Her name is...C?

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Dylan

- Quem é você? Qual é o seu nome? - perguntei novamente

- Acho que você já me conhece... - ela cruzou os braços, reclinou-se na poltrona e olhou fixamente nos meus olhos, esperando alguma resposta. Vendo que não vinha, ela continuou - Dylan, não vou falar meu nome, mas me chame C. Afinal, eu que salvei sua vida

- Obrigado por...Como você sabe meu nome?

- Olhei nos seus documentos - ela baixou a cabeça por uns instantes, como se estivesse um pouco constrangida.

Já ia levantando da cama, quando ela interveio:

― Dylan, sério mesmo, o doutor pediu para você não passar nervoso e descansar. Dessa vez deu sorte por ser atendido rápido, mas da próxima pode ser grave.

- Nossa, por que essa preocupação toda comigo?

- Eu sei que acabei de te conhecer, mas eu quero seu bem - ela olhava fixamente para o meu rosto, mesmo estando "longe" - Quero ajudar as pessoas, então já estou "testando meus dons" - seus olhos até brilhavam quando falava de seu sonho....

Ela era muito bonita, mas quem não é ? Todo ser humano é lindo, só basta ser bonito por dentro também. Ela provou essa parte quando me salvou

- Dylan, Dylan! Estou falando com você! - ela gritou - Tudo bem? Você me assustou...

- Desculpa, estou bem sim - passei os dedos no meu cabelo: 1° por mania, 2° para me certificar de que não estava raspado - Não precisava se preocupar com isso.

- Tem certeza de que não se lembra de mim? - ela perguntou, ainda aparentando um misto de preocupação e confusão - Nem de vista?

Eu não consigo me lembrar, mas acho que já vi essa garota em algum lugar, porém não consigo mesmo me lembrar. Minha cabeça dói e eu ainda estou entorpecido pelos remédios. Não descarto a possibilidade de ser apenas um sonho ou alucinação. Quem sabe eu estou no céu agora? e esse é só o portão de entrada. Tanto Faz. Minha mente divagava sobre tantas coisas agora... e nenhuma lembrança.

Aquela garota misteriosa me encarou por alguns minutos, silenciosa. Ela distraidamente enrolava uma mecha de seus sedosos cabelos na ponta de seus dedos, olhando pelos cantos da sala. Repetia a mesma ação várias vezes como que esperando que eu assimilasse as coisas. Até que desistiu - ou se lembrou de algo - se levantou da poltrona, caminhou até mim e disse:

- Tenho que ir, me ligue se precisar de alguma coisa - ela estendeu uma tira de papel e sorriu - Adeus, Dylan. A gente se vê.

Prontamente peguei o papel e a observei, observando suas feições. Lembraria dela na próxima vez que eu a visse. Afinal, foi ela quem salvou a minha vida. C me levou pro hospital, em vez de me deixar desmaiado na rua com o perigo de ser atropelado e eu sou grato por isso.

- Hey, espere! - Naquela altura, ela já deveria estar na metade do corredor. Sei que não podia fazer isso, mas fiz: Corri atrás dela, fiz esforço desnecessário, me julgue! - Não tem como você ficar mais?

Eu gostei de conversar com ela, C parecia me entender e eu poderia desabafar com ela, não perderia essa chance.

- Bem que eu queria, mas não posso - ela apontou pro relógio do celular - Tenho que voltar pro treino, mas vou te ver novamente. Acho que seus pais não vão gostar de te ver com uma desconhecida.

Não podia negar, aquilo era verdade.

Dito aquilo, ela saiu por aquelas portas, me pergunto se realmente a veria novamente.

Voltei para meu quarto, sentindo a dor que ignorei quando corri atrás dela. Não sei porque me doparam tanto, nem foi algo tão anormal assim - assim espero - mas foi bom esquecer um pouco sobre o passado, deixar as memórias um pouco de lado e conversar com uma nova pessoa, mesmo que por pouco tempo.

Posso estar num hospital agora, mas aquilo foi extremamente benéfico, além de que pude conversar com C.

««»»

- O que aconteceu? Como veio parar aqui?

- Não sei, acho que desmaiei. Por que pergunta? - virei de costas, remexendo-me na cama - Não é como se importasse para você

- Deixa de besteiras, Dylan, eu sou sua mãe e me importo com você - ela tentou passar as mãos no meu cabelo, mas não deixei

- Como se não ficasse do lado do meu pai - digo - Eu vou ter alta hoje, se é o que quer saber

- Quem te ajudou? Deve ter uma pessoa que te levou para cá enquanto estava desmaiado - Ela tentou novamente me acariciar, recusei outra vez.

A grande verdade é que eu estava de saco cheio, farto de assumir a culpa de tudo, cheio daquilo, cansado de pertencer a uma família que mais cínica impossível.

O que mais dói em mim, no fundo da minha alma, é que eu continuo amando eles, do mesmo jeito de antes, mesmo com o maltrato de sempre. Talvez eu seja débil, mas amo.
Também não me culpo por estar menos receptivo e frio com eles, é como uma troca equivalente ou uma forma de auto-indulgência, auto-piedade.

- Uma garota, sei lá - respondi

- Onde está ela? Você pediu o número dela

- Ela já foi, acho que ficou com medo da senhora ou vergonha mesmo e sim, pedi o número.

- Chame ela para um jantar, quero agradecê-la por salvar meu filho

Estremeci quando ela disse "filho", talvez seja sentimentalismo meu ou fingimento dela, mas aquilo despertou algo dentro de mim, um vislumbre de carinho materno.

Confesso, foi uma boa ideia. Agora não preciso ficar quebrando a cabeça para descobrir como agradecer C.

- Mãe, preciso descansar - virei outra vez na cama, puxando a coberta - Depois ligo para ela, obrigado por vir aqui.

- Mamãe vai trabalhar - Ela beijou minhas duas bochechas e pegou sua bolsa, já de saída - Qualquer coisa, não hesite em me ligar. Até mais, meu príncipe.

- Tchau, mãe. Pode deixar - digo - vai com deus

Nos despedimos e ela me deixou sozinho no quarto. Minha única companhia era uma enfermeira medindo minha pressão, que aparentemente estava alta na hora do acidente. A boa notícia, como já dito, era que teria alta em breve; a má era que eu ia ficar sozinho até lá.

Eu não queria ficar sozinho, só que minha mãe não tem limite do que fazer em público, sabe? dá vergonha! agora ela pediu para chamar "C" para jantar em casa, achei estranho porque ela não é assim, mas não vou insistir nisso.

Estou com vergonha de ligar para a "Garota Mistério", assim do nada, ela vai pensar que eu sou um louco atirado.
Antes vou conversar com os meninos sobre ela, acho que Matthew vai ser bem útil nesse quesito.

A Culpa é sua, Chloe {The Tournament/ 13 Chaves}Onde histórias criam vida. Descubra agora