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Conforme os dias se passaram, a ansiedade pelas férias e minha ida à South Shields só aumentava. Com os últimos - e intensos - acontecimentos, tudo o que eu ansiava era ficar longe de Oxford pelo menos por um tempo. Jade estava preocupada comigo, e vinha sempre com a mesma conversa de que eu "não podia fechar as portas e fugir de tudo como se assim o sentimento fosse embora". Mas era o que eu podia fazer.

Ninguém fazia ideia de como aquele beijo tinha me afetado ou de quantas noites fiquei sem dormir pensando nele. Tive os mais improváveis e malucos sonhos em relação a isso e esse era um dos motivos para que eu decidisse manter o máximo de distância de Zayn possível - pelo bem. O problema é que o famoso clichê "o que os olhos não veem o coração não sente" funcionava apenas com o coração mesmo, já que minha mente não me deixava em paz.

Tentei fazer as coisas funcionarem com Steve porém éramos muito diferentes - não que Zayn e eu éramos almas gêmeas - e nossas diferenças pesavam muito. Ele era ambicioso, imaturo e sempre fazia piadas de coisas erradas nas horas erradas, ele percebeu que eu não estava bem e mesmo assim só dizia "podíamos ir para a casa do lago e deixar as coisas mais molhadinhas por aqui". Apesar de ser gentil e bonito, não ia dar certo.

Quando finalmente as aulas foram encerradas, no dia seguinte Jade e eu estávamos indo para casa. Brad estava indo junto pois iria conhecer Norma e passar uns dias antes do natal na cidade, e por sorte ele não tocava no nome do amigo nem de longe. Eu sabia que Zayn ia para Bradford passar as festas em família e até cogitei a ideia de falar com ele, pelo espírito de natal, porém depois de minha última visão dele ter sido do mesmo com Thabita dando uns amassos no estacionamento, apenas achei melhor continuar por fora.

O fato deles continuarem juntos depois de tudo só fez a minha dúvida sobre a "paixão" dele aumentar, e fiquei aliviada das coisas terminarem daquela forma, antes que fosse tarde demais para eu cair fora.

O natal da família Edwards era previsível, mas sempre especial. Minha avó materna nos recebia em sua casa todos os anos com a melhor torta de creme de maçã existente, enquanto cada um de seus filhos levava algum prato para a ceia. Vovó já não era nova nem de longe mas sempre amou viver sozinha em sua casa com seus gatos, e coitado de quem ao menos comentasse sobre ela se mudar, era como assinar uma sentença de morte.

Então veio a virada do ano, e como sempre eu agradeci pelo ano anterior apesar de pedir que as coisas melhorem - principalmente dentro de mim. Fui à uma festa com minha prima Ellie e minha amiga Kath enquanto Jade foi ver os fogos no litoral com Brad, foi divertido e vi antigos colegas meus, era estranho como eu já não me sentia como se pertencesse ali.

Os dias seguintes foram comuns, e essa era a melhor parte. Acordar no meu antigo quarto e sentir o cheio do café da manhã sendo preparado antes da minha mãe ir para o trabalho, depois deitar no sofá e ver TV de pijama até ficar entediada o suficiente.

E foi assim naquela quarta-feira.

Levantei, fui direto lavar o rosto e dar um jeito no cabelo, a cama como sempre ficava meio arrumada já que às vezes eu acabava voltando, então desci a tempo de ver minha linda mãe colocando a comida na mesa.

- Bom dia querida - ela disse com seu melhor sorriso.

- Bom dia, acho que nós duas nos adiantamos hoje - falei puxando uma cadeira.

Minha mãe era simplesmente a mulher mais admirável do mundo, e podia observá-la por muito, muito tempo. Sua doçura mesmo depois de períodos tão difíceis só revelava a força que existia por trás dela.

- Decidi colocar um bolo para assar e enquanto isso conversar com você caso levantasse cedo também - ela disse e franzi a testa.

- Sobre o quê? - perguntei enquanto pegava um biscoito no pote.

Potential Problem [Zerrie]Onde histórias criam vida. Descubra agora