Capítulo 2 - O mesmo de sempre

209 20 13
                                    

Eva Bovoir

O sinal ressoa um hino de liberdade pois enfim chegara o fim desse ano.

Desse dia em diante estou felizmente livre das escadarias cansativas, das carteiras azuis e principalmente dos olhares julgadores!

Não que eu odeie a escola, mas sim com certeza, as pessoas que a compõem, pois não cansam de menosprezar-me pelos problemas familiares e não que não tenham motivo, entretanto mais do mesmo veio arrastando-me desde o primeiro do médio até hoje, o último ano.

Vou caminhando a casa sob cada um dos olhares indiscretos.

As pessoas que sabem da minha história pouco aproximam-se, se não por desprezo por pena então, afinal é de dúvida geral a relação afetiva que mantenho com meu padrasto, Ernesto, e como ele ainda não pôs-me fora de sua casa, pois como eu e toda Lord Elliot Sparks pensa não passo de um estorvo que ele não tem a menor obrigação de arcar quando minha mãe abandonou-me a pouco mais de dois anos em suas mãos.

Até porque eu e Ernesto nunca tivemos uma ótima relação parental, eu não apegava-me a nenhum dos maridos de minha mãe, pois bem sabia que logo ela ia decidir por abandona-los e partir, coisa que aconteceu em meses porém para minha surpresa com o acréscimo de que ela deixou-me também a mercê do homem que viveu com ela durante oito meses e que era para mim um completo estranho que poderia resultar ser um assassino, ladrão, estuprador, de tudo.

Menos o que esperei: Um homem bom que me acolhera em seus braços sem a menor cerimônia e tratando-me como uma filha mesmo com defeitos como os que qualquer outro ser humano possuía, decerto, mas ainda assim diferente do que fariam muitos sempre pensou em mim com respeito e até carinho, inclusive criara um fundo escolar para mim afim de garantir meu futuro mesmo em face  do seu mais terrível vício: Apostas;
Baralho, briga de galo, racha ou pôquer, Ernesto joga com e no que pode e por ser sempre jogos de azar ele perde mais que ganha, deixando-me assustada sobre o que pode ocorrer-lhe por meter-se com a  gente ruim que encontra-se nesse núcleo.

Aperto meu cordãozinho de ouro com pingente de rubi no pescoço, única conexão com o pai que nunca conheci, e peço baixo para que meu padrasto, ainda que não mereça, fosse poupado de eventuais problemas principalmente agora que ele se meteu, mesmo diante dos meus incessantes protestos, com um grupo perigoso do centro pior até do que todos os outros que já se envolveu, pois esse realmente é capaz de fazê-lo grande mal.

Viro o último quarteirão e chego em poucos passos a minha casa modesta, comparada a mansão  pertence ao magnata Ernesto Viena faz apenas alguns anos.

Seu império havia ruído junto ao golpe e a tristeza da perda da mulher que tirou-o do obscuro universo sem amor que nunca o ensinou a viver novamente sem.

Abro o portão e chamo por Ernesto, a sexta era o seu dia livre devido ao trabalho de vigia noturno.

Não ouço resposta e isso me assusta muito, pois é sempre um sinal de que ele pode se meter em mais confusão do que havia feito.

Sua dívida com o cassino do centro "Open" é maior do que podemos pagar, mas ele persiste em gastar mais e mais, inclusive nossas últimas economias.

Ao menciona-las imediatamente me desespero e corro ao pote da cozinha onde outrora julguei bem guardado o dinheiro que me dera e o encontro vazio.

Completamente .

Saio ao pé que cheguei quando previ a proporção da encrenca que ele pode causar.

Já fora a chuva se apresenta no céu da sexta, no entanto não ligo, pois só consigo pensar no que pode acontecer com a única pessoa que se importa comigo a medida que me importo com ela.

O pecado de EvaOnde histórias criam vida. Descubra agora