Capítulo Sete

3.5K 336 52
                                    

Quando a aula de história acabou, eu tinha uma pilha de deveres de casa. O professor resolveu compensar os vinte minutos perdidos com um trabalho gigantesco. Reuni meu material de cima da mesa e joguei tudo dentro da mochila.

Quase todos os alunos já haviam saído da sala quando Brud se levantou e se pôs à minha frente.

- Boa sorte.

Levantei os olhos para ele. E ali estava. O maldito sorriso meio de lado que parecia me hipnotizar sempre que aparecia. Naquele dia Brud vestia um casaco vermelho de rugby com as palavras "Lobos Negros" escritas no peito esquerdo, e uma camiseta branca por baixo.

Tentei ignorar seu corpo e voltei a me concentrar nos livros.

- Boa sorte por quê?

Ele deu de ombros.

- Não que precise. Estou apostando em você – disse, ignorando minha pergunta e atravessando a porta, me deixando só.

Minutos depois consegui entender por que Brud me desejou boa sorte.

Passei no meu armário para deixar ali os livros que eu não precisaria durante a minha noite de estudos. Minhas tarefas ficariam jogadas pelo chão enquanto eu tentaria fazer tudo de uma vez.

Fechei a porta com um baque e dei de cara com Caroline. Ela estava encostada no armário vizinho, lixando tranquilamente as unhas. Os fios macios da franja caindo sobre sua pálpebra. De perto sua saia parecia ainda mais curta, feita para provocar.

E eu sabia muito bem quem ela queria provocar.

- De qual garotinha do jardim de infância você roubou essa roupa?

- Há-há! Que engraçado! – ela estourou uma bola de chiclete entre os lábios. – É melhor me escutar antes que eu me arrependa de te contar e você fique sem saber.

Me encostei no meu armário, com um sorriso forçado.

Eu não sabia por que agia assim com ela, já que na maioria das vezes eu deixava as grosserias dos outros para lá. Eu só queria provoca-la. Queria deixa-la brava. Mesmo sem um motivo plausível.

- Vamos lá. Sou toda-ouvidos.

- Você foi uma das cinco convocadas para fazer o teste. Vai acontecer hoje à noite, às sete. No gramado principal.

- O teste de líderes de torcida?

- Não, boba! O teste para substituir o grandalhão do Liu no time de rugby – ela apontou para a cabeça com a lixa. – Você é retardada?

- Não me candidatei – falei séria.

- Isso não é problema meu.

- E se eu não quiser ir, Carolina?

- Seria perfeito. Você não quer ir. Eu não quero que você vá – ela parou durante um instante. – E é Caroline.

Cerrei os olhos. A última coisa que eu queria no mundo era agradá-la. Ela não queria que eu fosse então era pra lá que eu ia.

- Huum... acabei de mudar de ideia... apareço por lá – bati de leve com a mão em seu ombro. – Obrigada pela oportunidade, Carolina.

Virei e comecei a andar, decidida. Me senti um pouco culpada pela hostilidade, mas repeti na minha cabeça que eu não precisava de um motivo pra fazer aquilo. Algumas pessoas simplesmente não gostam de outras.

Ver Caroline com Brud não havia provocado aquilo. Não, mesmo.

- É Caroline! – sua voz ecoou irritadiça.

Doce Dezembro - Os Mascarados Livro IOnde histórias criam vida. Descubra agora