Peguei uma carona com Joana naquele primeiro dia de aula. Eu disse que ligaria para o meu pai, mas ela insistiu que não teria problema em me levar em casa. Quando chegamos, ele já estava de saída, provavelmente para me buscar.
Vi em seus olhos a estranheza que as lentes roxas de Jo causavam, mas ele acabou convidando-a para entrar. Nos prometeu um chocolate quente e nós duas subimos para o meu quarto.
Jo começou a me contar sobre meus novos colegas, fazendo uma listinha de garotos gatos, onde Austin Davis ficava no topo. Eu não sabia quem era Austin, mas Jo parecia saber até quantos fios de cabelo o cara tinha. Tentei demonstrar interesse quando ela começou a falar sobre Hunter, irmão gêmeo de Austin, mas senti um frio na barriga quando ela mencionou o senhor-errado, Brud Kingston.
Segundo ela, Brud era problema garantido. Já tinha sido preso junto a seus dois amigos, Colton e Samuel, incontáveis vezes e por motivos diferentes. Faz parte do time oficial de rugby e as garotas em geral se amarram nele. Não passa mais de uma semana em um trabalho, mas sempre que quer um, consegue.
- Na verdade – disse ela – Ele ganha muito dinheiro com rachas.
Ela só não havia comentado uma coisa.
- E ele tem... namorada? Digo...
Jo cerrou os olhos, abrindo um sorriso maléfico.
- Você gostou dele!
- Claro que não. Só perguntei por que fiquei curiosa...
- Sei!
- Por que eu me interessaria por um cara como ele, aliás? – pus os punhos fechados na cintura.
- Porque ele é gato.
- Ele não é tão bonito...
Ela me encarou como quem quer arrancar alguma informação.
- Tá legal... Ele é bonito. Satisfeita?
- Satisfeita. E a resposta é não. Ele nunca fica com a mesma pessoa por muito tempo.
- Isso é por que ele é arrogante.
- E que garota não se amarra em um cara arrogante, forte e alto? – disse rindo.
- Nem todas! – ri junto.
E então Jo ficou séria.
- Ele está passando por uma barra. Deve estar sendo dureza não ter mais nenhum dos pais.
- O que aconteceu com o pai dele?
- Foi morto antes que ele nascesse.
- Chocolate quente, garotas – meu pai anunciou, do outro lado da porta.
- Pode entrar, pai – falei, ainda sentindo um terrível mal-estar por Brud.
Joana foi embora, mas antes me convenceu a sairmos no fim de semana. Ela me mostraria a cidade, e logo depois iriamos encontrar Austin em algum lugar.
Quando fechei a porta e me vi sozinha, me joguei na minha cama pensando sobre tudo o que havia acontecido nas últimas horas. Era como se, de repente, eu houvesse sido imersa na vida de outra pessoa. Amigos de outra pessoa, escola de outra pessoa, pensamentos de outra pessoa.
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Doce Dezembro - Os Mascarados Livro I
Mystery / ThrillerApós dez anos de uma chacina brutal, os mascarados voltaram a atacar, liquidando suas vítimas até sob a luz do dia. Ally Campbell se vê obrigada a acompanhar seu pai, um renomado policial, de volta à cidade na qual sua mãe foi morta, vítima da chaci...