Eu a odeio

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-Beatrice

Mandei uma mensagem de voz para minha mãe falando que estou bem e volto logo, depois disso desliguei o celular, provavelmente ela tentaria me ligar o dia todo – ou nem se daria o trabalho – continuei a arrumar as compras na cozinha, subi ver os quartos e logo no corredor vi pela fresta da porta a melhor cena que eu poderia ter visto hoje.

Martin estava se secando, apenas com uma cueca box preta, ele se secava e eu fiquei ali olhando, mas eu fui idiotia o suficiente para me encostar na porta e sem querer empurra-la, cai no chão vendo Martin, ele correu até mim.

-você está bem? - ele olhou a porta – o que estava fazendo ali?

-torcendo pra você tirar a cueca também - passo a mão na cabeça e me levanto

Ele ri, e eu me sento na cama.

-precisamos comprar roupas, vamos hoje mesmo

Ele revira os olhos

-vamos ficar só quatro dias, podemos ficar só com as roupas que viemos – ele diz colocando uma calça

-eu estou em Miami, é obvio que vou comprar algumas coisas também né - dou um sorrisinho e saio do quarto.

Mas antes ele me puxa para seus braços, olho nos olhos dele, pretos, eu achava olhos pretos tão interessantes, minha respiração ficou ofegante, eu estava encolhida em seus braços e apertada contra seu peito.

-o que... - gaguejo, eu fiquei nervosa, o que ele faria em seguida? - o que esta...fazendo? - e minha respiração ficava mais ofegante.

Ele olhou em meus olhos, passou sua mão em meu rosto e colocou uma mecha de meu cabelo atrás da orelha, se aproximou ainda mais, ele era mais alto que eu, então teve que inclinar-se para chegar perto de minha boca, engoli em seco, eu queria tanto beija-lo, quando nossos lábios estavam para se tocar, o telefone tocou, ele me largou e se afastou, - odeio aquele telefone – fiquei meio desamparada, ele vestiu uma camiseta, eu esqueci o telefone tocando.

-não vai atender? - ele falou me tirando do transe

-ah...é - desço até o primeiro andar.

Atendo o telefone, era o orfanato avisando que já poderíamos fazer a visita, então gritei para Martin descer que nós iriamos para o orfanato, ele logo desceu e fomos para o carro, dei o endereço do orfanato para ele, o trajeto todo ficamos quietos, eu pelo menos ficava pensando sobre o beijo que ele poderia ter me dado, maldito orfanato que me ligou naquela hora! Isso me lembrou do hospital quando quase nos beijamos também, mas Matt chegou, talvez o universo conspira contra nós dois juntos, mas eu tinha que admitir...

Eu estava apaixonada por ele...

Chegamos no orfanato, acredito que era a maior casa da região, diferente das outras, com vários ramos de cerca viva se espalhando na parede, algumas crianças corriam por fora brincando, sai do carro junto com Martin, entramos dentro, nos sentamos na recepção e ficamos esperando alguém aparecer.

O tempo parecia passar lentamente, e Martin estava pensando também, eu queria saber o que se passava por sua cabeça, uma mulher elegante veio em nossa direção segurando um livro.

-vocês devem ser... – ela olha o livro, provavelmente de registros – Beatrice Elizabeth Pride e Martin Grey, certo?

Assentimos com a cabeça.

-sigam-me – a seguimos até uma biblioteca, ela se sentou em um sofá e nos sentamos no sofá da frente.

-querem alguma coisa? - ela perguntou pegando algumas listas.

-não, obrigada – eu disse, Martin ficou quieto.

-então o que procuram? - ela olhou Martin

-na verdade sou eu que procuro...

-ah, me desculpe – ela sorriu –, então, o que procura?

Respirei fundo e comecei.

-eu vivi aqui nesse orfanato algum tempo quando bebe, e fui adotada por uma família, e recentemente descobri que sou adotada, eu gostaria de saber quem são meus pais biológicos...

-não sei tenho autorização para isso – ela levantou e foi pegar um livro, de registro também.

Olhei Martin que franziu a testa diante daquela situação.

-aqui – ela disse se sentando e pondo o livro na mesa, tinha a foto de uma bebe e meu nome embaixo, mais abaixo o nome de meus pais biológicos, "Alec Pride" e "Julie Phil Pride".

-você tem o endereço atual deles?

-bem, isso não posso passar, mas ontem eles vieram fazer uma verificação... - a interrompi

-verificação?

-sim, sempre mandamos assistentes para sua casa para saber como você está e passamos as informações para seus pais biológicos – ela disse, então logo percebi tudo, minha mãe me escondia isso a anos.

Martin percebeu que eu começava a tremer, ele então pegou minha mão, eu o olhei e ele sorriu pra mim, tentei retribuir o sorriso, mas não consegui muita coisa.

-onde eles estão? - perguntou Martin olhando a mulher – os pais Biológicos dela...

-em um hotel aqui por perto, eu posso ligar para eles – ela disse se levantando preparada para pegar o telefone.

-não! - Martin olhou para mim e em seguida para ela – apenas nos passe o numero deles, ligaremos mais tarde...

Eu não conseguia dizer muita coisa, estava em choque, mas fiquei feliz por ter ele ao meu lado agora.

Ela assentiu e nos passou o numero, nos levantamos e saímos, Martin não largou minha mão até chegarmos no carro, entramos e encostei na porta, deixei o choro cair livremente.

-ela mentiu pra mim por anos! - eu falava histérica - eu não acredito, eu não quero voltar!

-ei calma, talvez ela tivesse razão - ele pegou minha mão

-me esconder tudo, o que mais ela esconde de mim, quanto mal ela já fez a mim!? - vi que ele se calou, e agora percebi que ela tinha feito algo a ele – o que ela fez? Fez algo para você? Vou mata-la

-não, não se preocupe com isso, você precisa se acalmar, e depois decidir tudo, okay? - ele beijou minha testa e ligou o carro. Assenti, eu precisava me acalmar, mas se ela fez algo a ele eu a mataria mesmo!

Me arrumei no banco e fiquei calada até chegar na casa, entrei e subi para o quarto, me joguei na cama, o choro já parara, mas a raiva continuava, Martin me seguiu e ficou na porta me vendo.

-o que foi? Perdeu alguma coisa na minha cara? - eu fui grossa, estava com raiva de tudo.

Ele sorriu e andou até onde eu estava, me sentei na cama, ele sentou ao meu lado, e acariciou meu cabelo, eu me pus entrei sua pernas e encostei minha cabeça sobre seu peito, ele continuou acariciando meu cabelo e falando que vai ficar tudo bem.

Âmbar QuenteOnde histórias criam vida. Descubra agora