Capítulo 10: Um anjo em meio a um covil de cobras!

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Acordei, nossa isso está ficando repetivo já é a segunda vez que desmaio e acordo em um lugar mega estranho mas voltando a linha de pensamento, acordei em uma espécie de cativeiro que mais me parecia uma cadeia. O cubículo tinha uma única janela com grades, um banheiro, o lugar não tinha piso era tudo no puro cimento e duas camas, se bem que um colchão no chão não se pode chamar de cama.
Tentei levantar mas tive uma grande vertigem seguida de um forte enjôo que me fez ir de quatro, engatinhando até o vaso do banheiro afim de não sujar todo o "piso". No momento em que consegui tirar a cabeça de lá de dentro do percebi que em um dos colchões havia uma menininha deitada. Saí de dentro do banheiro e ela se levantou perguntando como eu estava. Respondi que estava bem, ela apesar de muito sujo era uma menina linda de cabelos castanhos e os olhos surpreendentemente verdes, depois de vê-los lembrei-me de Thadeu que também possui olhos verdes, foi quando pude me dar conta de que só poderia ser Luisa.
- Como você se chama menina?
- Luisa. E tenho assim:
Ela mostrou nos dedos o número seis, provavelmente sua idade, e é ela! Eu encontrei a filha do amor da minha vida, aliás ela linda igual ao pai sem contar seu jeito meigo, esse diferente do jeito mandão do Thadeu.
- Oi Luisa! Eu chamo Diana e sou uma grande amiga do seu papai.
- Do Leo?
Agora descobri porque ele detesta que o chamem de Leo. Isso o faz lembrar da filha.
- Luisa, por que você chama o seu papai de Leo?
- Por que ele pediu para mim não falar para ninguém sobre meu papai.
Descobri! Ele não queria que ninguém soubesse pois caso ele fosse pego ela não sofreria por ser filha de um assassino. Uma grande atitude. Enquanto conversávamos Camila entrou no cubículo com um olhar superior de desdém, logo que a vi tentei pular no pescoço daquela vadia e encher a cara dela de bofetões. Não consegui porque Hugo entrou na frente, me segurou e jogou-me no colchão. Luisa começou a chorar assustada com tamanha brutalidade, senti uma forte cólica e por conta dela continuei na mesma posição em que havia caído e ouvi friamente as provocações de Camila. Ela jamais podia saber que eu carregava um filho do vagabundo do Hugo.
- A ratinha de boate estava achando que ia me enganar? Não senhora. Agora você vai morrer da forma mais lenta possível para aprender a nunca desafiar minhas ordens e a pequena Luisa, é claro que não vou matá-la, mas vou torturá-la até o pai dela aprender a nunca mais me desobedecer. Quem sabe eu a mando para ver o papai, ou algumas partes dela!
Ela saiu com um sorriso insuportavelmente sarcástico que me fez cravar as unhas em minha própria perna com o intuito de não partir para briga com ela, melhor focar na saúde de meu filho. Quando eles trancaram a porta me aproximei de Luisa que chorava no canto, no momento em que a abraçei ela tentou se esquivar mas a acalmei.
- Calma. Vai ficar tudo bem, o papai vai nos achar.
- Não tenha certeza disso. Eu espero ele voltar faz um montão de tempo.
- Dessa vez ele tem um monte de pessoas ajudando ele, eu tenho certeza de que eles vão achar uma pista.
Ficamos abraçadas chorando pela mesma causa, pela mesma tristeza e esperando o mesmo homem.

D&L

Chegaram no aeroporto totalmente perdidos. Todos sabiam que Camila desembarcou naquela cidade, mas onde? A solução foi ir perguntando para todos que encontram, ninguém havia visto um casal com uma garota cadeirante. Leonardo já estava ficando desesperado sem notícias, e o cansaso tomava conta de todo seus membros. Porém, Ari se aproximou dele correndo trazendo boas notícias, as câmeras externas filmaram os três saindo dentro de um táxi com a placa ale2954 e um agente de viagens tinha o telefone do motorista. Segundo ele, um homem de respeito e provavelmente não sabia que a moça estava sendo sequestrada se não nunca iria levá-los.
Leonardo não conseguiu se conter quando o telefone deu fora de área e precisariam esperar o motorista voltar da hora de descanso, ele pegou o endereço do homem com a secretária da empresa que ele trabalhava e foi até a casa dele. Chegando lá encontrou o homem trancando a porta da frente para sair, um senhor de idade já avançada e logo lhe explicou a situação sem poupá-lo de nada, sem rodeios.
- Olá. Me chamo Leonardo e minha futura esposa foi levada por um casal de sequestradores. Os dois se passaram por um casal de noivos viajando com a irmã cadeirante, o rapaz era alto cabelos castanhos quase loiros, a moça ruiva e a cadeirante tinha pele morena, um cabelo esquisito e um monte de cobertores. As únicas informações que consegui foi de que o senhor havia os levado a mais ou menos umas duas ou três horas atrás.
- Se acalme, já estou velho demais para emoções fortes. Mas me lembro bem deste casal, o rapaz quer que eu o diga onde os levei?
- Se for possível. Sua resposta significa o futuro da minha vida.
- Os deixei em uma rua no meio do nada. Tinha uma caminhonete vazia lá e eles entraram nela e desapareceram no meio do mato.
Leonardo nem esperou o pobre homem perguntar mais nada, entrou no carro e se sentou no banco do carona dizendo para o senhor levá-lo até a rua em que havia os deixado. No meio do caminho ele conversou com Vic pois ela consegui ligar para ele, porque se dependesse dele avisar ninguém ficaria sabendo onde ele havia ido. Em poucos minutos todo o pessoal e mais uma enorme quantia de policiais que Ari e Lis haviam conseguido trazer como reforço se dirigiram ao local indicado pelo senhor.
Começaram as buscas em toda a região próxima na espectativa de conseguirem encontrar alguma pista, mas ao que tudo indicava eles haviam saido com o carro. A pista era de terra enlameada, por causa de uma provável recente chuva, e graças a ela haviam centenas de marcas de pneus impossibilitando a identificação. Thadeu voltou a ficar angustiado pois a única pista que lhe havia trazido grandes esperanças escorria em meio seus dedos, suas lágrimas de ódio e indignação agora havia se tornado palavrões enquanto este socava, de joelhos, a lama. Ariane vendo a situação de desespero do grande amor de sua amiga decidiu tentar consolá-lo de alguma maneira.
- Por favor Leonardo não faça isso com você mesmo. Diana jamais gostaria de te ver assim. Por ela, vamos ser fortes e não vamos nos entregar!
Engolindo os palavrões e soltando as lágrimas Leonardo levantou-se decidido a não desistir. Henrique que se aproximava parou a poucos metros dele e esperou a decisão do amigo, o restante do grupo também se aglomerou ao seu redor como se qualquer coisa que ele dissesse daria um rumo as próximas atividades. Com o espírito inflamado, Leonardo Thadeu caminhou até uma árvore na lateral da estrada, subiu e de lá observou atentamente a mata.
- O que você tá fazendo aí?
Ariane, igualmente aos demais, começou a pensar que Thadeu havia enlouquecido. Thadeu, porém, os ignorou mantendo total silêncio e concentração, Henri não compreendia mas tinha certeza de que ele havia tido uma ideia.
- Dr. me diz o que você tá fazendo aí em cima. Por favor!
- Se lembra quando a gente era adolescente e ficava em cima da árvore espiando as meninas passarem?
- Claro! É isso. Daí de cima da para ver toda a redondeza e tentar encontrar alguma pista!
Lis apenas fez um sinal para os policiais, todos eles subiram em árvores próximas para ver toda região. Em poucos minutos Vic conseguiu ver uma falha em meio a vegetação a qual dava em uma estrada secundária, que saía direto na estrada principal.

D&L

Logo que consegui acalmar Luisa, o vagabundo do Hugo voltou trazendo duas marmitas com comida. Pensei que ela iria começar a chorar novamente, mas não. Levei um choque quando ela o chamou toda carinhosa de "tio Hugo".
- Oi baixinha! Vamos comer um pouquinho, para depois tomarmos um banho. A mocinha ficou os meus seis meses fora sem se lavar?
Meu queixo caiu no chão! Como assim? Por que ele era legal com a menina?
- Tio Hugo, a Camila foi muito má comigo. Ela me bateu só porque eu perguntei onde você tava! Olha só o que ela fez...
Luisa levantou a blusa para mostrar uma marca roxa na barriga. Não me contive, obriguei-me a fazer o interrogatório e dirigir a palavra aquele FDP.
- Pelo amor Deus alguém me explica o que tá rolando aqui!
- Senta! Vô te explicar.
- Eu não entendo como um babaca nojento pode ser tão amado por uma criança linda como ela? Vocês a tratam mal! Aliás você é um idiota fingido.
- Opa! Eu nunca maltratei ela. A Camila sim, mas eu CUIDO dela, dou banho, comida e tento não transformar a infância dessa criança num inferno. E quer saber, tudo que vivi com você não foi fingimento, foi passageiro mas foi real!
- Isso é verdade?
Luisa fez que sim com a cabeça. Me calei e fiquei vendo a forma como ele a tratava, e pelo visto era realmente verdade, os dois brincavam e sorriam. Acho que de algum jeito o Hugo tinha um coração bom, nem mesmo que fosse lá no fundo ele ainda era uma boa pessoa. Quem sabe ele ainda tenha a chance de mudar, e caso isso ocorra, talvez eu o de o privilégio de descobrir que tem um filho.
Pensei que nada me surpreenderia depois da atitude do Hugo, acho que seria impossível ele fingir durante o tempo todo e posso até me converser de que alguns momentos foram verdadeiros.

D&L

Todos os carros da polícia se dirigiram até a estrada. Leonardo pareceu ganhar um novo ânimo, e dirigia o camburão de Lis como um louco - mas também, que pessoa em sã consciência deixa um homem desesperado dirigir? - chegando ao ponto de terem de parar após uma ultrapassagem perigosa.

D&L

Depois que o Hugo saiu do "quarto", Camila voltou como se estivesse apenas esperando-o sair. Achei que desta vez ela iria contar vitória novamente como da outra vez, mas não, ela entrou séria mandando-me sair. Caminhei para fora sem questionar - só não briguei com ela por causa do meu filho - sendo levada por ela e pelo Hugo em meio a uma trilha na mata até uma cachoeira. O lugar era lindíssimo em contrapartida a minha situação.
- Já percebi que você é bem burra, então vou te explicar. Trouxemos você aqui para te matar, jogar na cachoeira e esperar encontrarem você boiando no rio bem longe daqui para buscarmos o dinheiro no banco.
Enquanto falava Camila carregou a arma que trazia na cintura entregando-a ao Hugo, ele a pegou e apontou para mim. Me desesperei ao perceber que ele teria coragem de atirar, pensei em correr mas não resultaria em nada pois provavelmente ficaria perdida naquela mata ou seria pega analisando que o Hugo sempre ganhou de mim em qualquer corrida. Se era para morrer prefiro que seja com dignidade, não vou dar à eles o gosto de verem meu sofrimento. Totalmente derrotada abaixei a cabeça, segurei minha barriga e chorei silenciosamente.

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