O Presidente

Reações

 O estádio era imenso, maior do que qualquer um que eu já havia visitado. Um gramado verde intenso se estendia abaixo de nós e ele brilhava num tom amarelo intenso devido ao sol. Não consegui observar com mais afinco o lugar, pois estava apreensivo com o que iria acontecer ali.

Thomas estava ao meu lado, sorridente, e, ao contrário de mim, não aparentava estar nem um pouco tenso. Haviam fotógrafos por toda volta, pessoas nos olhavam sem parar algumas cochichando e evitamos nos tocar ou olhar um para o outro.

O vídeo de nós dois nos beijando aparecia em minha mente em flashes, deixando-me arrepiado só de pensar que alguém poderia vê-o. Fechei os olhos e engoli em seco enquanto o nervosismo fazia minhas mãos tremerem.

—Parece que você vai vomitar, Damien –Thomas sussurrou por entre os lábios, sorrindo acenando para a multidão a nossa volta.

Não estávamos no gramado, logicamente, pois seríamos um alvo fácil demais caso algum atentado acontecesse. Estávamos na arquibancada, num ponto alto, e nossos rostos apareciam nos telões do estádio. Ouvíamos gritos de animação toda vez que Thomas acenava, arrancando alguns gritos estridentes de algumas mulheres.

Eu não sabia dizer se escolher aquele estádio para revelar algo tão importante havia sido uma boa ideia.

Um microfone estava preparado na frente de Thomas e ele só estava esperando os portões fecharem para começar o discurso. Todos os esquemas de segurança tinham sido discutidos e esclarecidos com antecedência. Havia uma equipe de snipers no topo do estádio e o número de seguranças a nossa volta era grande.

Thomas apertou meu braço gentilmente ao notar o quão tenso eu estava.

—Eu deveria estar mais nervoso que você –disse, tentando me acalmar

Eu devia estar com uma expressão aterrorizada no rosto, porque Thomas começou a ficar preocupado. Seu olhar me analisou com lentidão, tentando entender o que se passava em minha cabeça.

—Damien, você quer beber algo? Está muito pálido –murmurou a pergunta

Notei que ele quis acariciar minha bochecha, porque chegou a levantar a mão, mas parou ao perceber que não podia fazer aquilo no momento. Haviam umas 5 câmeras focadas.

—Eu estou preocupado. –eu disse baixinho e estremeci com nervosismo

—Seria idiotice te dizer para não ficar. Mas eu estou aqui –apertou minha perna discretamente, num gesto reconfortante

Quando os gritos no estádio se intensificaram porque uma das câmeras deu um zoom no rosto de Thomas, olhei para baixo e vi um formigueiro de pessoas empolgadas gritando e sorrindo. Tentei não desmaiar de ansiedade e pânico. O telão principal iluminou-se com o logo presidencial e um arrepio de medo passou por meu corpo.

Thomas levantou-se ao meu lado, ajeitou o paletó e piscou para mim antes caminhar até o microfone e olhar para a plateia de mais de 10 mil pessoas.

Meu coração acelerou e a saliva começou a se formar com mais abundância em minha boca. O que eu senti foi um misto de sentimentos, nervosismo, ansiedade, medo e uma pontinha de esperança de que tudo aquilo daria certo.

Quando olhei para seu rosto no telão, bem centralizado na câmera, os olhos azuis intensos pareciam mais claros que de costume com o reflexo do sol. Escutei vários gritos e aplausos e as pessoas ficaram em pé rapidamente. Percebi que todos pareciam felizes e lisonjeados por tê-lo ali, afinal, sua popularidade estava nas alturas.

Olhei para o meu colo e me recusei a encarar a multidão ou no telão. Margot estava ao meu lado e ela me deu um tapinha nas costas. Ela não sabia de toda a história, sobre a PNPA e Mike. Havíamos apenas lhe dito que iríamos parar de manter segredo sobre nosso relacionamento antes que o vídeo vazasse. Margot havia reagido, primeiramente, de maneira irritada, achando aquela ideia ridícula e dizendo que Thomas seria massacrado pelo partido republicano. Mas depois que ele lhe explicou que era melhor daquela maneira, pois estava cansado de se esconder, vi um lampejo de entendimento em seu olhar e, por fim, ela acabou concordando com nossa decisão.