Tennzin praticamente não parou para descansar desde que saíra de Woodvile. Faziam-se agora 2 semanas desde que tinha deixado a aldeia. Estava em território desconhecido. Ten havia decidido contornar as terras selvagens através de um pequeno bosque na fronteira, ligeiramente mais seguro. Aquela não era a primeira viagem agreste que fazia, estava habituado a deslocar-se em terras desconhecidas e adversas. Durante o período em que trabalhara como mercenário, havia feito muitos ataques furtivos a viajantes em estradas perigosas. E, devido às suas obsessivas perseguições de orcs errantes, ele sabia até como se proteger de ataques furtivos em terreno aberto. Mas, naquele momento, Ten estava numa situação precária, apesar das precauções que tomara, estava a ser seguido. Começou a pensar que poderia estar a ser perseguido por um Mestre Assassino, ordem de criminosos e mercenários de elite à qual ele próprio tinha pertencido e abandonado após 4 longos anos, nos quais aprendeu a sobreviver e a lutar melhor do que qualquer um. Questionava-se sobre o que poderia ter feito para perturbar um dos seus antigos companheiros, mas, por outro lado, começava a pensar que o seu perseguidor podia ser algo pior ainda do que um Mestre Assassino.
O ser que o seguia era demasiado ligeiro para ser um orc,mas era capaz de acompanhar o ritmo de Tennzin, logo também não poderia ser um homem. Ten fingiu parar para descansar. Montou um falso acampamento, de modo a atrair o seu perseguidor, e perceber de quem se tratava. Poucos minutos depois, um ser saltou de uma das árvores, apenas para cair num acampamento vazio. Quando Tennzin saiu do seu esconderijo, pronto para atacar o seu oponente, deparou-se com um ser deveras inesperado. Era um elfo da floresta encantada, diferente dos elfos do oeste com que tinha convivido, os elfos da floresta encantada tinham cabelo escuro e eram muito mais ágeis e habilidosos. Ten desembainhou a sua nova espada e, aproveitando o elemento surpresa, começou a investir contra o elfo. Pelo lado positivo, Tennzin percebeu pela cara do oponente que este não esperava ser detetado. Rapidamente o elfo recuperou das investidas e conseguiu estabilizar a sua posição de combate. O elfo era especialmente bom a refletir e mudar a trajetória dos ataques de Ten. Ele utilizava duas adagas com comprimento perto dos 30 a 40 centímetros, tão afiadas que podiam cortar até os pelos de um pêssego sem tocar na casca. A luta estava a demorar demasiado, Tennzin sabia que ficaria cansado antes do seu oponente.
Os dois eram rivais em velocidade, Ten superava o elfo ligeiramente em força. Trocaram vários golpes durante uns minutos. À medida que o tempo passava, o elfo ía-se adaptando aos ataques de Tennzin, estes começavam a perder o efeito. Ao contrário do elfo, que lutava como um génio tático, analisando todos os golpes do adversário e, rapidamente, utilizando o melhor contra-ataque, Ten servia-se da raiva para lutar melhor em confronto aberto. A força que lhe era proporcionada pela adrenalina era a única coisa que impedia o elfo de efetuar um golpe fatal, já que a sua posição estava constantemente a ser destabilizada pela potência dos golpes do Ellianor. Durante aqueles 8 anos, Tennzin perseguira e chacinara muitos orcs errantes. Atacava os seus acampamentos e matava todos sem piedade, apenas por pela pura raiva da vingança. Lidando, várias vezes, com grupos de mais de 20 orcs, Ten era frequentemente obrigado a lutar abertamente, em vez de utilizar o seu habitual assassinato silencioso. Mas, agora, a sua raiva causava outro efeito para além da adrenalina. Ele reparou que a sua nova espada avermelhou, estava quase em chamas, e movia-se com uma extrema facilidade, era claramente resultado dos encantamentos. Contra uma espada longa normal, o estilo defensivo e de resistência do elfo teria levado vantagem. Mas, contra aquela espada veloz, o mesmo não se podia dizer.
O elfo não tinha capacidade para desviar nem travar as investidas potentes daquela espada, então parou de lutar e, tentando acalmar o seu oponente perguntou:
-Como tens uma espada dessas, caminhante?
-Foi-me oferecida, pela mesma pessoa que me enviou aqui. Por acaso não me estarás a seguir para me roubares o que procuro?- Perguntou Tennzin, não revelando o nome do objeto que procurava.
- Não, caminhante, eu estava a perseguir um contrabandista, sou um mercenário, e pelos vistos não fazes parte do seu grupo.- Respondeu o elfo.
-Não sou contrabandista nenhum!
Deverias ter mais atenção antes de atacar os viajantes. Pondo isso de lado, qual é o teu nome, elfo?- Perguntou Ten.
-O meu nome é Farendal. Ao contrário dos elfos comuns, eu sou um aventureiro. Há muito que deixei a minha casa e vivo a ganhar dinheiro e a lutar por diversão. E tu és um ótimo lutador. Estarás interessado em juntar-te a mim na minha perseguição? Poderás ganhar algum dinheiro extra se me ajudares.- Perguntou o elfo.
-Acho que vou aceitar a tua proposta, Farendal. Dinheiro nunca é demasiado.
Acredito que te posso ajudar a encontrar o tal contrabandista, vi o bando dele há pouco a desviar-se da estrada principal para um caminho mais remoto, deve ter sido lá que o perdeste. Já agora, sou Tennzin, filho de Dennzin.- Respondeu Ten, com um leve tom de arrogância.
Tennzin não estava preocupado com a missão do elfo. Mas ele não tinha uma ideia certa sobre a localização da Esfera e, com um pouco de sorte, o contrabandista poderia até saber alguma coisa...
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Sharyna, a Esfera Prateada
RandomLê o livro se quiseres saber a história, sai já da descrição!