Os irmãos Davis estavam perto de uma pista de Just Dance, do outro lado do salão. Austin foi o primeiro a perceber nossa chegada. Eu só havia falado com ele uma ou duas vezes, mas ele sempre estava com um largo sorriso no rosto. Deixou o irmão concentrado em assistir duas garotas dançando, veio ao nosso encontro e abraçou Jo antes de falar comigo.
- Espero que curta esse tipo de festa – disse ele, sorrindo. – O lugar está cheio!
Seu cabelo castanho-claro bagunçado caia levemente sobre a testa e seu rosto quase não tinha indícios de barba. Austin tinha um corpo atlético, mas nada muito exagerado.
- Na verdade...
- Na verdade não podemos ficar... – interrompeu Jo. – Tivemos um imprevisto.
Hunter surgiu às costas de Austin, com um sorriso meio de lado. Os dois eram gêmeos, mas os cabelos de Hunter eram escuros como a noite, e estavam bem arrumados num topete. Seu rosto também era mais angular, enquanto o de Austin era mais suave.
- Hunter, acho que se lembra da Ally – disse Austin. – A garota nova.
- Claro, a novata.
Minha intenção era apertar sua mão, mas ele me puxou, dando um beijo na minha bochecha.
- É um prazer – disse, antes de se afastar e deixar pra trás um perfume extremamente forte.
Eu deveria dizer o prazer é todo meu, mas tudo que fiz foi sorrir.
- Você falou sobre um imprevisto? – perguntou Austin.
- É, tenho que levar Ally embora – respondeu Jo. – Só viemos avisar.
- Mas vocês vêm organizando essa festa há meses. E Drika está maluca procurando por você.
- Olha, tudo bem mesmo – toquei o braço de Jo. – Fique... eu pego um táxi pra casa.
- Não, eu trouxe você, Ally. E nem perguntei se queria vir.
- O que houve, afinal? – Hunter bebericou sua bebida.
Olhei para Jo, meio envergonhada.
- Nada... eu estava me sentindo mal, mas já estou ok. Vou ficar um pouco, e depois eu pego um táxi para casa – dei ênfase à última frase.
- Tem certeza?
Assenti pra ela.
- Vamos fazer essa festa tremer – disse Hunter, agarrando minha mão e me puxando.
Meio sem graça, o acompanhei à pista de dança.
- Vamos pegar alguma coisa pra beber – Austin gritou por cima da multidão.
- Você tem certeza de que está bem? – Hunter falou ao meu ouvido, enquanto começávamos uma dança solta.
- Era só uma sensação ruim.
- Entendi. E o que está achando de Grace?
- As pessoas aqui são incríveis, e a cidade é... ótima – foi a palavra que achei.
A música alta fazia com que as vozes chegassem distorcidas até meus ouvidos. Dançamos ao som de uma batida eletrônica, sendo empurrados vez ou outra pelas pessoas ao redor. Foi aí que a música cacofônica deu lugar a um clássico de Rock que eu conhecia de algum lugar.
Quase pude adivinhar a pergunta que Hunter me faria.
- Você quer dançar?
Não tive tempo de responder. Ele puxou minha cintura, colando nossos corpos. Meio contrariada, pousei as mãos em seus ombros, o deixando me guiar. Uma plantinha de culpa crescia no meu peito. O que meu pai diria se me visse agora? Dançando no lugar em que minha mãe morreu! Olhei para o teto, como se alguém lá em cima pudesse me salvar.
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Doce Dezembro - Os Mascarados Livro I
Misterio / SuspensoApós dez anos de uma chacina brutal, os mascarados voltaram a atacar, liquidando suas vítimas até sob a luz do dia. Ally Campbell se vê obrigada a acompanhar seu pai, um renomado policial, de volta à cidade na qual sua mãe foi morta, vítima da chaci...