Jantar

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         O restaurante favorito dele, graças a Deus, não era fitness e servia uma variedade grande de massas. Eu acreditava que aquela paixão dele por carboidratos fosse por culpa de sua descendência italiana, o que era melhor para mim, porque eu também amava massas.

      Eu saboreei os temperos da comida, que não era muito apimentada e tinha um gosto típico, gorduroso e muito bom. Mike ria só de me olhar comer, pois eu fechava os olhos e murmurava "hm" toda hora.

      —Então, como foi o encontro com o Todo Poderoso? –ele perguntou, com uma expressão brincalhona no rosto

      —Foi tudo ok... Ele convidou a gente para ir numa festa na Casa Branca hoje mesmo. Mas não estou com a mínima vontade de ir. –suspirei enquanto limpava a boca no guardanapo

      Algumas pessoas passavam olhando Mike e eu estava começando a ficar irritado. Talvez elas nunca tivessem visto um cara lindo, todo tatuado, comendo massa. Ri com o pensamento.

      —Mas você tem que ir, é importante. 

      Eu arqueei as sobrancelhas pra ele, dando mais uma garfada cheia na massa do prato. Só de imaginar ficar por dentro de todos os podres dos Estados Unidos me dava calafrios.

     —Não sei se quero –suspirei, tomando o vinho que haviam nos servido

      —Vá, veja como é o ambiente. –ele pegou minha mão por cima da mesa- Pense no seu currículo, se aceitar a proposta dele. –ele sorriu me encorajando

       Apertei as mãos dele. Eu estava com tanta saudade... Fiquei olhando para aqueles olhos escuros que eu tanto amava. As tatuagens iam do peito até os braços e seguiam pelo torso até as pernas. Eu queria muito sair dali e ir pra um lugar mais reservado com ele.

      —No que está pensando? –ele soltou minhas mãos pra comer um pouco da comida

      —Ah... –fiquei vermelho ao lembrar- A gente podia ir pra outro lugar... –murmurei, desviando o olhar

      Não interessava quantas vezes nós já havíamos feito sexo, eu sempre ficava envergonhado quando o assunto era mencionado. Ouvi sua risada gostosa e senti um calor por dentro, como eu sempre sentia quando ele estava comigo.

      —A gente pode ir pro meu apartamento –falou, com um sorriso brincalhão nos lábios- Você fica todo envergonhado só de falar sobre isso. –ele riu mais

      Eu franzi o cenho olhando pro outro lado do restaurante. Podia sentir meu rosto queimando e, com certeza, eu devia estar parecendo um pimentão.

      —Eu não consigo não ficar vermelho. –falei baixinho

      E o fato de que eu havia perdido minha virgindade com ele me deixava mais estranho ainda. Fazia umas semanas que não arranjávamos tempo assim pra sair juntos.

      —Eu acho que você fica mais bonito ainda assim –ele falou- Mas então vamos, já que você está com pressa pra usar meu corpo- eu ri baixinho e ele também.

      Ele me puxou pra levantar e pude perceber vários olhares das pessoas sobre nós. Me senti mais envergonhado ainda, mas Mike pegou minha mão e nos encaminhamos para o caixa. Deixei ele pagar para mim, porque eu queria sair logo dali e ele estava com a carteira em mãos.

      Saímos para o calor insuportável de Washington, que piorava mais a cada ano. A moto estava estacionada perto do restaurante. Nos encaminhávamos para lá, ainda de mãos dadas, quando o telefone de Mike tocou.

O PresidenteOnde histórias criam vida. Descubra agora