Segredos

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Seus dedos percorriam as teclas do piano com agilidade e leveza. Tinha um sorriso no rosto e, às vezes me contemplava longamente enquanto tocava uma música calma e gostosa.

Meu coração batia acelerado só por saber que Thomas estava tocando apenas para mim. Percebi a dedicação que ele colocava na música só para me impressionar e fiquei lisonjeado com aquilo. Ele havia me dito que não tocava há um tempinho, mas aquilo não importava para mim. Aquela imagem ficaria gravada na minha memória para sempre: o presidente, tocando piano e olhando-me com carinho, como se estivesse dedicando a música a mim.

Seus dedos longos dedilhavam com maestria e elegância as teclas.

Sentei-me ao seu lado no banquinho, admirando mais de perto sua habilidade. Estava boquiaberto com a velocidade com que seus dedos se moviam, notando que era uma música rápida e repetitiva que exigia muita destreza nas mãos.

Thomas parou de tocar, finalizando a música, e sorriu para mim. Puxou-me pela nuca gentilmente e deu-me um beijo na bochecha.

—Posso te ensinar a tocar, quer? –sussurrou, com as sobrancelhas arqueadas

Assenti com a cabeça, ávido por aprender, já que eu não tocava nenhum instrumento musical. Ao mesmo tempo estava nervoso, pois minha coordenação motora não era das melhores.

Uma mão cobriu a minha e ele foi guiando meus dedos por cima das teclas, fazendo pressão quando eu devia apertá-las. Movemos nossos braços com sincronia e a melodia saiu lenta, mas sua paciência foi tão reconfortante que relaxei, mandando o nervosismo embora.

Tocamos juntos uma música lenta e, quando acabamos, ele bateu palmas.

—Muito bem! –acariciou meus cabelos. Eu estava um pouco acanhado e sabia que ele estava exagerando na reação.

—Foi uma das coisas mais bonitas que eu vi. Você tocando. –confessei enquanto ajeitava sua gravata

—Mesmo? –ele franziu o cenho- Faz tempo que não toco.

—Foi lindo. –selei seus lábios nos meus rapidamente

Ainda não havíamos conversado sobre a mãe dele, sobre sua presença na noite anterior e a discussão que haviam tido. Tínhamos acordado, nos vestido e eu havia insistido para que ele tocasse piano para mim. Mas as palavras dela ainda rondavam minha mente, me deixando preocupado e apreensivo.

—Você parece ansioso. Quer me falar algo? –fez uma carícia contínua em minhas costas

Era surpreendente como ele conseguia saber do que eu precisava com apenas um olhar. Como eu iria começar aquele assunto?

Respirei fundo e decidi falar sobre o que estava me deixando preocupado.

—É sobre a sua mãe. –engoli em seco- Sobre o que ela disse ontem

Thomas revirou os olhos, mas continuou me encarando, querendo saber o resto.

—Pensei que você não tivesse ouvido o que ela disse.

—Eu ouvi, ela não estava falando baixo, vamos ser honestos. –ri baixinho e ele apenas sorriu- Eu concordo com algumas coisas do que ela disse. Você não?

Não sabia como Thomas iria reagir, talvez fosse ficar irritado, mas ele não disse nada por uns instantes, apenas suspirou e entrelaçou seus dedos nos meus.

—Damien, minha mãe sempre cuidou de mim como se eu fosse feito de vidro. –disse seriamente- Eu nunca dei motivos pra ela duvidar da minha capacidade de ser presidente, ela sempre acreditou em mim. Mas o Thomas que gosta de homens ela nunca pôde aceitar. Por isso ela fala aquelas coisas sobre eu não conseguir administrar o país enquanto estou com você...

O PresidenteOnde histórias criam vida. Descubra agora