Capítulo Dez

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Continuando...

A surpresa abandonou o rosto do garoto e em seus lábios surgiu um sorriso malicioso.

- Olha só o que temos aqui.

Me virei para encará-lo. Ele era exagerado em todas as formas. O tamanho, as tatuagens, os piercings, os músculos, o sorriso.

- Me desculpe. Eu achei que esse era o banheiro feminino – dei alguns passos para o lado e ele me acompanhou, avançando em minha direção.

- Por que a presa?

- Meu namorado está me esperando lá fora.

Ele riu. Um sorriso detestável.

- E ele não te avisou que esse era o banheiro masculino?

Eu precisava sair logo dali.

- Desculpe. Estão me esperando....

- Então vão te esperar mais um pouco.

O ruivo puxou meu braço com força, me fazendo escorregar. Ele segurou meu corpo, me impedindo de cair no chão e me empurrou contra a parede. Bati a têmpora com força e senti a respiração do garoto em minha orelha enquanto ele prendia meus pulsos para trás.

- Não vai demorar muito.

- Me solta! – meu grito ecoou por todo o banheiro, mas ninguém me ouviria. Lá fora a música estava alta, e o banheiro, vazio.

Me debati enquanto sua mão percorria meu corpo. Eu queria que ele me deixasse ir. Aquilo não podia estar acontecendo comigo!

Senti seu hálito quente e húmido na minha orelha, enquanto ele mordiscava aquela região. Ele disse meia dúzia de palavras horrorosas e então me virou, fazendo com que eu o encarasse.

Não pensei duas vezes, acertei suas partes baixas, o fazendo me soltar e se dobrar de dor. Corri em direção à saída, o ouvindo ganir de ódio. Antes que eu alcançasse a maçaneta, o ruivo me puxou pelos cabelos.

- Vou te ensinar a nunca se meter com alguém como eu.

Minhas costas bateram no boxe e o garoto pressionou minha garganta. Tentei gritar e me agitei enquanto a pressão dos seus dedos aumentava. Ele me impulsionou para cima, e eu estiquei meus pés tentando encontrar o chão.

O ruivo fedia a álcool, e suas pupilas estavam fixadas em meu rosto. Cravei as unhas na pele de suas mãos, mas ele não largou meu pescoço. Seus olhos estavam cheios de ódio. O oxigênio abandonava meus pulmões e meu cérebro.

Ele iria me matar.

Tudo ao meu redor começou a escurecer. Foi quando senti meu corpo ser atirado ao chão. Bati minha testa na quina da pia e cai em cima da agua lamacenta. Respirei com força pela boca, tossindo e massageando minha garganta. Senti um filete e sangue escorrer pela minha testa e deslizei os dedos ali só pra constatar que havia me ferido.

Olhei pra cima, e meu coração deu um pulo quando vi Brud. Ele segurava o cara com uma chave de pescoço, fazendo força para mantê-lo naquela posição. O cara grunhiu, e com o rosto já vermelho, conseguiu se soltar de Brud. Ouvi o som de punho batendo em carne e vi o ruivo cambalear para trás. Brud o havia acertado.

Me encolhi, sentindo as pernas molhadas com a água do chão. Eu queria sair correndo, mas sabia que não conseguiria. Minhas costas esbarraram na parede enquanto eu tremia, chorando.

O ruivo olhou para Brud com a raiva transparecendo em cada veia pulsante. Ele investiu, acertando seu primeiro golpe. E outro. E outro. Brud conseguiu parar seu braço lhe dando um soco no estômago. O ruivo caiu no chão sem ar e Brud aproveitou a oportunidade. O levantou pelo colarinho e o lançou com força contra o espelho, que se estilhaçou com um barulho alto.

Doce Dezembro - Os Mascarados Livro IOnde histórias criam vida. Descubra agora