O Melhor Amigo Do Meu Irmão.

Capítulo 35

— Sabe? Até que você fica sexy quando tá suado. — Nina disse, enquanto sorria maliciosamente e via Ian brilhando de suor e sujo com algumas manchas de graxa na camisa, no rosto e no braço. Ele estava concertando algo do carro que Nina não conseguia identificar no quintal de casa, na pequena parte em que era de cimento, onde os pais de Nina antigamente estacionavam o carro deles. Paul botou o seu carro na outra garagem, que era fechada. Ian estava vestindo uma regata branca que estava colada em seu corpo, fazendo com que caracterizasse seu abdômen definido.

— Se o Paul tivesse ouvido isso, você estaria morta a essa altura. — Sua voz saiu abafada, já que o rosto dele estava enfiado dentro do porta-malas, enquanto mexia em algo.

— Vou ver se ele quer ajuda com a comida. — Nina falou e deu meia-volta, andando em direção a casa e viu que tinha deixado a porta aberta, mas deu de ombros.

Chegando à cozinha, ela viu Paul mexendo na panela que estava no fogão, com uma colher de pau. Ele estava cozinhando — ou pelo menos tentava — algo com um aroma divino. Nina pôs as mãos no bolso de trás e timidamente, ela falou:

— O que você tá fazendo aí?

— Cozinhando, não tá vendo? — Sua voz não saiu ofensiva, para a surpresa de Nina. Bem pelo contrário, ela saiu extraordinariamente amável, principalmente por ter um tom brincalhão, como se o que apenas quisesse era rir.

— Minha pergunta foi em relação ao o que você está cozinhando. — Ela riu de leve para descontrair. As coisas não estavam totalmente boas, então ela queria evitar brigas.

— Ah sim. — Ele andou até o armário no canto da cozinha e o abriu, procurando algo. — Espaguete. — Paul fechou o armário, com um saleiro na mão enquanto caminhava até o fogão.

— Hum... — Nina disse enquanto pensava em um prato enorme de espaguete a sua frente e mais outra porção pra ser devorada logo após a outra. — Eu vou voltar lá para o...

— Ian. — Ele completou a frase por ela e dessa vez, com ignorância pura na voz. Ela se arrepiou toda e logo se retirou, corada de vergonha.

Quando ela chegou, Ian se afastou do carro e tirou a blusa, jogando-a no chão. Seus cabelos negros estavam totalmente desgrenhados. Quando ele virou, Nina viu seu abdômen. Definido e escultural, assim como seus braços. Ela estava o encarando, quase de boca aberta. Até que Ian deu uma gargalhada alta e ela saltou para trás, como se tivesse sido empurrada, mas ela estava apenas voltando para a realidade.

— Para de babar, tá feio, Niniz. — Ela ficou totalmente corada, na cor de tomate. Ela deu um sorriso rápido, praticamente em uma fração de segundo. Apenas puxando o lábio para o canto direito e depois os suavizando. Ian começou a andar até ela e quando se aproximou para um beijo, ela botou as duas mãos em seu abdômen melequento de suor, dando uma leve empurrada para trás — que com certeza não fez efeito, ele se afastou por perceber que ela estava negando o beijo.

— Nem por mil reais eu vou te dar um beijo com você todo suado e fedendo igual a um cachorro. — Ela disse com nojo.

— Ah, antes era sexy não é?

Nina riu. Os dois voltaram para dentro e ele subiu para tomar um banho, já Nina foi para a cozinha. Sentou-se em cima do balcão e ficou observando Paul que terminava de fazer o almoço. Ele estava tão mudado. Apesar de seu ódio por Ian que parece ser irreversível, algo havia mudado nele. Ele tentava entender as coisas agora, tentava ser uma pessoa melhor, tentava pelo menos. Ele tentava. Isso era o melhor. Ele tentava, não fugia de seus problemas. Encarava-os. Ele tem uma irmã grávida e invés de expulsá-la de casa como os pais fizeram, ele a apoiou. Arranjou um emprego para sustentar ele e a irmã. Está dando o seu melhor. E uma coisa que Nina pensou que nunca iria ver e está vendo agora: Paul fazendo comida. Ele só sabia fazer pipoca e agora estava quase cozinhando todo dia. Ele mudou com tudo o que aconteceu. Sua irmã com seu melhor amigo, sua irmã grávida de seu melhor amigo, sua irmã trazendo o seu melhor amigo para morar com eles e seu melhor amigo virando um ex melhor amigo. Ou talvez já tenha virado.