Capítulo sem título 26

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Justin Bieber P.O.V.

Tudo  estava escuro. Eu não sentia meu corpo. Não conseguia ouvir, enxergar  ou me mover. Passei o que me pareceu a eternidade nessa condição,  consciente porém anestesiado de tudo ao meu redor. Por um momento me  passou que talvez eu estivesse morto, mas não conseguia me lembrar do  que havia acontecido antes, o que me resultou um dilema agonizante. Toda  a agonia, então, foi sendo esquecida conforme alguma coisa me puxava  cada vez mais para baixo, para uma profundeza mais escura, se é que  fosse possível.

Se eu ainda não estava morto, aquele era o sinal  do meu último suspiro. Foi a única certeza que tive antes de ter a  sensação de estar me afogando ou sendo sufocado até apagar novamente e  perder o último sentido que me restava.

Um bipe. Outro bipe. Uma  mistura de sons. Um cheiro. Uma superfície aveludada embaixo dos meus  dedos, dos meus braços e das minhas pernas. O ar entrando em meus  pulmões. O gosto amargo em minha boca. O escuro parcial devido a uma  iluminação sobre minhas pálpebras. Meu coração batendo. Uma sensação de  conforto causada por um toque macio em uma das minhas mãos.

Uma voz.

-  Ah, Justin... - o mesmo toque delicado percorreu meu braço lentamente,  fazendo com que minha pele reagisse em um arrepio - Acorda logo, tá?  Você precisa acordar para ver o quanto sua mãe te ama, o quanto ela tá  preocupada com você e o quanto você é amado. - era um sussurro conhecido  que me trazia uma estranha sensação de familiaridade e proteção. Eu não  conseguia associar direito as palavras ou entendê-las, mas comecei a  sentir como se minha cabeça estivesse voltando a trabalhar lentamente -  Você precisa acordar logo para voltar a encher o saco de todo mundo em  sua volta, para encher meu saco... Você precisa acordar logo para ver a  segunda chance incrível que a vida te deu. [...]

Era a Victoria.

Era a voz da Victoria.

O toque da Victoria.

Onde eu estava? Por que ela estava me pedindo para voltar? Onde eu tinha ido? O que tinha acontecido?

-  [...] Eu cansei de dizer adeus para você. Cansei de despedidas. Eu não  quero mais seguir minha vida sem te ter nela. Nós crescemos com tudo o  que aconteceu, com tudo o que fizemos e só agora consegui ver com  clareza o porquê de sempre sermos empurrados de volta um para o outro.  Você não me deixou responder tudo o que me disse naquele hotel em Paris,  mas eu não tinha muito o que dizer além de corresponder o que você  sente. Eu não estaria aqui segurando sua mão, ciente de que estou  falando sozinha se não existisse alguma coisa dentro de mim que se  acendesse quando te vejo, quando sinto o cheiro que só você tem, quando  ouço sua voz ou quando encaro seus olhos bem em minha frente. Deus, até  mesmo quando penso em você. Sempre pensei que fosse fraqueza ou falta de  controle, mas eu mal sabia que você iria me tornar mais forte e mais  crescida. É por isso que eu vou estar com você agora. Quando se sentir  perdido, vou te ajudar a se encontrar. Quando se sentir fraco, vou te  mostrar como se reerguer. Quando se sentir sozinho, vou apontar para  todas as pessoas que te amam, como sua mãe, e te dar a certeza de que  sempre estarei segurando sua mão. Tudo bem, Justin? [...]

Eu queria respondê-la.

Queria  dizer que, por Deus, eu nunca conseguiria imaginá-la dizendo tudo  aquilo e expondo seu coração, sua vulnerabilidade, seu rastro de  humanidade, mas que nunca estive tão feliz e que ela nunca soou tão  inacreditavelmente linda. Eu queria ter forças para encará-la. Queria  olhar em seus olhos e pedir para repetir que não iria me deixar ou que  não iria embora, mas eu não conseguia me mover, não conseguia reagir.

- Eu prometo.  - ela sussurrou, selando aquela jura entre nós e senti o que me pareceu  seus lábios encostarem em minha mão que segurava, causando-me um frio  na barriga.

Scandalous BicthOnde histórias criam vida. Descubra agora