Capítulo 7: Um amigo em quem confiar!

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Eu praticamente tive um infarto, quase morrendo de falta de ar tive de me apoiar na cadeira para não cair no chão por causa de uma tontura repentina. A moça ouviu o barulho da cadeira e virou em minha direção.
  — Boa tarde dona Diana! O patrão pediu para mim cuidar da casa e ajudar a senhora no que precisasse.
  — Quem é você? E cadê o Leonardo?
  — Ah, tinha até me esquecido, me chamo Alice e o patrão foi viajar e toda vez que ele vai ficar longe por uns tempos eu cuido da casa. E por falar nele, o patrão pediu para você ir falar com o Henri caso queira saber alguma coisa.
  — Quem é Henri?
  — Um grande amigo com quem divido a casa, Henrique, ele o melhor amigo do patrão desde a infância, eles sabem tudo um do outro.
  — Onde ele está?
  — Lá fora.
  Deixei Alice na cozinha falando com as paredes e corri para fora, quando avistei um rapaz moreno de cabelos negros polindo o carro. Como só havia ele ali só poderia ser ele, me aproximei e já fui direto ao assunto sem enrolação.
  — Pra onde o Leonardo foi?
  — Boa tarde para a dona também! E o Dr. foi para Nova York.
  — O que ele disse para fazer comigo?
  — Seguir suas ordens! E levar você aonde quiser ir, porém tenho sempre acompanhá-la sempre que for fora da chácara.
  — Então faça suas malas, vamos voltar para minha cidade.
  Almoçei e fiquei esperando ele voltar pois eu não tive de fazer mala alguma, apenas peguei meu celular e o DJ Control Hércules que o Leonardo havia me dado.
  No carro parei de ser tão chata com o Henri pois ele possuía uma simpatia inconfundível e contagiante, então como tínhamos algumas horas de viagem que não me pareceram tão longas na vinda tive tempo de descobrir tudo que queria.
  — Quem é aquela moça?
  — Minha companheira de casa e melhor amiga, Alice, uma refugiada que morava na Síria, porém seus pais eram indianos e por causa do preconceito contra as crenças de sua família ela fugiu para o Brasil afim de escapar das perseguições e aqui o Dr. viu sua história então resolveu acolhê-la, lhe dando esse emprego.
  — Você o conhece desde quando?
  — Do ensino médio, a gente tinha uma banda de sertanejo universitário que se chamava “Cruéis".
  — Por que não seguiram a carreira?
  — Já vou contar tudo antes de você perguntar. Eu segui na música e larguei a faculdade mas caí na besteira de gastar todo o dinheiro que ganhei com baladas e mulheres. Fiquei falido, o Dr. que continuou estudando se formou e quando me viu na rua passando até fome me ajudou. Agora eu vivo na casa atrás da chácara e estudo, tudo bancado pelo Dr. em troca dos meus serviços de faz tudo. Ele mudou minha vida.
  Não sei por que, mas tive de pedir para ele parar o carro com urgência pois tive uma ânsia de vômito fortíssima, quase lavei o carro, foi só parar que desci vomitando. Henri pareceu se assustar tanto que chegou a sair do carro para me ajudar. Agradeci à ele o acalmando pois já estava ficando melhor, entrei no carro e esperei ele se recuperar do susto para voltarmos para a estrada e ao interrogatório.
  — Ele te contou sobre a…
  — Camila? Sim, mas eu sei mais coisa que você. Tenho certeza que ele não te contou que a Luisa pode não ser filha dele.
  Fiquei muito curiosa com a história. Henri me explicou que a mãe de Luisa tentou engravidar de um senhor rico para dar o golpe do baú ao mesmo tempo que ficava com Leonardo, porém o velho se negou a assumir a criança e à ameaçou de morte caso não desaparecesse então ela abandonou a menina com ele e foi embora. O mais incrível é que Leonardo nunca quis fazer o DNA da menina e mesmo assim faz tudo por ela. Mas o que mais me incomodava era não saber o que Leonardo fez comigo durante o tempo que passei dormindo. Perguntei ao Henri se ele sabia o que tinha acontecido e ele me explicou.
  — A dona deu o maior trabalho para o Dr. No primeiro dia acordou chorando falando um monte de coisas sem sentido, fez o Dr. dançar com você, ele te pegou no colo e teve de fingir ser uma tal de Ari para te dar comida, sem contar os desejos estranhos como só querer comer mandioca com iogurte de morango ou açaí com ameixa importada e graviola, tudo coisa barata e super fácil de achar aqui numa cidade que não produz a maioria desses produtos, você começou chorar, xingando um cara chamado Hugo e ele precisou te consolar, passou mal vomitando muito e desmaiou de novo. Leonardo ficou muito preocupado e ligou para um amigo nosso que é médico e ele fez vários exames e pegou um pouco de sangue e levou para o laboratório, acho que ele desconfiou de alguma coisa. Depois foi um repeteco de ações, a única diferença era que você tinha outros tipos de desejos estranhos, cantava, tinha de ser carregada até a cama todas as noites, cada dia ele tinha de fingir ser uma pessoa diferente. Mas quer saber, nunca vi o Dr. tão sorridente na vida. Aliás foi minha esposa que deu banho em você todas as noites, Leonardo respeitava muito você, não se aproveitou da dona um sequer segundo.
  Eu sabia! Tinhe certeza de que ele jamais faria algo comigo sem que eu quisesse, se bem que apesar de eu querer ainda foi difícil rolar alguma coisa. Depois disso fiquei um pouco sem assunto, o silêncio reinou entre nós e a única pergunta que fiz foi por que ele chamava o Leonardo de Dr., a resposta me deu motivos para rir o resto do trajeto.
  — Nós fazíamos uma apresentação quando uma garota passou mal e ele desceu do palco para ajudá-la, foi só ele a pegar no colo que ela acordou dizendo assim “Ai com um doutor assim eu não vou sarar nunca mais". Foi a piada do século e a partir daí eu o apelidei de Dr. Dá para acreditar que foi com essa garota que eu tive meu primeiro beijo? E graças ao Thadeu.
  — Quem é Thadeu?
  — Leonardo Thadeu sabe? Ele tem dois nomes.
  Putz não acredito que esqueci que ele tinha dois nomes! Vou chamá-lo de Thadeu daqui para frente só para não esquecer de novo.
  — O meu primeiro beijo foi atrás da quadra do colégio, um pouco clichê, mas foi o que deu para fazer na época e minha mãe ainda descobriu. Mas esquecendo esse mico, você não tem nenhum vídeo dos shows que vocês faziam?
  — Tenho um bem do início, quando nós ainda éramos ruins e bvs.
  Esperava algo que no mínimo se pudesse ouvir porém o vídeo era ridículo, apesar de tentar não consegui conter o riso.
  — Estes são os cruéis? Tá mais para uma trupe de palhaços. Se bem que ouvir isso é uma crueldade com meus ouvidos. Me desculpa mas vocês eram horríveis.
  — Pode rir o quanto quiser! Só não conta pro Thadeu que eu te mostrei isso ou ele me mata!
  Rimos muito falando sobre o passado. Chegamos em minha casa no fim da tarde exatamente no horário que as meninas geralmente passavam lá para gente fofocar da vida alheia. Entrei pelos fundos para não chamar atenção, logo quando entrei ouvi vozes familiares, eram as meninas e pareciam estarem chorando. Caminhei na direção do som vindo de meu quarto, parei próxima à porta e olhei em seu interior por meio de uma fresta entreaberta. Me comovi ao ver as meninas chorando, Luana consolava Lisbela, Ari caminhava de um lado para o outro abraçada ao meu coração de pelúcia chorando discretamente, Mari batia no saco de pancada novinho que eu nunca tinha usado porque comprei pela internet em um momento de estresse no dia em que terminei com Hugo e Vic mordia meu livro predileto.
  Algo que preciso deixar registrado. Vou matar elas depois de isso tudo acabar já que é só eu desaparecer que elas destroem minhas coisas com lágrimas, é por esse grande motivo que amo cada dia mais essas meninas. Empurei a porta lentamente e entrei no quarto.
  — Pelo amor de Deus não gritem!
  Foi como se eu não tivesse dito nada. Elas gritaram e pularam sobre mim, primeiramente me abraçaram, depois cairam de pau. Levei uns bons tabefes, merecidos, mas mesmo aqueles tapas eram de carinho.
  — Onde você estava enfiada sua puta? (Ari sendo ela mesma, isso graças à muito tempo de convivência comigo)
  — Vocês não tem idéia de como eu estava com saudade!
  — Não muda de assunto, onde você estava? (Lu sempre direta)
  — Calma, vou explicar tudo mas antes tenho uma pessoa para apresentar.
  Saí do quarto e chamei Henri que me esperava na cozinha, pude perceber que ele além de ser confiável e super especial ele também é um tanto abusado, comendo meu pacote de cookies de chocolate.
  — Meninas este aqui é o Henrique mais conhecido como Henri. Ele é o melhor amigo do Thadeu (eu disse que ia chamá-lo assim para nunca mais esquecer) o homem que me sequestrou.
  Nesse momento tive de entrar na frente do Henri para Ari que havia acabado de sacar a arma não atirasse nele. As meninas queriam espancá-lo, tive de empurrar ele para fora do quarto e gritar para que elas me ouvissem.
  Expliquei a história toda, até os mínimos detalhes (só pulei a parte da nossa noite porque o Henri, pensa em um homem que come, tinha voltado da cozinha e disse que ia ficar conosco pois estava entediado sozinho na sala).
  Passamos a tarde toda conversando e pude perceber como as coisas haviam mudado no tempo que estive fora, aliás fiquei 24 dias desaparecida que para mim pareceram no máximo uma semana. Se bem que passei praticamente três dias dormindo, outros tentando fugir, mas isso não importa agora. Meu foco era descobrir como reencontrar o Thadeu e convencê-lo a me ouvir.

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  Então hoje é isso! Qualquer erro fala. Sabe é difícil escrever roubando wi-fi! Kkkkkkkk

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