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Me sentia alta, flutuando, no ápice daquilo que não se podia voltar atrás. Era uma sensação medonha e até dramatizada se parasse para pensar bem, mas era exatamente assim que eu me sentia sentada no banco do carona do carro de Zayn enquanto ele dirigia de Oxford até Bradford.

Minha reflexão começou enquanto eu comia um pacote de batatas compradas durante nossa parada em Sheffield, tínhamos saído de madrugada, da mesma forma que Jade e eu fazíamos para ir em casa, para chegarmos a tempo do café da manhã ou o almoço. Eu sentia como se nosso namoro tivesse chegado ao velho estágio onde se cai na real de que é pra valer, simplesmente porque estamos indo certificar isso para outras pessoas, pessoas que realmente importavam.

Quando Trisha ligou implorando para fôssemos visitá-los antes do verão à princípio fiquei receosa, mas depois gostei da sensação de ir me apresentar para minha sogra apesar de quão grande aquilo era. Conheceria a mãe de Zayn, irmãs, o pai e o lugar onde ele tinha tantas histórias para contar - as quais ele contava mais e com mais frequência que nunca. Eu não podia me sentindo mais importante.

- Você está pensando.

Encarei Zayn e ele ria.

- O que?

- Quando você está refletindo sobre alguma coisa faz umas expressões disfarçadas, e você está disfarçando um sorriso convencido agora mesmo - sem me olhar ele observou me conhecendo do avesso, e ai sim dei um sorriso convecido bem explícito.

- Isso é bom ou ruim? - indaguei.

- Depende do que está na sua cabeça - sua resposta me fez encher a boca com mais um pedaço grande de batatinhas com gosto salgado misturado com molho de churrasco.

Eu estava bem, era maio e as provas do semestre não estavam me tirando tão do sério. Psicologia continuava tomando muito meu tempo e meu cérebro e eu estava apaixonada, e acho que essa paixão era o que me fazia ver facilidade em boa parte das coisas. Steve e Thabita assumiram um romance de dar nojo, mas pelo menos não pegavam mais no nosso pé, ou fingiam muito bem que não se importavam.

- Por favor, não se incomode com os olhares - Zayn pediu e coloquei um pedaço pequeno de batata na sua boca.

- Que olhares?

- Os de "não acredito que você está namorando ele" ou "nossa eu esperava alguém com piercings e tatuagens por todo o corpo, no mínimo uma burra e magricela" - acabei deixando uma gargalhada escapar - Estou falando sério Per, eles vão babar em você.

- Me sinto muito bem com isso - comentei, Zayn rolou os olhos no seu tipico estado de espírito onde eu sou uma criatura inacreditável.

Chegamos no bairro da sua casa por volta das onze, Zayn disse que provavelmente encontrariamos o almoço praticamente pronto naquela altura, o que me deixou feliz. Levamos as nossas coisas para a porta da casa de fachada branca de cerâmica antes que Zayn destrancasse a porta com a sua velha chave, e meu estômago tremeu.

- Chegamos - Zayn anunciou com a voz animada colocando nossas mochilas no canto da porta, depois pegando minha mão para tentar aliviar meu surto de timidez.

Em menos de dois minutos, uma garotinha sapeca e animada apareceu na sala de estar correndo e rindo animada. Era Anya, com seus longos canelos negros, uma mini deusa de cinco anos de idade que se jogou sobre Zayn com força, me fazendo soltar sua mão e observá-los com ternura.

Não era uma ternura forçada, provavelmente meus olhos brilhavam da mesma forma que meu coração se desmanchava diante daqueles dois, ela parecia tão completa com ele.

- Senti sua falta princesa - Zayn disse pegando a menina pequena e magra no colo.

- Sentia sua falta Zaaaaa - ela gargalhou, mas travou um pouco quando me viu.

Potential Problem [Zerrie]Onde histórias criam vida. Descubra agora