Capítulo Oito

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continuando...

Colton estava sendo carregado por Brud e Samuel. Mesmo de longe percebi que ele tinha ingerido mais bebida do que uma pessoa devia ingerir em cem anos. Sua cabeça pendia para baixo e seus braços estavam envoltos nos pescoços dos amigos.

Levantei em um salto. Andei decidida até eles e os encontrei no pé da escada.

- Vocês estão malucos? Não ouviram o que o diretor disse? "Sem bebida alcóolica".

Colton levantou os olhos bambos para mim, tentando se desvencilhar dos amigos pra chegar até mim. Tentei prender a respiração para não sentir seu bafo de bebida.

- Quem é que liga pra o que aquele idiota diz? – disse Brud, puxando o amigo de volta.

- Ele só sabe falar mesmo – riu Samuel, ajudando Brud e manter Colton de pé. Ele era extremamente alto e forte. Sua pele escura contrastava com a camisa branca de algodão.

Samuel possuía uma face séria e dura, mas de alguma forma ele parecia muito mais agradável do que os outros dois.

- Vocês podem trazer problemas para o time – argumentei.

Brud sorriu.

- Tá aí uma palavra que eu ouço todos os dias. Problema.

Os encarei perplexa. Não que eu me importasse com o que os três faziam, mas Brud ainda me deixava atônita com sua capacidade de ser um babaca.

Porém, eu agradecia pela companhia deles. Bêbados ou não. Era melhor do que ficar sozinha por ali. Eu sabia que acusa-los de transgredir às regras não era a melhor forma de pedir uma carona, mas...

Colton, com a voz embargada, perguntou para mim:

- Quem é você, mesmo?

- Já chega... Vamos, antes que eu abandone você aqui.

Ele riu, com dificuldade em fixar Samuel.

- Ah, você não faria isso.

- Faria. Pode apostar – respondeu.

Samuel me lançou um olhar de desculpas, carregando Colton para longe. Observei enquanto ele abria uma picape vermelha e jogava o amigo no banco de passageiro. Quase gritei "pode me dar uma carona?", mas minha visão periférica captou algo, e eu virei para Brud, que me encarava com a cabeça um pouco inclinada, de braços cruzados.

- Você devia se vestir mais vezes assim.

- Me visto assim sempre – menti.

Ele me examinou de outro ângulo.

- Na verdade... Você devia se vestir mais vezes assim para mim. Ou não se vestir para mim... E para ser sincero eu prefiro a segunda opção.

- Você é terrível – revirei os olhos, sem conseguir evitar de corar.

Ele riu baixo, me encarando através de um olhar fixo.

- Você não sabe o quão terrível posso ser.

- E pretendo não descobrir.

Ele assentiu devagar.

- Então, acho que não seremos amigos, afinal.

Forcei uma risada. Brud parecia estar refletindo seriamente sobre nossa amizade tragicamente impossível.

- É melhor assim, mesmo – ele concluiu. – Não beijo meus amigos, e é exatamente isso que quero fazer com você agora.

Senti meu rosto arder. Por que ele estava fazendo aquilo? Era algum tipo de brincadeira ou o álcool queimou todos os neurônios dele?

Doce Dezembro - Os Mascarados Livro IOnde histórias criam vida. Descubra agora