Newton Brodie-Sangster, ou Pudim para os íntimos, visto pela última vez no dia 09/12/2006, durante as férias da família em Londres. Ele tinha apenas 8 anos quando desapareceu.
Sonya McNamara, vista pela última vez dia 17/08/2001 durante um passeio...
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Point of View of Newton Brodie-Sangster
Encaro a muda de roupa especialmente separada por BOSS sobre a sua cama. São novas, como eu não tenho a muito e muito tempo. Estanco meu corpo em frente a elas, apenas permitindo meus olhos analisar os pedaços de tecido e o poder que eles representam na minha vida.
Com eles sou Newton Brodie-Sangster, um garoto comum as vistas alheias. Sem eles sou apenas Sugar, um garoto sem sonhos, com a vida controlada por alguém que não meu pai e nem minha mãe, mas que exerce muito mais peso e pressão do que ambos os seres humanos que me colocaram no mundo.
Inclino vagarosamente o corpo sobre a cama e tomo em minhas mãos uma das peças, uma camiseta cinza claro. Instantaneamente levo ela até meu nariz, tragando o cheirinho de roupa nova, cheirinho de uma coisa que eu gostava, que remete a minha infância e as coisas que minha mãe adorava comprar pra mim.
- Gostou? – assusto quando a voz grossa de Janson sai das minhas costas.
Giro rapidamente meu tronco, soltando sem querer a roupa no chão.
- Sim. – respondo engolindo a seco.
O fato de estar só de toalha, molhado e com BOSS cada vez mais próximo de mim faz meu corpo inteiro estremecer de medo. O homem agacha até meus pés e retira o que deixei cair no chão, subindo lentamente, correndo seus olhos famintos pela minha pele exposta a sua frente.
- Não sei o motivo, o que me cutuca aqui dentro do peito, mas vou sentir sua falta. – diz entregando a camiseta.
- Mas eu não vou embora, vou? – questiono ao aceitar a roupa novamente.
- Não, não vai, mas é como me sinto, como se essa pessoa do leilão de hoje fosse arrancá-lo de mim. – confessa.
- Então por que fez isso, por que escolheu esse caminho? – digo dando-lhe as costas, vestindo estrategicamente a camiseta primeiro, antes de tirar a toalha que guarda meu sexo longe dos olhares desse monstro.
- Nem sempre o caminho mais fácil é o mais interessante, eu sei. – dá de ombros e senta-se na cama, captando cada movimento preciso meu. – Quero que veja isso como uma chance, Newton, uma chance de poder se permitir curtir um pouco a vida miserável que tem. Não deixarei qualquer vagabundo colocar as mãos em você hoje, passei um dia inteiro montando uma lista seleta de pessoas interessadas em você para que esse alguém lhe ofereça coisas além de sexo e prazer.
E o que essa pessoa tem a me oferecer?
Vamos combinar que esse cara viaja! O que uma pessoa que compra outra por um determinado período tem para me mostrar além do seu pau desesperado para se enterrar em mim, extraindo todos os meus gritos, gemidos e lágrimas restantes? Que valores um ser desse tem, que apoia o tráfico de pessoas, que compactua com as coisas erradas que acontecem não só aqui, mas em todos os lugares, com milhares de pessoas como eu?
