem – Henri me abraça e tenta me confortar, mas era em vão, eles ficaram tão assustados com o jeito que agi e o que fiz, que tremiam.
                             Δ
    Depois de tudo aquilo, os meninos queimaram o corpo, deixaram o assassinato como se tivesse sido feito a mando da Igreja e eu fui pegar as coisas de Victor para analisar. Procurar pistas do paradeiro de Sophia e Isaac. Aquilo tinha sido apenas o começo do que estava por vir. O começo do fim...

~Me perdoem a demora para postar, ultimamente está difícil, ando com alguns problemas pessoais, mas na medida do possível estarei postando os capitulos

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