Ele

2.4K 101 19
                                    


         Eu nunca havia entrado na Casa Branca antes. O que eu não sabia era que, no auge dos meus 19 anos, minha família seria convidada à casa do presidente.

       O esquema de segurança era muito grande, afinal estávamos falando do homem mais poderoso do mundo.

      Quando o convite chegou meu pai não pôde acreditar. E lá estávamos nós, dentro do carro, nervosos e ansiosos. Minha mãe e minha irmã não sabiam se riam ou choravam de emoção. Não era pra tanto e, no fundo, todos sabíamos o real motivo daquele convite: negócios.

       Assim que chegamos, passamos por detectores de metal e duas revistas corporais. Minha irmã, Lilith, parecia maravilhada com tudo e nem ligou de ter o corpo apalpado pelas guardas da Casa Branca. E eu não podia negar, agora que estava quase o conhecendo, de que eu estava um pouco nervoso.

      A história dele era singular: o mais jovem a ser eleito, o primeiro presidente a não ter esposa (o que gerava inúmeras especulações sobre sua vida pessoal) e o mais intrigante político do mundo. Mesmo que ele fosse discreto os boatos de amantes e festas eram numerosos.

     Entramos em uma sala com sofás e poltronas confortáveis; haviam alguns quadros nas paredes e carpete vermelho no chão. Eu observava cada detalhe e imaginava quantos presidentes já haviam estado ali.

      Assim que nos acomodamos nos assentos, os guardas anunciaram a entrada do Presidente e tivemos de levantar novamente. Quando ele entrou pude sentir o clima na sala mudando de tenso para calmo. Todos nós ficamos em pé. A expressão simpática em seu rosto nos fez relaxar por alguns momentos.

      Thomas Klint. Ele havia sido o homem mais jovem a ser eleito. Já havia visto várias fotos dele nos jornais e na internet, mas não esperava que, ao vê-lo pessoalmente, ficaria tão surpreso. Assim que ele entrou todos nós o olhamos, nervosos e apreensivos, esperando-o dar o próximo passo.

—É um prazer tê-los aqui. –ele disse, sorrindo

      Sua voz era potente, alta e clara, como a voz de um presidente deveria ser. Ele cumprimentou minha mãe, depois meu pai, minha irmã e, finalmente, eu. Seus olhos demoraram em mim, e um sorriso torto brotou em seu rosto. Senti minhas bochechas esquentarem imediatamente. Eu não sabia o que fazer nem o que falar. Era uma situação estranha.

—Espero que não tenham esperado muito. Michael! –ele apertou a mão de meu pai, sorrindo largamente

—Não esperamos nada, senhor presidente. É uma honra estarmos aqui.

—Então essa é a sua família! -olhou maravilhado para todos nós juntos- Elizabeth, é um prazer conhecê-la, minha mãe sempre me falou muito bem de você. –Ele beijou a mão de minha mãe 

      Eu achei aquilo um pouco esquisito, afinal, quem beijava a mão de mulheres em pleno século XXI? Mas sabia que ele estava sendo galanteador, fazia parte da sua personalidade. No entanto, eu não lembrava de nenhuma menção à mãe do presidente em minha casa, pois minha mãe preferia falar sobre políticos famosos com meu pai e raramente eu prestava atenção as suas fofocas.

—O prazer é todo meu, senhor –minha mãe falou, gaguejando um pouco e fazendo eu e Lilith rirmos

—E esta jovem é... –ele franziu o cenho tentando lembrar- Se me recordo bem, Lilith?

—Isso mesmo. –ela sorriu, até se lembrar de completar: S-senhor. –ri internamente da falta de decoro dela

      Quando Thomas se colocou em minha frente eu pude perceber o quão mais alto que eu ele era e, consequentemente, o quanto eu estava nervoso. Eu só conseguia pensar na hora em que aquela visita teria fim.

O PresidenteOnde histórias criam vida. Descubra agora