Capítulo 16 - Minha pérola

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Vicente Castañol

Ser filho de um magistrado tão conhecido sempre foi para alguém como eu mais um problema que solução, era como se cada porta aberta desde a graduação fosse só mais uma compensação referente a algum contato feito com esforço e dedicação do admirável Juan Cárceres, não meu.

Em dado momento, percebi que ainda que abdicasse de festas, bebidas e mulheres em função do estudo, eu nada seria se começasse por onde ele começou eu tomei coragem de seguir um sonho: Iniciar a carreira na área empresarial ao lado de um respeitado herdeiro do ramo, Hugo Crawford, o primeiro que olhou mais para o currículo que para o sobrenome, o que na verdade desconfio que não soubesse até pouco.

Só não esperava ao ir atrás desse sonho me deparar com um que sempre considerei o pior dos pesadelos: Colocar prazer pessoal acima do trabalho.

Eu nunca fui assim, essa personalidade caçadora masculina não alcançou meu DNA como no meu pai e, obviamente, foi o que fez tão fácil abrir mão das baladas.

Até hoje.

Hoje, ou melhor, agora eu tenho a impressão de que todo o panorama muda em si mesmo, não que eu seja virgem, não sou nem um pouco, mas certamente não sou o tipo de homem que consegue sexo no primeiro dia e menos com uma cliente gostosa do escritório que tanto custei a encontrar para trabalhar.

- Não devo - Falei para mim mesmo bem baixinho enquanto desisti de bater contra a grande porta de madeira de coloração branca adornada por um muro de pedras acizentadas.

Inclusive, cheguei a começar a dar meia volta quando sinto uma mão quente sobre meu punho.

Me viro com surpresa, mas então me dou conta que maior seria assim que visse o que estive a um segundo de gentilmente me privar.

Que Elaina Vidal era um mulherão era mais que evidente, entretanto, se é que era possível, estava ainda mais estonteante num hobby vermelho de seda em contraste a pele escura que pedia minha língua.

Sinto o meu pênis se erguer entre o tecido do jeans como tantas vezes só de vê-la entrar no ambiente.

- Vai entrar? - Era para ser pergunta, soou desafio e não me importei.

Na verdade, é que eu não queria me importar.

Uma única vez eu decidi que não seria Vicente, cujo pai era quem eu me esforçava para não ser sombra,  e que ela não seria Elaina, a principal causa do meu trabalho.

- Claro. Se não porque viria?

Para desistir na porta, como quase fiz.

Obriguei minhas pernas a se moverem e caminhos mais adentro de um jardim de grama esverdeada e aparada conforme eu buscava a mão que ela insistia em esconder.

Quase a repreendi, ser contra os menages é contra meu código porque é como se você entregasse seu total envolvimento, ainda que físico, a mais de uma pessoa e pelas poucas relações apreendi que é aí que reside o erro, não no se envolver, mas no não se deixar.

E se ultrapassei essa porta é porque o quero na carne com o todo da carne, com a mão na outra, no beijo e no tapa ainda que uma noite.

- Você está diferente de pelas mensagens - Advertiu quando contornamos a piscina com minha mão na sua.

- Tem razão, pessoalmente eu sou bem melhor - Provoquei com uma piscada de olho sem deixar transpassar que pouco havia de mim naqueles curtos textos.

Eu poderia fazer o cafajeste como ela pensava que era e não me custaria muito, mas então ela poderia estar com qualquer um que fosse assim.

Eu faria a diferença nos detalhes.

O pecado de EvaOnde histórias criam vida. Descubra agora