Capítulo 26

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— Não, Paul. —Ian cruzou os braços. —Te denunciar porque você tem 18 anos e que eu sei bater em mulher é crime. O que foi aquele tapa mesmo?

Paul riu com o rosto virado e depois, percebeu que Ian olhava seriamente pra ele. Logo, parou de rir e olhou pra ele do mesmo modo que Ian olhava pra ele. De um modo que era como se ele quisesse mostrar seu poder.

— Você não faria isso. — Ele disse com um sorrisinho no canto da boca.

— Quer apostar que sim? — Dessa vez, foi Ian que sorriu vitorioso.

— Se você fizer isso, eu te denuncio também. — Paul disse e Ian riu.

— Me denunciar? Por...?

— Por você ser maior de idade e transar com uma de menor. Isso é pedofilia.

— É, eu sabia que você ia dizer isso. — Ian disse andando até o balcão e logo se virou para Paul. — Pois saiba que só pra menores de 14 anos é considerado pedofilia e que eu sei, a Nina tem 14 anos, prestes a fazer 15. — Ian disse andando até Paul. — E eu não forcei ela a nada. ELA TRANSOU COMIGO, — Ele gritou na cara de Paul, quase que cuspindo as palavras. — porque nós nos gostamos e se é difícil pra você aceitar isso, não posso fazer nada a respeito disso.

— Seu... — Paul disse partindo pra cima de Ian, mas uma voz meio distante o fez parar.

— Não faça isso! — Nina gritou e Paul se virou, vendo sua irmã com os olhos arregalados. Ela não queria ter saído de seu esconderijo, mas ela também não queria que os dois brigassem na frente dela.

 — Eu não vou ter outra briga com vocês dois em que eu sempre saio como errado! — Paul disse enquanto ia embora, mas foi parado pela voz de Ian.

— Você não respondeu a minha pergunta. — Paul parou e depois de alguns segundos, se virou. — Vai fazer o que eu te pedi ou vou ter que me recorrer a polícia?

— Ian, sai. — Nina disse antes que Paul pudesse responder. — Sai! — Ela gritou apontando para a porta. Ian se desencostou da bancada e passou pelos dois, atravessando a porta e indo embora.

Nina olhou para Paul e bufou. Logo, ela pegou uma maçã na geladeira e saiu pela porta dos fundos e ficou na parte de trás da casa, comendo a fruta. Quando acabou, pensou em pegar o celular antes de sair, mas ela não queria ninguém perturbando ela. Dessa vez, saiu pela porta da frente e logo virou a esquina, escutou algo mexer nos arbustos, mas estava ventando muito, então não era nada da cabeça neurótica dela. É, um monstro vai sair daí, com certeza, Nina. Ela pensou.

E não é que saiu mesmo? Bem, não um monstro. Mas foi uma pessoa. Ela só sentiu algo pesar no braço dela e apertar de leve, ela tomou um susto, mas logo se virou vendo que quem segurava seu braço era Ian.

— Você ficou me esperando? — Nina perguntou perplexa, até porque ele saiu de um arbusto também. Ele fez sinal positivo com a cabeça e Nina virou os olhos.

— Tá me evitando? — Ele disse com um sorriso irônico. Ela não respondeu, só virou o rosto.

— Se quer dizer algo, diga logo. — Nina cruzou os braços e o olhou com desgosto.

— Não, eu não quero dizer nada. — Ela se chocou com isso, até porque ela pensou que viria uma declaração de amor por aí e um monte de desculpas, mas nada. Ele cruzou os braços também e Nina levantou uma sobrancelha.

— Se você saiu de um arbusto, tem que ter alguma coisa pra dizer. — Ela disse tentando fazer ele se lembrar de algo como ter que pedir desculpas.

— Eu não posso sair de um arbusto sem nada pra dizer? — Ele sorriu de uma forma provocadora.

— O.k., mas eu vou visitar a Megan agora, então tchau. — Ela começou a andar, até que parou ao ouvir Ian falar.

— Então estamos indo para o mesmo caminho. Vamos, meu carro está ali. — Nina olhou para o lado e viu o carro dele estacionado em meia calçada.

— Eu tenho pernas. — Ela disse e saiu andando.

— Então boa sorte em andar até lá. —  Ian disse. E ela sabia muito bem que o hospital não era perto. Logo se rendeu e atravessou a rua, chegando ao carro. Ele abriu a porta pra ela e sorriu ironicamente, ela entrou e depois, ele também. E assim partiram para o hospital.

...

Chegando lá, falaram com a recepcionista e ela falou para esperar alguns minutos pois os pais dela estavam lá. Nina e Ian se sentaram em duas cadeiras acolchoadas. Ian pegou uma revista e a abriu. Nina olhou pelo canto do olho e viu que a capa era de uma mulher de biquíni. Virou os olhos e bufou. Logo, sentiu os batimentos de seu coração acelerarem. Ela havia se lembrado. Lembrado da imagem de sua amiga no meio da rua, cheia de sangue e apagada. Foi difícil a ver naquele estado e não poder fazer nada. Nina estava se lembrando de tanta coisa, que por acidente, seus olhos lacrimejaram e ela virou o rosto, mas as lágrimas queriam sair de qualquer jeito.

— Preciso de um ar. — Ela disse se levantando rapidamente, mas logo sentiu Ian a puxar pelo braço. Ian se levantou e tentou virar o rosto dela, mas ela não deixava. Até que ele tentou de novo, mas Nina o virou bruscamente para Ian e ele viu. O rosto de Nina infestado de lágrimas.

— Satisfeito? — Ela disse com a voz trêmula e voltou a se sentar. Limpou as lágrimas com a mão e encostou a as costas da cabeça na parede, respirando fundo. Logo, os pais de Megan saíram da sala e Nina se levantou.

A mãe de Megan estava com lágrimas no rosto e com dois passos, ela abraçou Nina. Sem demora, Nina e Ian entraram na sala. Megan estava com os olhos fechados. Nina parou de andar, ficando distante dela. Mas Ian segurou sua mão, a fazendo continuar. Os dois pegaram uma cadeira e botaram perto da onde Megan estava deitada. Ela estava dormindo com um tubo de oxigênio em seu nariz e tubos injetados em sua veia. Não foi um acidente muito grave, por isso ela só ficou algumas horas na UTI. Segundo o médico, essa semana ela poderia levar alta, mas ainda tinha que ficar de repouso.

 
Nina e Ian decidiram não falar com Megan, era melhor a deixar descansar. Ficaram ali algum tempo, Ian logo dormiu na cadeira, ele estava exausto, não dormiu um minuto a noite. Agora tinha uma explicação para suas olheiras... Uma hora e poucos minutos depois, Nina acordou ele para ir embora.

1 semana depois...

O que aconteceu em uma semana? Vamos ver... Começando pelo fato de dois dias depois de Nina ter ido lá, Megan conseguiu encontrar forças para se sentar na cama e dar alguns passos. Dean a visitou um dia depois e a ajudou a dar mais passos na sala. Não demorou mais um dia até o médico falar que no final da semana ela levaria alta, mas teria que ficar de repouso até melhorar totalmente. Todos estavam felizes por essa notícia. Paul e Ian não tem mais brigado, até porque eles não tem se visto mais. Nina e seu irmão não se falam, nem um oi e tchau. Seus pais viajaram e o previsto era voltar amanhã, mas eles estenderam a viagem para mais um mês. No dia seguinte, Dean ficou a tarde toda com Megan, ele a ajudou a dar passos pela sala e nisso, Megan conseguiu andar sozinha, sem a ajuda dele. Neste momento, Dean acabara de chegar no hospital e falar com a recepcionista. Logo foi em direção a sala onde Megan estava. Dean estava tão feliz só por saber que ela estava tão melhor do que alguns dias atrás. Abrindo a porta com um sorriso no rosto, ele quase entrou na sala, mas algo o impediu, algo não. Alguém.

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