Justin Bieber P.O.V.Às vezes é preciso olhar para dentro de si e perceber o que há de errado. Quando tudo em sua volta parece desmoronar e não apresenta sinais de melhora, talvez você apenas tenha que parar de lamentar por suas feridas e escombros. Em alguns momentos, um simples sopro pode derrubar o que existe em sua volta. Em meu caso, cansado de olhar o que, claramente, não estava funcionando, percebi que eu mesmo estava esmurrando minhas vigas enquanto tudo ameaçava cair. Enquanto tudo parecia realmente dar errado.
Tudo o que sempre quis foi poder cuidar da minha vida sozinho, sem nenhuma interferência ou palpite. A verdade por trás de tudo o que já fiz até agora é que eu sentia e ainda sinto a necessidade de ser singular. Entretanto, no meio do caminho, preciso perceber e confessar que me perdi em meio ao dinheiro, arrogância, vontade de poder e egoísmo. Destruí vínculos de amizades, fui o pior exemplo de filho que pais poderiam ter e passei por cima de pessoas, tudo isso para conseguir chegar aonde estou agora.
Sozinho.
Havia algo mais, na realidade. Eu não queria que se envolvessem em minha vida, mas também não pedi para ser responsável por mais uma. Ou duas.
Quando eu ainda era só um garoto e ainda visitava meus avós no Canadá, meu avô me contou uma história a cerca de crescer e se tornar um homem de verdade. Ele me falou que existe uma espécie de relógio natural cujo os ponteiros indicam a hora certa de crescer e que eu nunca deveria adiantá-los ou atrasá-los. Até mesmo em meus tenros 14/15 anos, achei aquilo uma merda. Entretanto, agora, eu meio que conseguia entender o princípio daquela ideia. As coisas só devem acontecer em seu tempo. Crescer e se tornar um homem, um adulto, é saber tomar decisões e saber qual caminho escolher.
Como descobri disso?
Percebendo que eu ainda não havia chegado lá por estar parado, encarando as ondas do mar indo e voltando, literalmente recluso em meu esconderijo.
E eu não fazia ideia de que merda seria da minha vida ou o que eu deveria fazer.
Depois que o Marco jogou aquela bomba em cima de mim, fazendo com que o chão sumisse embaixo dos meus pés, foi muito difícil processar o que havia acontecido depois. Palavras do tipo "você tem tempo para pensar" ou "faça a escolha certa, você precisa fazer" ficaram pulsando em minha mente.
"Bieber, você tá bem?" Era um rosto conhecido, uma voz também conhecida. Christian estava lá e me viu cambaleando em meus pés ao pisar no último degrau da estrada, fazendo muitos homens rirem em minha volta. Eu me sentia fraco como o inferno e, naquele momento, não encontrei nenhuma motivação para me fazer aparentar ser forte. Deixei que ele me levasse até seu carro e me tirasse dali, ainda com as palavras do Marco em minha cabeça.
Eu tinha que matar alguém ou a Victoria seria assassinada.
Duas pessoas e uma delas iria morrer. Por minha culpa.
Porque fui egoísta demais, prepotente demais, arrogante demais.
E agora estava sozinho, como sempre quis estar.
Eu não tinha um cigarro para pôr em minha boca, não tinha uma garrafa para me ajudar a esquecer essa merda. Eu não tinha nada enquanto fitava aquele mar. O céu tava nublado e parecia que um temporal estava a caminho, mas não me importei. Nada daquela merda importava.
Nada, porra.
Era tudo artificial demais, superficial demais.
Ou eu estava exagerando? Nunca agi que nem uma mulherzinha desamparada, mas eu realmente não sabia como me sentir de outra forma. Eu tinha todas aquelas tatuagens, falava mais palavrões do que provavelmente deve ter no dicionário, poderia ter a vadia que eu quisesse, tinha dinheiro pra caralho guardado, uma cobertura só minha, uma Ferrari, tinha um sorriso de molhar calcinhas e conseguia tudo o que queria. Eu não era bom, sabia disso. Descartava as pessoas, rebaixando-as à nada.