Justin Bieber P.O.V.Tudo estava escuro. Eu não sentia meu corpo. Não conseguia ouvir, enxergar ou me mover. Passei o que me pareceu a eternidade nessa condição, consciente porém anestesiado de tudo ao meu redor. Por um momento me passou que talvez eu estivesse morto, mas não conseguia me lembrar do que havia acontecido antes, o que me resultou um dilema agonizante. Toda a agonia, então, foi sendo esquecida conforme alguma coisa me puxava cada vez mais para baixo, para uma profundeza mais escura, se é que fosse possível.
Se eu ainda não estava morto, aquele era o sinal do meu último suspiro. Foi a única certeza que tive antes de ter a sensação de estar me afogando ou sendo sufocado até apagar novamente e perder o último sentido que me restava.
Um bipe. Outro bipe. Uma mistura de sons. Um cheiro. Uma superfície aveludada embaixo dos meus dedos, dos meus braços e das minhas pernas. O ar entrando em meus pulmões. O gosto amargo em minha boca. O escuro parcial devido a uma iluminação sobre minhas pálpebras. Meu coração batendo. Uma sensação de conforto causada por um toque macio em uma das minhas mãos.
Uma voz.
- Ah, Justin... - o mesmo toque delicado percorreu meu braço lentamente, fazendo com que minha pele reagisse em um arrepio - Acorda logo, tá? Você precisa acordar para ver o quanto sua mãe te ama, o quanto ela tá preocupada com você e o quanto você é amado. - era um sussurro conhecido que me trazia uma estranha sensação de familiaridade e proteção. Eu não conseguia associar direito as palavras ou entendê-las, mas comecei a sentir como se minha cabeça estivesse voltando a trabalhar lentamente - Você precisa acordar logo para voltar a encher o saco de todo mundo em sua volta, para encher meu saco... Você precisa acordar logo para ver a segunda chance incrível que a vida te deu. [...]
Era a Victoria.
Era a voz da Victoria.
O toque da Victoria.
Onde eu estava? Por que ela estava me pedindo para voltar? Onde eu tinha ido? O que tinha acontecido?
- [...] Eu cansei de dizer adeus para você. Cansei de despedidas. Eu não quero mais seguir minha vida sem te ter nela. Nós crescemos com tudo o que aconteceu, com tudo o que fizemos e só agora consegui ver com clareza o porquê de sempre sermos empurrados de volta um para o outro. Você não me deixou responder tudo o que me disse naquele hotel em Paris, mas eu não tinha muito o que dizer além de corresponder o que você sente. Eu não estaria aqui segurando sua mão, ciente de que estou falando sozinha se não existisse alguma coisa dentro de mim que se acendesse quando te vejo, quando sinto o cheiro que só você tem, quando ouço sua voz ou quando encaro seus olhos bem em minha frente. Deus, até mesmo quando penso em você. Sempre pensei que fosse fraqueza ou falta de controle, mas eu mal sabia que você iria me tornar mais forte e mais crescida. É por isso que eu vou estar com você agora. Quando se sentir perdido, vou te ajudar a se encontrar. Quando se sentir fraco, vou te mostrar como se reerguer. Quando se sentir sozinho, vou apontar para todas as pessoas que te amam, como sua mãe, e te dar a certeza de que sempre estarei segurando sua mão. Tudo bem, Justin? [...]
Eu queria respondê-la.
Queria dizer que, por Deus, eu nunca conseguiria imaginá-la dizendo tudo aquilo e expondo seu coração, sua vulnerabilidade, seu rastro de humanidade, mas que nunca estive tão feliz e que ela nunca soou tão inacreditavelmente linda. Eu queria ter forças para encará-la. Queria olhar em seus olhos e pedir para repetir que não iria me deixar ou que não iria embora, mas eu não conseguia me mover, não conseguia reagir.
- Eu prometo. - ela sussurrou, selando aquela jura entre nós e senti o que me pareceu seus lábios encostarem em minha mão que segurava, causando-me um frio na barriga.