Capítulo 42: Final

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Aquelas palavras fizeram o corpo de Paul formigar e o de Ian congelar, os dois não tiravam os olhos de Jasper, que olhava para eles de uma forma triste e compreensiva ao mesmo tempo. “Não conseguimos salvá-la”, a frase se repetia inúmeras vezes na mente de Ian como uma fita travada. Paul piscou os olhos algumas vezes, seu cérebro reproduzia continuamente aquelas palavras, estava em choque, sua cara que sempre se mantinha imparcial, sem esboçar qualquer tipo de reação, estava agora demonstrando todo choque que aquelas três palavras fizeram com ele. Sua respiração oscilou, sentindo a bile ardente subir a sua garganta e tocou a testa suada com a palma da mão. Todo seu corpo ardia e era como se o tempo tivesse parado para ele e Ian conseguirem assimilar as palavras que saíram da boca de Jasper. Aquele silêncio e a expressão que Ian estava demonstrando começavam a deixar Jasper mais triste e o remorso de ter dito aquilo começou a aparecer; olhou em volta a procura de algum lugar para fugir ou alguém que pudesse lhe tirar dessa situação, mas não tinha ninguém. Abaixou a cabeça e lentamente começou a dar passos para trás para se afastar dos rapazes.

— Eu... Me desculpe. Eu sinto muito. — disse ele enquanto fazia um gesto com as mãos em pedido de desculpa.

— Como assim não conseguiu salvá-la? — Ian falou em um rosnado. Era possível perceber a súbita raiva dele como uma onda ameaçando derrubar Jasper, o desespero em seus olhos era tão notável quanto a sua fúria. — VOCÊ TINHA O DEVER DE SALVÁ-LA!

— Eu tentei, mas... — Jasper ia dizendo, enquanto andava para trás cuidadosamente, mas Ian o cortou.

— Você tem o dever de salvar vidas e não destruí-las! Seu...

Ian não continuou, cerrando os dentes e fechando os punhos com tanta força que as juntas ficaram brancas. Agarrou Jasper pela gola da camisa e o empurrou contra a parede, encarando o médico com ódio mortal nos olhos e talvez se passassem mais alguns segundos, ele poderia perder o controle e estrangular Jasper com as próprias mãos.

— Seu incompetente. — Ian ralhou com a voz grave, engolindo em seco e logo em seguida, soltando o médico que olhava com os olhos arregalados para ele e Ian viu que Jasper estava com medo dele, percebendo o quão apavorante foi sua atitude. Sua expressão relaxou, o ódio foi embora, apenas ficando o arrependimento e a culpa. — Desculpa. Eu... Me desculpa. — Ele disse, não encontrando as palavras certas para falar. Não existem palavras certas, existem palavras que se encaixam. Ian escutou a voz de Nina em sua mente e se lembrou de quando ela dissera isso a ele. Eram tantas lembranças dela ecoando em sua mente que o deixavam maluco, pois só queria parar de pensar em tudo, talvez até acordar com amnésia, para ver se essa agonia parava.

Ele viu Jasper indo embora e olhou para Paul, que estava do lado dele com os olhos fixos no chão, a boca ligeiramente aberta e o olhar como uma rua com postes apagados, parecia perdido. Botou a mão no ombro de Paul sem saber ao certo se era aquilo que tinha de ser feito e observou ele levantar a cabeça, olhando para Ian nem um pouco confuso, mas com o mesmo olhar que estava desde que ouviu sobre a irmã.

— Sei que as coisas não estão muito boas conosco, mas...

Paul o cortou.

— Não estou com tempo pra discursos se você já não viu.

— Escute: A Nina iria querer que nos resolvêssemos, iria querer que fossemos amigos como éramos antes e cara, eu também quero isso. Me desculpe por não ter te contado sobre ela, eu... — Ian pareceu não querer mais falar e se calou, olhando para baixo. Paul o observou e quando Ian levantou a cabeça, estava com os olhos marejados, o rosto desolado. — Eu a amo. — As palavras saíram embargadas pelo choro e Paul sentiu o lábio tremer e o rosto se molhar com as próprias lágrimas involuntárias. Talvez Ian tivesse falado em voz alta seu próprio pensamento, mas não se arrependeu de ter dito aquilo, queria gritar ao mundo que a amava, que a queria de volta, que queria Nina.

O Melhor Amigo Do Meu Irmão.Onde histórias criam vida. Descubra agora