Turbulência

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Eu havia terminado de enviar para Thomas o discurso que devíamos ter preparado na noite em que ele estava havia me beijado, bêbado, quando a campainha tocou.

Após aquela notícia de conflito na manhã do dia anterior eu havia ido para casa e não recebera nenhuma mensagem no celular presidencial ou algum comunicado da Casa Branca até então.

Meus pais haviam saído para trabalhar, Lilith estava na escola e eu havia sido liberado por Thomas. Caminhei até a porta de entrada e abri a porta. Jess e Chris estavam ali.

—Como você está, D? –ela me abraçou apertado

—Tentando me acostumar. Depois te conto. –murmurei em seu ouvido- Olá, Chris –o cumprimentei meneando a cabeça

Ele vestia uma jaqueta de couro pela qual água escorria. Dei-me conta, ao olhar pela janela, que estava chovendo e havia uma tremenda tempestade acontecendo na rua. Jess também estava encharcada, seu cabelo vermelho pingava e os óculos estavam cheios de gotas d'água. Peguei seus casacos e os pendurei no hall da entrada, assim como os guarda-chuvas.

Eu ainda estava de pijama, mas não me senti na obrigação de mudar de roupa, afinal, Jess era minha amiga e eu estava na minha casa.

—O que vamos comer? –perguntei, caminhando até a cozinha

—Podemos preparar um brunch, o que acha? –ela sugeriu, animada. Em seguida Jess abriu os armários da cozinha, procurando ingredientes e utensílios- Chris sabe fazer panquecas e brownies maravilhosos!

Arqueei as sobrancelhas e olhei para Chris com surpresa. Ele pareceu um pouco tímido.

—Você cozinha?

—Às vezes, quando tenho vontade. –murmurou

Ele dobrou as mangas da sua camiseta branca até os cotovelos e começou a pôr a mão na massa, misturando farinha, ovos, leite e açúcar em uma tigela. Quem diria que Chris tinha um futuro promissor como confeiteiro?

—Então, D, o que você ia me contar? –Jess cortava um pedaço de bacon em uma tábua

Eu era um desastre na cozinha e agradeci por eles estarem fazendo tudo. Sentei no banco, de frente para a bancada e ponderei se podia contar aquilo tudo na frente de Chris. Não éramos íntimos, mas podia ver que ele estava tentando ser mais sociável.

—É que.... –mordi o lábio- Eu e o Mike terminamos. –decidi começar pela parte menos chocante

Jess arregalou os olhos e parou tudo o que estava fazendo.

—Pensei que vocês fossem apenas dar um tempo. Foi pelo fato de ele não conseguir tempo para vocês dois? –ela voltou a fatiar o peaço de bacon, agora mais lentamente, prestando atenção em mim

—Sim. Ele veio aqui em casa anteontem e nós terminamos. Mas o pior foi que... –suspirei- Ele nem ao menos tentou nos das uma segunda chance.

Jess me olhou com compaixão. Veio até mim e me abraçou. Eu ri mas retribuí o gesto. Chris, após preparar rapidamente uma mistura de leite, açúcar, farinha e ovos, colocou uma colherada da mesma na frigideira.

Jess voltou para frente da bancada e começou a colocar o bacon em uma tigela, em seguida quebrou alguns ovos em outra.

Respirei fundo e resolvi contar o fato principal dos últimos dias, que ainda me deixava confuso.

—Thomas me beijou. -falei baixinho

Os dois pararam tudo o que faziam e me olharam incrédulos. Olhei para o chão e dei uma risadinha nervosa. Havia acabado de falar aquilo em voz alta e ainda parecia surreal que tivesse, de fato, acontecido.

O PresidenteOnde histórias criam vida. Descubra agora