O Troco

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-Tem certeza que vai dar certo?

Liz parecia nervosa. Depois da nossa conversa na casa da floresta decidimos que iriamos pregar uma peça em Raquel. Ficamos de olho nela durante uma semana inteira, tomamos nota de tudo: O que ela faz, que horas, como ela age...Posso parecer meio psicótica, mas era o que eu precisava para poder fazer uma vingança perfeita.

Tudo estava planejado, eu já havia falado com Ian, com alguns filhos de Hermes que eram do nosso chalé (Mas é claro que eles eram de confiança, e eles também queriam se vingar dela... mais do que nós), e até Susy havia topado fazer parte disso.

-Liz relaxa, vai dar tudo certo.

-Não sei não Belly... Estou tendo um pressentimento ruim.

Foquei no rosto dela, percebi que ela muito mais nervosa do que eu pensava, os olhos negros agora estavam mais expandidos, a feição meiga e graciosa estava como se estivesse vendo o fim do mundo. Tínhamos que fazer isso, o plano era perfeito. Muitas pessoas podem pensar que " Nossa, a garota só é chata, deixa ela quieta!" ,mas uma coisa que eu não aceito é ser tratada feito um bicho, feita algo que não pode possuir opinião própria, como se dependesse de todos para poder fazer algo, e ela fez exatamente isso. Não poderia voltar atrás agora, essa era a minha chance.

Mas quando percebi que, por mais que Liz quisesse muito fazer isso, ela não era tão vingativa quanto eu. Ela tinha um gene muito forte, porém poderia muito bem controla-lo, mas eu não...

-Liz, eu entendo esse seu lado. – Me sentei no chão junto com ela, ao seu redor o mato estava todo arrancado, e até um pouco marrom, até parecia queimado, mas preferi não fazer menção disso. – Não precisa fazer isso se não quiser; tudo já está pronto. Serio. Não vou obrigar você a fazer algo que não queira.

Ela parecia um pouco preocupada com aquilo. Ficou mexendo na grama com aqueles dedos finos, fazia movimentos circulares com os dedos enrolando a grama e depois a puxava para cima para ela ficar reta novamente.

-Sabe Belly... Meu pai sempre dizia que para fazermos algo deveríamos ter certeza do que estamos fazendo. - Ela soltou um leve sorriso enquanto olhava para o chão e falava comigo, e deu para ver que ela estava lembrando-se de coisas muito mais profundas do que somente aquelas palavras, isso era bom. – Na verdade...- Ela levantou a cabeça e soltou um sorriso muito belo- Ele dizia que "Se não temos certeza do incerto, então podemos afirmar que a nossa incerteza é certa!".

Parei por uns segundos para poder pensar na frase, mas a cada segundo a mais que eu pensava naquilo, eu me confundia mais... Ela começou a me imitar pensado nas palavras do pai dela...Dei uma gargalhada um pouco alto ( para variar!!! ) e ela também riu um pouco alto, mas nós não nos preocupávamos com isso.

-Que coisas petricas são essas no campo? Filhas de Medusa?

Demorei um pouco para associar quem estava falando aquilo. Quando levantei o olhar me deparei com Raquel, ela olhava para nós como se fossemos um tipo de espécime.

-Andou estudando para poder saber o que significa as palavras Raquel?- Soltei um pouco irônica.

Quando olhei para o lado vi que Liz havia abaixado a cabeça, ela estava com medo de Raquel, isso passava como uma áurea para todos.

-Não finja que se importa se eu estudo ou não. –Raquel disse um pouco irritada.

-Ah, não fique acanhada, ainda tenho um pouco mais de ironia para você hoje, mas não se sinta arrogante, senão posso parar de fazer esse lisonjeio para você.

A filha dos DeusesOnde histórias criam vida. Descubra agora