Capitulo Seis: Die Geschichte von Henri. - "A história de Henri."

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    Subimos para o apartamento e entramos. Os dois ficam em silêncio. Sento-me no sofá e fito o nada, enquanto mil e um pensamentos invadem minha mente. Henri se aproxima e se senta ao meu lado meio sem graça.
    – Desculpe pela grosseria hoje mais cedo, não foi a intenção – ele me olha e sorrio torto – Não sou um ogro como aparentei ser – ele passa a mão na nuca e da um sorriso sem graça.
    – Tá tudo bem. Estou acostumada com essas coisas – sorrio de volta
    – É serio M-morgana... – ele gagueja um pouco ainda me olhando – Me desculpe. Eu acabei ficando tão nervoso com a adrenalina, que não me toquei que você perdeu seu pai... Sua reação é normal, eu passei por isso no começo de minha descoberta também.
    – Se não for muito ruim lembrar ou algo do tipo, me conta sobre você, digo, como descobriu seus genes e tudo mais.
    – Bom, creio que, como você, tudo foi rápido e confuso de mais. – ele faz uma pausa – Bom, descobri esses meus genes com 16 anos. Eu estava no carro com meus pais, indo para casa – ele fecha os olhos... Lembrando – Estávamos voltando de uma viagem para a casa de alguns amigos de meus pais. Riamos e relembrávamos o fim de semana quando um clarão surgiu e vi que era um caminhão que havia vindo para nossa pista e bateu em nosso carro com tudo. – ele pausa novamente, respirando fundo e fitando seus pés. – Fui lançado pela janela do carro e, nesse momento, dormi.
    – Dormiu? Do nada? – digo intregada.
    – Não terminei... – ele da uma leve risada, me olha de relance e continua. – Acordei sentado no banco novamente com meus pais rindo e conversando no banco da frente.    Assustado, conto a eles o que havia acabado de acontecer e eles imediatamente param o carro num posto por um tempo. Eu fiquei mais confuso na hora, mas no fim, quando chegamos em nossa casa e descansei, eles me contaram sobre meus genes, descendência e tudo mais...– ele respira fundo – Foi basicamente isso, porém... eles não viveram muito mais que isso. Eles morreram a um ano, quando eu tinha dezenove anos.
    – Meu pai... morreu no dia que fiz dezoito. – Olho-o em silêncio. O som do tiro, o sangue, a risada de Isaac... tudo isso invadia minha mente, me causando certo medo, porem preferi não focar nesta questão agora. A história dele é parecida com a minha, mas em sua versão ele conseguiu salva-los. E eu pensava que uma simples viagem no tempo para a Segunda Guerra Mundial ou para a construção da Torre Eiffel era grande coisa, enquanto ele já salvou a vida dos pais... E de primeira! “Ele é incrível” penso comigo mesma, enquanto o olho fixamente, sem perceber. Ouço um bater de palmas e desperto de meus pensamentos, vejo que foi ele quem emitiu o som e desvio o olhar.
    – Onde eu vou dormir? – digo olhando para a mesinha de centro e desviando a atenção daqueles assuntos desagradáveis e dolorosos – Se quiser fico aqui no sofá mesmo, é bem confortável.
    – Pode ficar com a minha cama – ele ri e depois se levanta – Gosto de dormir aqui no sofá. Já estou acostumado até... Passo horas estudando depois da faculdade e pego no sono aqui mesmo. Pelo menos tenho a TV para mim.
    – Faz faculdade de que? – pergunto o olhando, ainda sentada.
    – Consegui passar em medicina, estou no segundo ano... – ele sorri orgulhoso.
    – Que legal, e... já sabe a especialização que fará?
    – Quero ser legista.
    – Isso sim é foda... – rio e me levanto. – Bom, eu vou tomar um banho se não se incomodar. Licença. – me levanto e caminho para o quarto, pego algumas coisas que Rose me trouxe e vou para o banho. Tempos depois eu saio e vejo Henri na sala, quando ele me percebe ele se vira para mim com um pequeno sorriso nos lábios.
    – Se conseguirmos, amanhã vamos para a central... Você precisa treinar.
    – Vai ser interessante... – sorrio para ele.
    – Temos o melhor treino que existe. – ele ri. – Então, boa noite... Morgana.
    – Boa noite, Henri. 
Vamos para seus respectivos cantos e dormimos. Quando acordo na manhã do dia seguinte, vou direto para o banheiro e me lavo, troco de roupa e saio indo para a cozinha, onde Henri estava fazendo o que parecia ser panquecas.
    – Bom dia, Henri. – me sento em uma das mesas do balcão.
   – Bom dia, Morgana. – ele me olha de relance por cima do ombro. – As panquecas logo ficarão prontas. – um tempo depois ele coloca um prato em minha frente com as panquecas, em seguida joga um pouco de calda e me entrega um garfo. – Bom apetite.
    Ele se serve e nós comemos tranquilamente, sem dirigir nenhuma palavra ao outro. Quando terminamos de comer eu me levanto e vou lavar a louça que sujei, mas Henri impede.
    – Vai se trocar e ajeitar suas coisas para irmos para a Central, eu lavo as coisas aqui.
    – Certeza? – o olho segurando o garfo.
    – Pode deixar, baixinha – ele ri e eu dou um soquinho no braço dele, indo para o quarto. Termino de arrumar minhas coisas e vou para a sala, Henri passa por mim e vai para o quarto, se troca e tempos depois vamos para a central. Entramos no carro dele e saímos para as ruas movimentadas de Londres, ficávamos alertas a todo momento, não queríamos ter encontros desagradáveis com algum Anjo, e era para isso que nos atentávamos.
    – Acho que Bennet ficará feliz em vê-la, com todos os acontecimentos não consegui avisá-lo de que estava bem, que eu tinha te salvo... – ele sorri olhando para a rua enquanto dirigia. Meia hora depois chegamos a central e eu logo entro, indo atras do tio Ben.
    – MORGANA! – Bennet diz exaltado ao me ver, corre em minha direção e me abraça apertado.
    – Tio Ben... – me aconchego ali naquele abraço e me sinto segura.
    – Eles te machucaram? Você está bem? – ele se afasta e me analisa de cima a baixo.
    – Estou, estou “bem” – faço aspas com as mãos – Henri me ajudou, me tirou de lá antes que a bala pudesse me atingir.
    – Me desculpe não ter contatado o Senhor... – Henri diz atrás de mim – Não achei seguro contatar alguém naquela situação.
    – Entendo e... agradeço por salvar a vida de minha sobrinha... – Ben aperta o abraço novamente. – Eu estava com medo de ter perdido você também querida... – ele sussurra enquanto me abraçava.
    – Eu também tive medo, tio. Muito medo. – sussurro de volta e me afasto um pouco. Fomos para a sala de reuniões conversar sobre alguns assuntos e decidir como tudo ficaria dali em diante, o que não foi uma tarefa muito fácil de se fazer e demorou horas para entrarmos em um consentimento.
    – Morgana pode ficar mais alguns dias em meu apartamento até conseguir fazer uma transferência para uma conta aqui em Londres e pegar um apartamento.
    – Por mim tudo bem.
    – Eu vou conferir tudo em relação a conta e a transferência. Temos que nos certificar que não corremos nenhum risco. É muito importante que os Anjos não descubram sua localização... – o clima volta a ficar tenso.
    – Creio que ela poderia fazer uma viagem como treino e para esvaziar a mente também. Não é mesmo senhor? – Henri diz tentando mudar de assunto.
    – Creio... Creio que sim. O que acha, Morgana? – ele me olha calmamente.
    – Eu gostaria muito, tio.
    – Bom, então vamos lá... – ele sorri me encorajando e caminhando em direção ao elevador. O seguimos em silêncio, ajeito minha mochila nas costas e olho tudo em volta.
    – Calma. – Henri sussurra para mim quando estávamos no elevador. Subimos para o andar de treinamento e descemos do elevador, caminhamos pelo corredor de salas e paramos em uma no fim, olho Henri e depois para o tio Ben, os dois sorriam levemente. – Ficaremos uma noite fora, – ele olha Bennet – Voltaremos de manhã.
    – Não vejo problema algum, com tanto que tomem cuidado.
    – Pode deixar, senhor.
    Abraço tio Ben uma ultima vez e entro na sala com Henri, eu usava uma calça jeans com uma regata preta mais solta e um coturno preto. Henri estava com uma calça jeans também e uma blusa preta, que marcava um pouco os músculos do abdômen e do braço, além de mostrar um pouco de sua tatuagem. Ficamos um de frente para o outro e ele me olha.
     – Você sabe como fazer, segure minhas mãos e pense em uma data e local. – não dizia a ele a data, pois tinha de aprender a controlar melhor meus poderes de viajem dupla, que é quando o Senhor do Tempo em questão teleporta alguma pessoa ou objetos a mais junto a si.
    O olho nos olhos por um momento, um azul e outro castanho... “Belos olhos”, penso e seguro suas duas mãos, aproximando nossos corpos a ponto de sentir sua respiração em minha testa. Fecho meus olhos e me concentro. O ar muda exatos sessenta segundos após fecharmos nossos olhos.
    

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