[PARTE II]Começou a tatear um enorme espaço vazio ao seu lado sentindo o peso do sono ser maior do que a sensação de estar em um lugar diferente do que adormecera. Era esquisito, pois mesmo no escuro, começou a reconhecer as luzes estranhas do abajur, o uniforme no cabide ao seu lado e das cortinas esvoaçantes iluminadas apenas pela penumbra da lua.
Sua boca tinha um leve gosto de chocolate amargo.
Louis encolheu–se um pouco mais, tentando acostumar–se ao frio e o fato de ter despertado ainda no meio da noite. Ficou ali, encolhido embaixo dos lençóis, encarando as costas de Harry, que estava sentado na beira da cama, prestando atenção no vazio que escondia atrás da enorme janela do quarto. Ao ouvir o som do corpo se movendo no colhão, virou–se para olhá–lo.
– Que horas são? – murmurou Louis, ainda com a voz embargada pelo sono e sentindo a garganta seca.
– Uma hora. Pode voltar a dormir, não vou incomodar você.
Quando consegue assimilar o que está acontecendo, percebe que seus dedos estão livres dos sapatos e seu corpo completamente envolto por travesseiros e lençóis. Era muito estranho o quanto se sentia confortável do lado de cá, envolto pela cor branca e o cheiro forte de amaciante de roupas para bêbê.
– E o jogo?
Ele suspirou, mudando sua posição para que pudesse abraçar os joelhos embaixo dos cobertores. Afundou parte do seu rosto na maciez do travesseiro.
Harry não respondeu, mas sua mão coça o nariz e Louis não sabe dizer se ele está fungando ou se era frio. Mesmo envolto por tantos tecidos, seu corpo está arrepiado como se estivesse descido na maior montanha–russa do mundo, com seu estomago indo até a boca e os olhos lacrimejando. E o outro esconde o rosto entre as duas mãos. Só por isso, ele sabe que não é apenas um fungado ou frio. Quer ir lá, fazer qualquer coisa que pudesse levantar o rosto, que o encharcasse de lama de novo, qualquer coisa que não o pusesse naquela situação.
– Não foi a sua culpa. – Louis disse, tentando procurar qualquer desculpa plausível para parecer um ser humano decente. Ele realmente não sabe o que fazer. – É essa a hora que eu chamo a ambulância ou...
Edward sorri, o olhando pelo ombro e enxugando uma lagrima saliente com o polegar.
– Não. Obrigado.
– Cadê eles?
– Chegaram um tempo atrás. Eu tranquei a porta, não se preocupe eu– Louis. Eu não quero falar sobre isso agora, volta a dormir. Eu durmo no chão de novo.
– Vem dormir. – Louis sorriu, dando três batidinhas no espaço vazio ao seu lado e puxando os lençóis. – Vamo, vem. Você tem que dormir ou vou chamar uma ambulância.
Harry permaneceu parado no mesmo lugar, ainda incerto sobre o convite, mas não conseguindo esconder o sorriso que agora estava largo em seu rosto. Seu corpo estava apoiado na cama apenas pelo braço esquerdo, e olhou para Louis mais uma vez, metade do seu rosto iluminado pela luz natural que brilhava do lado de fora da janela. Seus cabelos esvoaçaram por parte de sua testa quando rastejou pela cama. Afundou–se embaixo dos lençóis em silêncio, desabando ao lado dele e respirando fundo. A proximidade de seus rostos fez com que a ponta do seu nariz tocasse ao dele. Existia eletricidade naquele lugar como em nenhum outro. Sua pele era quase tão sensível quanto uma pétala de uma flor. Não conseguia vê–lo de forma nítida, mas sabia que estava ali, só pelo leve som de sua respiração e o odor de frutas vermelhas que saía de seus cabelos.
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homewrecker || l.s
FanfictionUm mundo alternativo onde Louis é estudante de direito que vive procurando por outras realidades e coisas para se apaixonar. Harry é um jogador de futebol americano sempre pensando do universo, nas estrelas e o quanto sente-se inferior. E entre muit...