Capítulo 9: Um minuto par relaxar! Será?

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Acordei com as mãos de Leonardo acariciando meus cabelos, ele me observava carinhosamente e quando percebeu que eu havia acordado sorriu para mim. Seus olhos verdes me deixaram tonta de felicidade, em retribuição devolvi o sorriso e sussurei um bom dia, ele correspondeu e me disse que o café estava pronto. Me levantei da cama, troquei de roupa e fui para a cozinha.
  — Só por precaução eu coloquei apenas jarras de plástico na mesa.
  Um idiota, sempre com seu sorriso debochado. Será que é tão difícil assim superar esse episódio do ataque da jarra?
  — Se você falar mais uma vez dessa história da jarra eu te mato, literalmente!
  — Tudo bem nervosinha! Senta aí e come. Nossa já ia esquecendo, eu conversei com o Henri hoje de manhã para ele me explicar como vocês fizeram tudo isso e ele perguntou se nós iríamos conhecer uma tal de Laura. Não sabia que a Lu tinha feito essa opção.
  — Sim, e depois dessa escolha ela se tornou mais feliz então eu a apóio totalmente. Mas onde vamos conhcê-la?
  — Em um almoço num bistrô longe pra cacete. Vamos de táxi porque não sei onde fica, é uma região perto do aeroporto que eu não vou muito.
  — Eu amo quando você tem uma recaída linguística!
  — Como assim?
  — As vezes você deixa seu vocabulário todo certinho e volta a suas origens, como você fez outros dias atrás quando disse: pra, tu, cacete!
  Ele sorriu por ver que presto atenção em seus poucos detalhes. Combinamos de pegar dois táxis, às dez e meia. Luana disse que não haveria problema se Leonardo e eu não fossemos, mas preferi tirar um minuto para relaxar sem as tensões de nossa situação que a partir de agora está mais complicada pois apareci em público e Camila já deve estar sabendo que não estou morta.
  No horário, descemos e fomos para o bistrô. O local era extremamente longe de nosso hotel porém ficava uma rua acima da avenida que dava ao aeroporto, uma quadra abaixo. Sentamos em uma mesa do lado de fora e ficamos esperando a tal de Laura chegar. Acho que devo ser a mais atenta de todos da mesa porque fui a única a perceber o ar tenso de Luana com a demora da Laura, como as próprias meninas dizem, sou a mãezona da turma sentei-me na cadeira reservada e cochichei em seu ouvido.
  — Fica calma, a Laura nem é louca de deixar a mulher mais linda, especial e sexy desse mundo e se ela te deixar é porque não te merece, uma completa idiota.
  Como dizia minha vó “falou no diabo aparece o rabo" a tal de Laura apareceu subindo a rua, ao menos a moça era belíssima, como não a conhecia só a vi quando Luana apontou para ela abrindo um grande sorriso. A tal Laura era uma menina ruiva de pele branca com algumas sardas no rosto, provavelmente um metro e setenta e oito de altura, perfil de modelo. Ela chegou e desejou bom dia à todos da mesa, me levantei do lugar ao lado de Luana para que ela sentasse, mas como sou um pouco desastrada tropecei na cadeira derrubando a bolsa da Laura que espalhou um monte de papéis e coisas de mulher no chão, fiquei com muita vergonha, eu e Luana a ajudamos a recolher as coisas. Quando me sentei, Ari como uma boa investigadora começou o interrogatório.
  — Você é da onde? O que faz da vida?
  — Eu nasci na Inglaterra e me mudei para Nova York quando tinha dezessete anos para trabalhar como modelo aqui – Eu sabia! Bonita assim só sendo modelo.
  Enquanto conversávamos o garçon se aproximou de nossa mesa e anotou nossos pedidos. Demoramos horas escolhendo com o coitado do rapaz em pé esperando, mas também o cardápio era delicioso só de olhar a foto dos pratos. Porém nem tudo é perfeito, os pratos estavam demorando muito e a fome estava me corroendo, fui obrigada a pedir um suco antes do almoço. O suco chegou rápido e o tomei mais rápido ainda, foi só o suco cair no estômago que precisei ir ao banheiro. Pedi licença e saí, Laura decidiu me acompanhar.
  Laura me ofereceu uma bala na porta banheiro, não queria comer mais nada antes do almoço mas a peguei para não fazer uma desfeita. Usei o banheiro, lavei as mãos e fui em direção à porta quando fui surpreendida por Laura que correu fechando-a tão brutalmente que pude sentir o ar movido por ela.
  — O que é isso? Enlouqueceu?
  — Tenho outros planos para você queridinha!
  — Do que você está falando?
  Nesse momento senti uma forte vertigem, fiquei tonta, não consegui me segurar e quase caí no chão, só não caí porque fui amparada. Quando olhei para trás afim de ver quem havia me segurado quase tive um infarto. Não era uma pessoa qualquer e sim um canalha que conheço muito bem. O vagabundo do Hugo.
  — O que você está fazendo aqui?
  — Sua ideia deu certo, enquanto esses trouxas pensavam que o infiltrado era o advogado nós tivemos tempo de planejar tudo!
  Meu Deus! Mesmo não falando comigo ele já havia me explicado parte da história. Ele era o traidor infiltrado pela Camila e não o coitado do meu advogado. Enquanto eu tentava digerir tudo aquilo, eles me colocaram em uma cadeira de rodas e começaram a me maquiar, colocar um monte de coisa, não reagi porque não conseguia controlar meu próprio corpo, no máximo falava com muita dificuldade.
  — Você trabalha para Camila né Hugo, seu puto?
  — Somos sócios!
  — E você sua vaca? Também trabalha para ela?
  — Nossa garota você é mais burra do eu imaginava!
  — Não me chama de garota. E o que vocês fizeram comigo?
  — Uma balinha sabe! Aliás você não está em condições de discutir nada, ratinha! E como acho que você ainda não deve ter se tocado, eu não trabalho para a Camila. Eu sou a Camila.
  Entrei em choque, tentei gritar mas não conseguia nem mais falar. Fiquei mole, a única coisa que ainda tentava lutar era para manter a consciência. Eles saíram pelos fundos do bistrô e me levaram ao aeroporto. Enquanto Hugo fazia o check in uma moça se aproximou de Lau...Camila ou sei lá que raios chamar aquele monstro que enganou minha melhor amiga.
  — Ela é sua filha?
  — Irmã, eu e meu marido estamos indo para o Brasil passar as férias e ela adora o país por isso decidimos trazê-la conosco.
  — O que ela tem?
  — Ela é paraplégica e deficiente intelectual.
  — Ainda bem que existem pessoas boas no mundo. Você tem muita sorte por ter uma irmã e um cunhado assim. Boa viagem para vocês!
  Coitadinha não tem noção da cobra com que está falando, a partir daí não consegui mais me manter acordada, desmaiei de novo mas desta vez meu filho não tem nada haver com a história, o que mais me preocupação agora é ele, comigo não me importo mais ele é tão pequeno ainda. Se ele não tiver força para se manter vivo, eu suporto a pressão mas e ele?

D&L

  O garçon se aproximou trazendo os pratos que foram pedidos, Ariane percebeu que Diana e Laura estavam demorando demais no banheiro e comentou com o restante da mesa.
  — Pessoal elas não estão demorando muito no banheiro?
Leonardo tomou aquela frase como um choque que o fez lembrar de que Camila não deixaria impune uma aparição pública de uma das pessoas que ela pensava estar morta. Ele se levantou e correu ao banheiro, todos também se levantaram indo atrás dele pois perceberam sua preocupação. Quando entrou, o banheiro estava vazio e havia apenas um recado escrito em baton no espelho que só chamou a atenção dele por ser da mesma cor que Diana usava, vermelho. O restante do pessoal chegaram e pararam na porta esperando sua reação. Quando terminou de ler Leonardo pegou o pote de sabonete e quebrou o espelho assustando a todos que continuaram calados enquanto ele saía pela porta, Arine foi a única que teve coragem de perguntar o estava escrito no espelho e a resposta deixou todos apreensivos com os nervos a flor da pele.
  — O que estava escrito?
  — Vou fazer o que você não fez, beijos Laura quer dizer Camila.
  Todos sentaram-se na mesa novamente tentando pensar no que fazer. Luana chorava de culpa por saber que sua amiga estava desaparecida por sua causa, quando ela se lembrou de um detalhe.
  — Gente, espera um minuto que me lembrei de algo que pode nos ajudar.
  — O quê?
  — Vocês lembram quando a D tropeçou e derrubou a bolsa da Laura no chão?
  — E daí?
  — E daí que tinha documentos, baton e tal mas o que me chamou atenção foi uma passagem de avião.
  Ari nem teve tempo de responder Luana já que o restante estava em total silêncio, tiveram de sair correndo atrás de Leonardo que ia em direção ao aeroporto. O local estava cheio e Luana não havia lido para onde era a passagem então eles saíram de agência à agência perguntando se alguém tinha visto uma moça ruiva e outra morena embarcando em algum avião. Perguntaram para todos que encontraram mais ninguém sabia nada sobre elas, o medo tomou conta de Leonardo que se deixou tomar pela emoção e esquecendo a raiva sentou-se em um banco e chorou como nunca antes. Uma jovem que passava o viu chorando e parou para ver o que estava acontecendo.
  — Que foi? O senhor está se sentindo mal?
  — Não. É que eu perdi a mulher da minha vida por um minuto de descuido, uma falha idiota que eu jamais podia ter dado.
  — Fique calmo! Se ela amar o senhor realmente ela vai voltar, já procurou por ela nas agências? Vai ver ela perdeu o vôo como eu ou então embarca e vai atrás dela.
  — Não dá, eu nem sei para onde ela foi.
  — Como assim o senhor sabe?
  — Ela foi sequestrada.
  — Oh céus! Pense positivo vai dar tudo certo. Vai ver alguma alma boa a viu e pode te dar alguma pista.
  — Ultimamente não ando acreditando na bondade da raça humana.
  — Nunca diga isso! Hoje mesmo vi um exemplo de amor de um casal que cuida de uma irmã doente, a moça ruiva lindíssima e o noivo estavam levando a irmã dela para conhecer o Brasil e eu acho que elas nem são filhas do mesmo pai ou mesma mãe porque a doente era de pele morena mas mesmo assim a irmã a tratava com muito carinho.
  Leonardo não deu muita atenção porém Lisbela que vinha se aproximando ouviu a história e assimilou os fatos. Contou a ele e correu para a embaixada enquanto Ari foi verificar as câmeras de segurança, que constataram: Camila embarcou com um rapaz e com Diana em um vôo para Minas Gerais. No mesmo momento, Leonardo tirou o cartão de crédito da carteira e pediu sete passagens para Minas com urgência. Não haviam mais vagas, mas graças a um amigo de Henri eles conseguiram embarcar no vôo seguinte.

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