Capítulo sem título 21

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Justin Bieber P.O.V.

Às  vezes é preciso olhar para dentro de si e perceber o que há de errado.  Quando tudo em sua volta parece desmoronar e não apresenta sinais de  melhora, talvez você apenas tenha que parar de lamentar por suas feridas  e escombros. Em alguns momentos, um simples sopro pode derrubar o que  existe em sua volta. Em meu caso, cansado de olhar o que, claramente,  não estava funcionando, percebi que eu mesmo estava esmurrando minhas  vigas enquanto tudo ameaçava cair. Enquanto tudo parecia realmente dar  errado.

Tudo o que sempre quis foi poder cuidar da minha vida  sozinho, sem nenhuma interferência ou palpite. A verdade por trás de  tudo o que já fiz até agora é que eu sentia e ainda sinto a necessidade  de ser singular. Entretanto, no meio do caminho, preciso perceber e  confessar que me perdi em meio ao dinheiro, arrogância, vontade de poder  e egoísmo. Destruí vínculos de amizades, fui o pior exemplo de filho  que pais poderiam ter e passei por cima de pessoas, tudo isso para  conseguir chegar aonde estou agora.

Sozinho.

Havia algo  mais, na realidade. Eu não queria que se envolvessem em minha vida, mas  também não pedi para ser responsável por mais uma. Ou duas.

Quando  eu ainda era só um garoto e ainda visitava meus avós no Canadá, meu avô  me contou uma história a cerca de crescer e se tornar um homem de  verdade. Ele me falou que existe uma espécie de relógio natural cujo os  ponteiros indicam a hora certa de crescer e que eu nunca deveria  adiantá-los ou atrasá-los. Até mesmo em meus tenros 14/15 anos, achei  aquilo uma merda. Entretanto, agora, eu meio que conseguia entender o  princípio daquela ideia. As coisas só devem acontecer em seu tempo.  Crescer e se tornar um homem, um adulto, é saber tomar decisões e saber  qual caminho escolher.

Como descobri disso?

Percebendo que  eu ainda não havia chegado lá por estar parado, encarando as ondas do  mar indo e voltando, literalmente recluso em meu esconderijo.

E eu não fazia ideia de que merda seria da minha vida ou o que eu deveria fazer.

Depois  que o Marco jogou aquela bomba em cima de mim, fazendo com que o chão  sumisse embaixo dos meus pés, foi muito difícil processar o que havia  acontecido depois. Palavras do tipo "você tem tempo para pensar" ou  "faça a escolha certa, você precisa fazer" ficaram pulsando em minha  mente.

"Bieber, você tá bem?" Era um rosto conhecido, uma voz  também conhecida. Christian estava lá e me viu cambaleando em meus pés  ao pisar no último degrau da estrada, fazendo muitos homens rirem em  minha volta. Eu me sentia fraco como o inferno e, naquele momento, não  encontrei nenhuma motivação para me fazer aparentar ser forte. Deixei  que ele me levasse até seu carro e me tirasse dali, ainda com as  palavras do Marco em minha cabeça.

Eu tinha que matar alguém ou a Victoria seria assassinada.

Duas pessoas e uma delas iria morrer. Por minha culpa.

Porque fui egoísta demais, prepotente demais, arrogante demais.

E agora estava sozinho, como sempre quis estar.

Eu  não tinha um cigarro para pôr em minha boca, não tinha uma garrafa para  me ajudar a esquecer essa merda. Eu não tinha nada enquanto fitava  aquele mar. O céu tava nublado e parecia que um temporal estava a  caminho, mas não me importei. Nada daquela merda importava.

Nada, porra.

Era tudo artificial demais, superficial demais.

Ou  eu estava exagerando? Nunca agi que nem uma mulherzinha desamparada,  mas eu realmente não sabia como me sentir de outra forma. Eu tinha todas  aquelas tatuagens, falava mais palavrões do que provavelmente deve ter  no dicionário, poderia ter a vadia que eu quisesse, tinha dinheiro pra  caralho guardado, uma cobertura só minha, uma Ferrari, tinha um sorriso  de molhar calcinhas e conseguia tudo o que queria. Eu não era bom, sabia  disso. Descartava as pessoas, rebaixando-as à nada.

Scandalous BicthOnde histórias criam vida. Descubra agora