Parecia o fim do mundo quando meus pais anunciaram que estávamos nos mudando para um lugar tão longe quanto o Brooklyn. Nada contra, de verdade, mas porra! Não tinha um lugar mais perto, não?! De preferência no país onde eu cresci. Na cidade onde cresci. Na casa onde cresci. Por que precisávamos nos mudar mesmo?
Quando fiquei sabendo que meu primo vivia lá e moraríamos na mesma vizinhança, não foi lá de grande ajuda. Claro, Jake e eu éramos bem próximos quando crianças e nos divertíamos bastante juntos, mas isso há sete anos atrás, no mínimo. Não fazia ideia nem de como ele se parecia, então resolvi perguntar a Tyler na nossa última tarde vagando por Sydney.
Em algumas horas, consegui ficar a par de praticamente toda a merda que já aconteceu e ainda acontece naquela escola a tantos quilômetros de distância. Descobri que meu querido primo faz parte do maldito grupinho dos populares, o que era bem vergonhoso mesmo que pudesse ser bastante útil. Serei legal com ele, principalmente agora que já conhecia seu rosto e os rostos de seus três amiguinhos.
- Esse Alex Clifford? O pior deles. Toca o terror mesmo. Adora dizer que não é muito bom com flertes, e usa isso como um. Aliás, uma ótima estratégia, e eu adotaria com certeza se já não tivesse certa fama por aqui. Talvez devesse ir contigo...
- Direto ao ponto, Johnson, direto ao ponto. - ri com seus devaneios sobre pegar ainda mais garotas que o habitual.
- Sim, claro. - ele balançou a cabeça, como se estivesse afastando os pensamentos, e bebeu um gole da garrafa de cerveja. - Há estatísticas reais de que ele já pegou aproximadamente 85% das garotas do bairro. Os outros 15% sendo composto por gordas, feias... coisas do gênero. Nada que você não saiba lidar. - brindamos, e eu voltei a rir.
- E esse Wesley aí? Bem gato, não vou negar. Pegaria fácil. - bebi um gole da minha, e depois encontrei Tyler me encarando com uma sobrancelha erguida. Sabia o que aquilo significava. - O que foi? Deus, relaxa. Pegaria qualquer um dos três, isso é fato, mas não quer dizer que vou. - complementei, e comecei a brincar com o cigarro entre meus dedos antes de levá-lo aos lábios mais uma vez.
- Ashley, por favor, não estrague tudo. Promete. - ele me encarou.
- Tá, eu prometo. - respondi. E cruzei os dedos, porque ele sabe bem que não prometo nada e só continua fazendo isso pra se sentir mais "satisfeito", ou coisa do tipo.
- Então vamos lá. Wesley Mosby...
Foi uma longa e boa tarde.
☆☆☆
Flertar com um grupo de amigos inteiro ao mesmo tempo e acabar não pegando nenhum deles é um dos meus hobbies, confesso. Era bom fazê-lo novamente, visto que na minha antiga cidade quase todos já sabiam o que eu fazia.
Ao fim do primeiro dia de aula, analisei as opções naquele lugar esquisito. Jogadores de futebol. Banda da escola. Idiotas aleatórios metidos a drogados. Matletas. Geeks zoados por cada estudante da vizinhança - e da escola rival, de certo. Aspirantes a rappers. Ladrões. Os realmente drogados. Não tinha as melhores opções. Cadê os malditos Tylers desse inferno?, pensei. Tyler era um completo babaca, reconheço, e é exatamente por isso que nos tornamos tão amigos mesmo na adolescência, depois de alguns anos sem muito contato. Algumas noites em banheiros de boates podem resultar em uma amizade perfeita. "Colorida com álcool", como gostávamos de chamar, já que só rolava se estivéssemos bêbados. Um pouco mais que o normal.
Pelo que pude perceber dos famigerados amigos do meu priminho, eles são os melhores candidatos até agora. E foi exatamente quando pensei nisso que decidi que era hora de ligar para o Johnson, porque a última coisa de que preciso agora é um problema que vai se alastrar por toda a escola. Me poupe, se poupe, nos poupe. Foco, Ashley, foco.
"Babygirl..." ouvi a voz arrastada de Tyler do outro lado. Estava bêbado, e eu apenas ri. Em Bedford-Stuyvesant eram cinco horas da tarde, mas lá eram nove horas da manhã do dia seguinte. Quando ele se sentia mal, bebia feito o doido varrido que era. "Você deveria estar aqui agora."
"Ah, é? Sei bem o porquê." ri, me afastando das pessoas que começavam a aparecer na entrada da escola. "Desculpa, mas não tem mais amizade colorida com álcool. Não a 16 horas de diferença, meu amor." ouvi-o rindo do outro lado. Estranhamente, senti falta daquilo.
"Não acabou, não. Só... só estamos em um intervalo. Dando um tempo. E nada de outras amizades assim, ou eu arranco as bolas do fulano."
"Você não parece mais tão bêbado agora." disse, percebendo a mudança em sua postura ao dizer a anterior frase.
"Bêbado eu estou, mas não tanto quanto o normal. É só segunda, Ashy." pude imaginá-lo sorrindo ao dizer aquilo. Deus, ajude-me, o que diabos está havendo comigo aqui?! "Mas diga, por que me chamas?"
"Eu vou morrer aqui, Ty. Talvez não seja uma ideia tão horrível assim você vir pra cá. Não tem ninguém pra ser meu fuck buddy nesse lugar, pelo amor de Deus. Isso é um absurdo! Não sei lidar com isso, só tem aqueles metidos a babaca que adoram exibir a jaqueta do time da escola, se é que isso significa alguma coisa."
"Olha, pra fuck buddy tem candidato sim, sejamos honestos aqui."
"Não vou foder os amigos de Jake!" disse um pouco alto, e olhei ao redor pra me certificar de que ninguém ouvira.
"Ah, para. Aquele Alex parece ser uma boa, vai dizer que não? E é só uma maneira de passar o tempo, Ashy..."
"Enfia esse apelido no cu. E não, Wesley e Sam estão totalmente fora de cogitação, logo..."
"Então!"
"Deixa eu falar, merda." comecei a sair da escola, ainda tomando cuidado para não ser ouvida. Primeiro dia, não pega bem avaliar os caras assim. Mesmo que eu não desse a mínima. "Logo, não vou ficar com Alex sabendo que isso pode dar merda e resultar em briga. Acho que às vezes você esquece que não sou como você nessas situações, Tyler."
"Bem, você já sabe o que eu penso. Ataca. Agora, como está indo..." e a conversa continuou por mais meia hora.
Tyler só podia estar maluco se pensava que eu faria mesmo algo assim. Eles já estavam claramente disputando, não ia de fato escolher um. É só diversão.
Eu não vou ficar com Alex, de jeito nenhum.
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Olá!
Mais um capítulo escrito de madrugada, não vou negar. Por enquanto eu só quero que vocês tenham alguma noção de como são os personagens e tal, e mais tarde eu solto a merda dhssjds espero que estejam gostando ~mesmo que só tenha dois capítulos~ e, por favor, votem e comentem sua opinião aí. Obrigada, de nada.
Xx Marcy
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Hurricane • PROJETO BADLANDS •
RastgeleAshley, revoltada com tudo e todos à sua maneira, é forçada a se mudar da cidade onde nascera e crescera, na Austrália, para o Brooklyn, com 16 horas de diferença. Tinha tudo pra ser um desastre. De certa forma, foi. Mas tudo acaba tendo um lado bom...