08/03/2017. (Dia internacional das mulheres).
Chloe.
Em cima da mesa, está a bala.
Do seu lado, o revólver.
Um presente, uma lembrança.Ela deveria ter escrito um cartão junto do pacote: “Para você, algo que dói tanto quanto abandonar alguém.
Já vai bater a casa dos cinco anos, o mesmo que falta para você bater a maioridade. Lembre-se: exército é dever e legado. Tradições não se quebram”.As balas ainda doem. Como a última artéria que liga a esperança de entender algo.
Outra escolha, tão ruim quanto boa.
Ruim por nunca mais vê-la
Boa por sempre poder revê-losTalvez não se encaixe nessa categoria, mas na de escolhas “difíceis” . Não a culpo, foi preciso. Talvez tudo fosse diferente se eu tivesse uma decisão diferente.
Bem, a vida segue.
E por seguir, tenho que persistir. Isso inclui resistir.
— Pronta para seu treino? — pergunta meu pai, colocando a bolsa no carro — tem um belo rifle consigo, pode ser um amuleto da sorte
— Só se for da agonia. Atirar e ocultar. Mate e limpe. — sussurrei — Mal posso esperar para isso acabar.
— Algo de errado?
— Não pai, só estava pensando em voz alta.
— Hoje o treino vai ser um pouco diferente —Matar alguém? Dispenso. Isso é algo seu, não meu.
Exército? Acato pela tradição. Assassinato? Recuso com fervor. O dever de um soldado é proteger, não executar.
— Acho que vai gostar. — continuou — Você aos doze implorava por isso.
Olha que novidade, se passaram 4 anos. Onde é que implorar se encaixa nisso?
— É, já posso até imaginar.
Durante o caminho todo ouvi música, digamos que uma playlist feita de extremos. Meus irmãos podem até amar fazer música, mas eu gosto de ouvi-las. Eu sou o projeto de tenente e eles são projetos de artista. Um ótimo jeito de me sentir a ovelha negra ao inverso.
Pelo menos, as duas ovelhas negras sabem o rumo que querem e eu...
Vivo nas sombras.Aperto mais uma vez o broche do meu avô, Atlanta se distanciava e as árvores se faziam mais presentes e a sensação de estar perdida me atingia aos poucos.
Até que paramos no meio do nada, precisamente na rua quinto dos infernos, o centro da cidade fantasma perto do aeroporto.
Acabou a gasolina e estamos perdidos ou é aqui o local da tortura.
— Vamos ver ela? — perguntei. Era uma possibilidade das coisas que implorava com 12, quando o acontecimento era recente e dolorido. — Mas e os outros?
— Não. — diz com pesar. Ele sente sua falta tanto quanto eu, quem sabe mais, só não gosta de admitir. — Algo diferente.
— Então o que?
Não disse nada, apenas parou o carro e pegou a bolsa, sua carteira e os rifles.
Sem dirigir nenhuma palavra, andou até um estabelecimento e conversou com um cara na porta. Logo em seguida, apontou para mim e voltou correndo.
— Vamos — acenou para que o seguisse — Acho que vai gostar, é um lugar que vinha com... Entre
Armas, granadas e espadas, um verdadeiro arsenal. Até mesmo acessórios, coletes e armas personalizadas estavam naquelas prateleiras.
VOCÊ ESTÁ LENDO
A Culpa é sua, Chloe {The Tournament/ 13 Chaves}
RandomChloe Light, uma das poucas "Garotas Quarterbacks" do país, semanas depois de assumir o posto de "QB 1" , entra num torneio muito concorrido pelos mais variados times da Geórgia. De início, ela não pensa que seja algo tão complicado e que - depois d...