Eu sabia que esse era um dos sonhos da Elena.
Quando criança, seus pais haviam colocado diversos limites que a impossibilitava de ir atrás de alguns desejos. E Elena era uma mulher de desejos.
Ela estava com alguns problemas no trabalho. Muita sobrecarga para o posicionamento de chefia que ela havia conquistado.
Todos os dias via a minha mulher chegar em casa cansada, tomar um banho e dormir no sofá enquanto eu terminava de preparar o jantar.
Veja bem, fazia quatro meses que eu estava longe dos treinos, longe dos campos. Não fazia sentido que eu deixasse tudo para ela, uma vez que passava boa parte do dia em casa.
Maldita pancada no tornozelo na final das Olimpíadas.
Em um desses dias dos quais a rotina se repetia, ela me mostrou um vídeo de um labrador. Elena sempre foi apaixonada por cachorros, apear de nunca ter tido um.
- Schatz, olha que coisa mais fofa!
Me aproximei ainda com a colher de pau na mão. Ela se debruçou sobre a bancada que separava a cozinha da copa, e eu pude ver um vídeo no qual uma garotinha de uns 5 nos ganhava um filhote de labrador.
Ele era uma bolinha de pelos amarelos, e a menina chorava e ria ao mesmo tempo. Aquele tipo de felicidade que apenas uma criança poderia sentir. Algo inocente, genuíno, sem medo algum.
Os olhos de Elena se encheram de lágrimas, e um leve sorriso surgiu no seus lábios.
Naquele momento que tive certeza do que deveria fazer, mesmo que isso fosse mudar toda a nossa rotina.
Na terça de manhã Elena saiu de casa seguindo a rotina de todos os dias. Tomou seu banho, o yogourt, pegou as chaves do carro e foi trabalhar.
Mas ela não percebeu que, diferente dos outros dias, eu já havia acordado. Fiquei deitado na cama rezando para que ela não percebesse que estava acordado.
Quando sabia que já era seguro me levantar, fui até a cozinha fazer o meu café. O típico café amargo para acordar e dar energias para o dia.
Iria pegar estrada sozinho, e apesar de já estar acostumado com os 62 quilômetros entre Dortmund e Leverkusen, dirigir não era uma coisa que me agradava.
Coloquei um CD do Boys Avenue no som do carro e fui me distraindo com as músicas.
Havia ligado para o Lars alguns dias antes e pedido para ele conferir se o lugar ainda existia.
Existia.
E estava sem saber se seria uma nostalgia ou a decisão sobre um futuro. Talvez as duas coisas.
Busquei meu irmão em sua casa, afinal ele quem tinha o contato do rapaz que havia assumido o lugar da mãe no estabelecimento.
- Você tem certeza que vai fazer isso Sven? - Era a milésima vez que ele me perguntava isso. - A Elena realmente não sabe? Cara, isso não é uma decisão para você tomar sozinho.
- Te dou certeza que ela vai adorar.
- Espero que você esteja certo.
O lugar era exatamente como eu me lembrava. O portão de grades vermelhas, a campainha quebrada e o cheiro de várias substâncias misturadas.
Lars olhou para mim ainda questionando a minha decisão. E eu o entendia. Se fosse qualquer outra pessoa eu também estaria questionando. Mas éramos eu e Elena. Aquele era um passo que nós deveríamos tomar.

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Meine | Sven Bender
FanfictionElena Wolf não queria ir para o aniversário de um colega de trabalho. Sven Bender odiava baladas, mas foi arrastado naquele pós jogo especial. Três anos depois eles dividem uma vida, um apartamento e um sentimento que parecia crescer a cada dia mai...