49. New Life.

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Armas. Pistolas. Eu tenho!

Abri a minha mochila enquanto corria e apontei-lhe uma das armas que tinha trazido comigo.

Ele parou e encarou com medo a pistola que estava nas minhas mãos e foi-se embora.

Entrei no comboio e parei numa paragem qualquer. Os hotéis de Paris, eram bastante caros, não haviam motéis, talvez fora da cidade, mas era impossível ir para lá, não quero gastar dinheiro e não quero ir a pé.

Contemplei o banco de jardim á minha frente, hoje serás a minha cama.

Tirei o cobertor que tinha pegado antes de incendiar a casa e usei a minha mochila como almofada. Era demasiado desconfortável, e estava muito frio. Mas a minha vida está igual ou pior, está vazia, sem emoção, sem cores, sem movimento, sem ele.

Eu só gostava de ser invisível, até mesmo de não existir.

- Olá! – Disse um rapaz, com uns vinte e seis anos que tinha vestido um fato de treino todo sujo e um boné.

- Falas inglês? – Perguntei.

- Sim, o que fazes aqui? – Questiona-me.

- Uma longa história. E tu?

- Aos dezasseis anos, fui expulso de casa pelos meus pais.

- Lamento. – Eu disse e ele sentou-se ao meu lado e ofereceu-me um charro, presumo ser de tabaco, eu aceitei, nem vi o que era, simplesmente acendi e fumei-o.

- Que idade tens? – Pergunto, expelindo o fumo dos meus pulmões para o ar sem vida á minha volta.

- Tenho dezassete. – Ele assume. Mas eu juro que ele parece muito mais velho, olhei mais de perto para o seu rosto e observei que era drogado, tinha a pele muito estragada e os dentes também.

- Pareces mais velho. Porque te colocaram fora de casa? – E de repente, comecei a ver tudo á roda, via três rapazes e não um. Olhei para o objeto que estava entre o meu indicado e o dedo mediano e vi que talvez eu não estaria a fumar tabaco.

- Droga.

- O que tinha este charro?

- Tabaco, heroína, uma pequena pedrinha de crack e erva. – Ele começou a gargalhar.

- Porque te ris? Eu não me estou a sentir bem.

- És burra o suficiente para aceitares um charro de uma pessoa desconhecida? Bem-Vinda á dependência de drogas.

Não, não. Eu não queria ser dependente de drogas, de nada! O Harry já era uma droga, á qual fiquei dependente e que tenho de levar para a vida toda, não quero isto!

- Como o crack e a heroína já estão no teu sistema, o teu corpo daqui a uns vinte ou trinta minutos, irá necessitar de mais droga, tu terás de vir até mim para a obter, desculpa mas é assim que se faz negócios sujos. Coloca-se uma pessoa dependente para depois precisar de ti. Nunca pensaria que irias aceitar o charro. Mas obrigadinha, amiguinha. Avenida L' Argent, sempre lá a vender droguinha. – E foi-se embora. Eu encostei-me ao banco e fechei os olhos.

Espero que aquilo que ele disse não seja verdade. O problema é que eu sei que é, eu sei o que é crack, mais do que ninguém. Não quero esta vida de dependência.

Não quero isto.

De repente, senti uma grande vontade de rir, abri os olhos e vi o Harry, estava mesmo á minha frente a contar-me uma piada sobre negros e brancos, eu não parava de rir.

Ele contou umas vinte piadas e eu só me ria, ria-me tanto, que já não tinha ar, a minha barriga e o meu maxilar doíam muito.

- Estás a gozar, amorzinho? – Ele questionou.

Eu assenti afirmativamente.

- Já não te via a rir assim á muito. – Ele abraçou-me e beijou-me, um beijo molhado, com muitos sabores. Fecho os olhos por prazer.

Quando os abro, porque algo faltava na minha boca, e vejo o Harry afastar-se de mim, como um fantasma.

- Não, não! – Gritei e comecei a chorar compulsivamente, levei os meus joelhos ao meu peito e coloquei a minha cabeça entre eles e chorei.

- Miss? – Alguém me abanava brutamente.

Abri os olhos e uma luz forte cegou-me.

- Miss? Ça va?

- Largue-me! – Peguei nas minhas coisas e continuei a caminhar pelas ruas desconhecidas. O meu andar era irregular, e eu estava com um dor de cabeça gigante, os meus olhos ardiam. A minha barriga roncava.

$Money$ |H.S.| PTOnde histórias criam vida. Descubra agora