Victoria Wolfgang P.O.V.Fiquei com o rosto e o sorriso do Justin em minha cabeça mesmo depois que fechei a porta, quebrando o contato entre nós. Suspirei. Aquilo havia sido divertido e fiquei, de certa forma, feliz por termos encontrado uma espécie de equilíbrio entre nossas personalidades. Era incrível o quanto parecia distante todas as nossas brigas e provocações nos corredores da Brearley, durante a viagem no Havaí ou em qualquer lugar em que estivéssemos respirando o mesmo ar. Agora, entretanto, conseguimos de algum jeito encontrar uma linha tênue entre nós e que foi o suficiente para nos unirmos.
"Eu tenho sentimentos por você, Victoria."
Deus, aquilo não parava ecoar em minha mente. Eu vi seu rosto, vi seus olhos, sabia que ele não estava mentindo a cerca disso. E por que mentiria, afinal? Assumir sua fraqueza diante de mim não era exatamente um prêmio. Felizmente, antes que eu pudesse falar qualquer coisa ele me calou, pois, caso contrário, saberia que eu não tinha absolutamente nada para respondê-lo. Eu tinha sentimentos por ele? Esse suar das minhas mãos e essa sensação esquisita e desagradável no meu estômago significava isso? Se sim, independente de qualquer coisa, não resultaria em nada. Como foi bem apontado pelo próprio, Justin e eu não nascemos para essa merda. E, talvez, mas só talvez, se eu abrisse minha boca para devolver o que me foi dito, as palavras poderiam arruinar a fina linha que nos aproximou.
Duas batidas suaves na porta me fizeram acordar do meu transe - eu ainda estava com os olhos fixos nos cachos de uvas - e imaginei que pudesse ser o serviço de quarto para a retirada do café da manhã ou até mesmo o Josh com meu professor particular. Caminhei preguiçosamente até à porta, desejando mais que tudo alguns minutos na esteira para aliviar minha inquietação e ansiedade por ser obrigada a procrastinar dessa maneira, e abri a cuja dita, encontrando Josh, Ruth e meu advogado do outro lado da soleira.
É, ok. Não era o que eu estava exatamente esperando.
- Olá, pessoal. - falei sem conseguir esconder a desconfiança em minha voz. Uma visita repentina dos três não era algo tão usual, mas imaginei que teríamos algo assim em breve. - Entrem. - abri mais um pouco a porta e dei acesso aos três que passaram pela soleira silenciosamente. Ao fechá-la, virei-me para eles e os acompanhei por dentro da suíte até que todos estavam acomodados em sofás e poltronas. - Certo, qual o problema? - perguntei, avaliando suas expressões cautelosas.
- Temos duas situações desagradáveis em que a pior delas é um efeito colateral. - Josh falou e eu revirei os olhos, bufando. Encostei-me no braço da poltrona e cruzei meus braços, erguendo minha sobrancelha.
- Josh, pelo o que você me conhece e pelo tempo que já vem assumido minha carreira sabe que eu odeio enrolações. Então, por favor, vá direto ao ponto. - falei, vendo-os se entreolharem novamente. Ruth tomou uma respiração longa e pesada e depois suspirou, gesticulando silenciosamente enquanto balançava sua cabeça como se estivesse buscando maneiras de me dar aquela notícia.
- A equipe de marketing havia nos contatado e parece que os tabloides transformaram a sua relação com o Justin Bieber em algo negativo. - franzi o cenho, não entendendo qual o ponto em que ela queria chegar.
- Mas não é o dever deles fazer com que a mídia se direcione para o lado positivo? - perguntei, interrompendo-a.
- Sim, absolutamente, mas existem veículos como o TMZ e HollywoodLife que não possuem embasamento com as equipes de marketing representantes. Eles ganham visibilidade, dinheiro e acessos por "contarem verdades" - fez aspas com os dedos - que outros sites e revistas não publicam. Muitas das verdades são pretensiosas e mentiras, mas, no seu caso, é verdade. Eles conseguiram uma espécie de histórico ilegal do sr. Bieber, o seu mugshot¹ de quando foi detido em L.A. e isso tudo acabou sendo associado ao seu nome. - senti minha espinha esfriar e desviei o olhar para longe, para fora da janela, tentando digerir aquela situação.