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O casamento do meu irmão havia chegado e minha "viagem" estava sendo uma sequência de arrependimentos, mas não podia reclamar, nem voltar atrás. Apesar de nossos parentes de outras cidades não terem ficado em nossa casa, aquele lugar estava atordoado desde a véspera do casamento, pessoas entrando e saindo e procurando coisas, minha mãe surtando e eu perdida no meio daquilo tudo.

Deveria ter aceito o convite de Kath para ficar na sua casa, porém ela ainda morava com os pais e fiquei sem jeito já que estava com Zayn, poderia ter sido bem melhor.

Meu vestido de madrinha era um azul bebê com uma laço enorme nas costas, não era feio, na verdade a renda atrás, nos ombros e no colo o deixava charmoso, e teria ficado perfeito se não fosse o cumprimento. Sua saia ia até o meu joelho e não tinha como pedir mamãe para cortar, e com a sapatilha de salto fiquei parecendo uma beata - horrível. Zayn riu quando disse isso a ele, mas era como eu me sentia e eu ficaria na frente de todo mundo dentro daquilo.

Talvez se eu tivesse aparecido na prova dos vestidos isso não teria acontecido, mas havia ido à um festival com meu namorado, o que foi tratado como "imprevisto" para minha cunhada no telefone. As outras madrinhas eram mais velhas e faladeiras, eu não estava com o menor pique de aturá-las antes do dia o qual havia prometido aparecer.

Mas existe a parte boa de tudo, e nesse caso foi que conheci meus adoráveis sobrinhos gêmeos; Alice e Danny. Eram praticamente idênticos, com grandes olhos azuis e grandes bochechas, que formavam um rosto engraçadinho junto com a cabeça quase careca, encantadores.

Na manhã do casamento o céu estava ensolarado, Zayn me acordou com um longo beijo no pescoço que me acendeu uma sensação gostosa de coragem para enfrentar o longo dia pela frente.

- Sua mãe já bateu na porta duas vezes perguntando se você já se levantou - disse ele, dessa vez beijando meu ombro.

- Na terceira diga a ela que morri - sorri forçada e Zayn revirou os olhos tirando o cobertor de cima da gente.

- É o casamento do seu irmão, bicho preguiça, levante essa bunda daí - dessa vez eu fiz careta e deitei de barriga pra cima, o olhando - Eu estou falando sério Per, já estão pensando besteira.

- Que tipo de motivação eu vou ter para colocar meu pobre corpo para trabalhar? - indaguei apertando o braço de Zayn, e ele entendeu o tom da minha pergunta ao se curvar sobre mim.

- Não foi assim que te criei - brincou e selou nossos lábios, depois me beijando mais com a mão na minha cintura, deslizando sua boca contra a minha pelo tempo que conseguimos até a porta ser quase arrombada.

- Zayn, derrube ela da cama se for preciso, mas o pessoal já está aqui para nos arrumar - minha mãe gritou, tentando ainda soar o mais doce possível.

- Eu já estou descendo! - gritei de volta e conseguia a visualizar dizendo "finalmente" - Você vai ficar bem sozinho?

Zayn assentiu enquanto eu saía da cama, pegando a primeira roupa velha da mala.

- Vou ficar brincando com os cachorros, mas se você quiser posso sair e comprar um café da manhã pra gente, porque parece que aqui as coisas estão malucas.

- Depois que eu fizer as unhas preparo uns pães pra gente, ou você pode fazer isso por mim, já que vai estar atoa.

Entrei no banheiro com desânimo e tirei o pijama, não estava com nenhum ânimo para ficar sentadas por horas e provavelmente era muito cedo. Não vi graça nesse casamento em plena metade do dia, apesar de boa parte dos ingleses gostar disso - principalmente no verão -, matar o almoço era uma afronta e me fazer sair da cama às oito da manhã em um domingo era uma afronta ainda maior.

Potential Problem [Zerrie]Onde histórias criam vida. Descubra agora