A 8 meses...

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-Martin

8 meses antes...

-mãe! - eu gritei da cozinha – o Jason esta fazendo comida novamente, e deve estar horrível

Jason pegou um pano e atacou em mim.

-cala boca idiota – ele riu

Peguei o pano e joguei de volta nele, mas acabei errando.

-idiota é você.

-já chega disso! - minha mãe estava a porta da cozinha com uma expressão brava – hora de ir pra escola, mais um pouco e vocês se atrasam!

Resmungo algo e me levanto, nem tínhamos comido nada. Jason pega as chaves do carro.

-hoje vou tentar atrasa-los, minha primeira aula é de história, só veja como sou um ator melhor que você– ele mostrou a língua para mim e revirei os olhos – Pai!

Meu pai gritou algo que não entendi, mas já fui para a garagem, abri a porta do carro mas Jason me segurou.

-que é desgraça? - eu disse atentado.

Ele pegou o celular e me mostrou varias fotos, uma de um bode, uma de um veado e outra de um coelho.

-qual dessas eu coloco no meu perfil do chat?

-a do veado, claramente uma foto sua, chifrudo e veado – eu ri – por que conversar nisso? Tem um monte de garotas nos querendo.

-mas meu coração pertence só a uma, e alias você fica com todas as garotas – ele franziu a testa.

-pertence a "queimadinha" - fiz aspas com o dedo debochando.

Ele me deu um soco no meu ombro.

-é "fogosa" idiota, e é um apelido, apesar de ela ser bem bravinha.

-e a mãe sabe? - eu cruzei os braços e me encostei no carro.

-o que sua mãe sabe? - meu pai chegou na maldita hora

-nada de... - falou Jason antes de eu interromper.

-a foguinho – eu ri debochando e entrei no carro antes de Jason avançar em mim.

Minha mãe chegou e entrou no carro, Jason tentou abrir a porta do passageiro de trás que eu segurava e meu pai entrou na frente ao lado do banco do motorista.

-vocês são piores que crianças - minhas mãe revirou os olhos – chega de briga e deixa ele entrar Martin!

-Okay Srt. Chatisse – eu larguei a porta e Jason entrou.

-cade a chave? - minha mãe disse

-ta com o Jas – eu disse pegando a chave que Jason escondera para nos atrasarmos de ir para a escola.

-eu te odeio Mart – ele disse, entreguei as chaves na mão de nossa mãe e ela dirigiu até a escola.

Eu e Jason éramos irmãos gêmeos, mas ele era mais inteligente que eu e não ligava muito para popularidade e namoradas, então eu era o mais arrumado e o mais pegador de nós dois, enquanto ele ficava em um canto lendo eu ficava no outro canto beijando alguma garota.

Chegamos na escola, saímos do carro e nossos pais foram para o restaurante da nossa família, eu nunca me interessei em cozinhar ou cuidar do futuro como Jas se preocupa.

-tchau palhaço - acenei a mão para Jas que resmungou algo e entrei na escola, fui direto para minha aula de teatro, eu pensava seriamente em ser ator.

Entrei e encontrei meu banco em um auditório enquanto um grupo se apresentava, a aula se passava lentamente até chegar a hora de me apresentar, desci até o palco e me posicionei no centro do mesmo.

-vou sozinho – eu declarei.

-sozinho? - meu professor disse franzindo a testa – você sabe que o trabalho é em grupo.

-é, eu sei - eu disse balançando o corpo – mas eu quis fazer individual

Meu professor fez um gesto de impaciência, eu sempre fizera os trabalhos do jeito errado apenas para irrita-lo.

-ta, ta – ele disse abaixando o óculos da testa para os olhos – comece...

Eu sorri e peguei o livro de que eu iria interpretar e coloquei-o a minha frente para mostrar para toda a turma.

-irei interpretar o livro "Alice nos pais das maravilhas" - eu disse e a classe começou a rir, era um livro de criança, e era essa a intenção, fazer graça.

Peguei um coelho de pelúcia, umas balinhas, um vestido azul e uma peruca loira, vesti o vestido e coloquei a peruca e comecei a atuar.

Fingi correr, e tropecei caindo em um buraco, onde tinha as balinhas.

-ó não! - fiz voz de garotinha e coloquei a mão na testa dramático – o que será de mim? Onde estou? - pego as balinhas e engulo uma, estico o corpo

-não, não! - meu professor interrompeu – chega dessa palhaçada, se retire da minha sala Sr. Grey!

A sala caiu em gargalhadas

-malvadinho – eu debochei, tirei a roupa e sai da sala ainda rindo.

Fiquei esperando no pátio até bater o sinal de novo, fui em meu armário, a próxima aula seria filosofia, encontrei meu irmão na escada lendo um livro, ele se levantou no impulso para vim falar comigo, quando ele deu seu primeiro passo, desmaiou e caiu dos cinco degraus. Formou um tumulto envolta dele, parecia tudo câmera lenta, corri até ele para ajuda-lo...

Se passou um mês, descobrimos que ele tinha um tumor cerebral, era tarde de mais para tentar cura-lo, se tivéssemos descoberto antes, mas agora ele morreria a qualquer momento.

Eu estava sentando na recepção do segundo andar do hospital esperando falar com ele, esse era o ultimo dia dele segundo o médico, eu chorava com esse pensamento, como eu iria viver sem ele? Sem alguém para fazer comidas horríveis, ou para me ajudar a fazer os trabalhos muito difíceis? Pra mim debochar...

Meus pais saíram de seu quarto chorando e fizeram sinal com a cabeça para mim entrar, limpei as lagrimas e entrei no quarto fechando a porta.

-e ai? Como está - tentei não parecer triste e me apoiei ao lado de sua maca segurando sua mão.

-pra quem vai morrer estou ótimo - ele ria mas sua voz estava fraca

Eu tentei rir, soltei um sorrisinho tímido mas não conseguia nada além disso.

-e se tiver algum jeito de... - eu disse mas fui interrompido

-não...eu já falei para você parar de insistir, eu vou morrer você querendo ou não - ele apertou minha mão - você sabe que não tem jeito

-eu só... - deixei as lagrimas caírem livremente – eu não sei...sabe? Como viverei sem você? Você é meu melhor amigo e meu irmão...parece um pesadelo...

-você vivera bem – ele sorriu –, só quero um favor seu...

-claro, qualquer coisa – limpei as lagrimas

-viva por nós dois, viva bem, viva intensamente...– sua mão começou a largar a minha, sua morte estava perto – e conheça pessoalmente por mim quem é "fogosa222" - ele sorriu e eu também.-eu sempre estarei com você, no seu coração - ele apontou para meu peito – mas apenas viva por nós dois, sem medo...e me prometa que a dirá sobre minha morte pessoalmente a ela...

-direi, eu juro

-a senha da minha conta é o segundo nome dela: Elizabeth...eu te amo Martin...e a fale que a amo também...

Senti sua mão largar a minha e cair, eu não acreditei...ele morreu, agora, para sempre, me levantei e tentei gritar e sacudi-lo.

-acorda! - eu gritava - você não morrerá agora! - cai no chão de joelhos segurando a mão dele – por favor! Não agora – eu chorava muito e continuava gritando até algumas enfermeiras e meu pai vierem me segurar

Âmbar QuenteOnde histórias criam vida. Descubra agora