Nina não o respondeu, estava olhando fixamente para a porta. Seus pensamentos eram embaraçados, confusos. Ela não sabia no que pensar. Não sabia se estava vivendo mesmo a realidade, ou aquilo não se passava de um pesadelo que alguma hora iria acabar.
— Nina? — Ian estranhou o comportamento dela, franzindo o cenho. Ele acabou de abotoar a camisa e andou até a mesma sem fazer nenhum barulho. Quando pegou a mão fria dela, Nina deu um pulo e rapidamente olhou para Ian assustada. Ficou totalmente arrepiada e ele a encarava, com os olhos azuis que pareciam maiores agora.
— Oi. — Seus olhos estavam arregalados, como se tivesse sido acordada de um sonho. Ele se ajoelhou na frente dela, com o olhar inquisidor.
— Você está bem? Aconteceu algo? — Ela não respondeu e ele continuou de forma hesitante. — É com o bebê?
— Não. Eu só estava pensando nos nomes. — Nina sorriu — se é que um pequeno e rápido movimento no lábio pode ser considerado um sorriso — e ele retribuiu, da mesma forma forçada. Logo, ele se levantou, ficando a sua frente, enquanto ela analisava a roupa que ele vestia. Em seu corpo escultural, havia uma blusa de manga longa social, a cor era um azul escuro. E por sinal, realçava seus músculos avolumados. Por final, uma calça jeans preta e um tênis escuro. — Acho que assim tá ótimo. Ou quer experimentar minhas roupas também? — Ele riu e a puxou pela mão, fazendo-a se levantar.
— Algumas horas com meu chefe obeso e chato e estou aqui, só para você, ok? — Ele abaixou a cabeça para olhá-la obliquamente, enquanto sorria torto. Nina assentiu com a cabeça e sorriu forçadamente, o que foi possível perceber. — Agora tenho que ir, tchau.
Ian deu um beijo rápido em sua testa. Um beijo que quase a fez despencar ali mesmo. E cair em seus braços, enquanto ela podia sentir os músculos flexionados dele que a segurava. Mas apenas tombou a cabeça para trás, de tão leve que estava. Observou ele sair e fechar a porta. Quando o fizera, ela deixou as lágrimas rolarem. Seu corpo inteiro tremia. Seu coração foi espatifado pelas palavras enganosas que passavam pela sua cabeça. Palavras que ela havia ouvido de Ian. Sua visão se embaçou e ela pensou: Preciso escrever. E foi assim, que rapidamente correu para seu guarda-roupa. O abriu e tirou a tábua solta da parede do armário. Foi revelado um buraco quadrado, não tão grande, o tamanho era pequeno. O possível para guardar seu diário. Ela o pegou e o botou de lado, no chão. Recolocou a tábua e pegou o diário, andou até a escrivaninha, jogou as coisas para o lado, enquanto elas caíam no chão e uma enxurrada de lágrimas desciam por seu rosto. Abriu a capa de veludo azul claro e encontrou uma página vazia. E então, começou a escrever. Tudo o que sentia. Tudo o que estava preso em sua garganta.
“Eu absorvi suas palavras e acreditei em tudo que você me disse. Eu lhe dei meu coração e alma, coisas que eu nunca tinha dado a alguém. E você mente para mim. Eu escolhi você. Amor... Era a única coisa que podia me tirar dessa vida maluca que estou tendo agora. Era minha única esperança. E você a destruiu. Sabe, é verdade do que dizem sobre as mentiras terem pernas curtas. Talvez ela tenha apenas muletas bem frágeis, que se quebram com facilidade. Me encantaria muito você dizer que tudo o que você me disse é verdade. Mas a verdade, meu amor, é que tudo não se passa de uma maldita mentira. Eu praticamente dei meu mundo a você e sabe o que você fez? Você mentiu para mim. Você olhou dentro dos meus olhos e me levou através de mentiras. Quantas vezes mentiu dizendo que me amava? Quantas vezes me falou que eu sou importante pra você? Hoje vejo que minhas palavras foram todas em vão, que meus sentimentos foram jogadas no tempo. Que não teve nenhum significado pra você, o quanto teve pra mim. Podia ser qualquer motivo para eu estar escrevendo aqui agora, mas não imaginaria esse. Não esse. Que tal uma salva de palmas? Uma salva de palmas ao ator que conheci esse tempo todo. E quando eu quiser saber a razão disso tudo, não diga que se arrependa, porque não se arrepende. Porque eu sei que só está assim, porque a máscara caiu. Mas você dá mesmo um show, realmente tinha me enganado. Aquilo foi um belo show, mas acabou agora, continue e curve-se em agradecimento. E o prêmio para melhor mentiroso vai para você, por me fazer acreditar que você poderia ser fiel a mim. Mas acabou agora, é hora de fechar as cortinas.”
VOCÊ ESTÁ LENDO
O Melhor Amigo Do Meu Irmão.
Roman d'amourO ano quase acabando, Nina, irmã de Paul, conhece Ian que é melhor amigo de seu irmão. E ele foi o primeiro melhor amigo de Nina, o primeiro que ela sentiu uma tentação. Mas tem um problema: Ian a considera uma irmã e Nina quer fazer de tudo pra mud...