O Presidente

Extra 3 - Mike

"Qual foi a reação de Thomas ao pedido de casamento?"

"Ele ficou surpreso. E feliz, claro."

"Quando decidiu que o pediria em casamento?"

"Quando percebi que queria passar o resto da minha vida com ele. E quero. Não contei para ninguém, apenas comprei os anéis. Eu quis que fosse uma surpresa."

"Vocês planejam se casar ainda esse ano?"

"Ainda não decidimos, estamos focados no governo."

"O pedido nos pegou de surpresa, pode detalhar melhor como foi?"

"Eu nunca tive vontade de casar, nem quando conheci Thomas. De uns tempos para cá eu vi que ele é a pessoa certa para mim e comecei a admirá-lo ainda mais. Então eu pensei: por que não? Eu quis fazer uma surpresa, já que é ele quem sempre me surpreende. O pedi em casamento em um jantar privado, com nossas famílias reunidas."

"Não quero soar indelicado, mas vocês pretendem ter filhos?"

"Beau é o nosso filho por enquanto. Não sabemos sobre o futuro e não descartamos a possibilidade."

Não consegui ler o resto, porque ainda era um choque saber que eles iam casar. Os e-mails chegavam raramente e, quando chegavam, Damien soava muito alegre e preocupado comigo e evitava falar sobre a própria vida. Portanto, descobri sobre aquilo lendo revistas e vasculhando sites de fofocas.

Claro que eu ainda era apaixonado por Damien. Cada vez que eu via o rosto dele meu coração apertava. Mas eu precisava achar algum outro sentido para a minha vida, não podia me martirizar pelas mudanças que haviam acontecido.

A casa onde eu estava morando era enorme, espaçosa e confortável. Além disso eu tinha uns 5 agentes me vigiando todos os dias. Meus passos ecoaram pelo piso de madeira e o barulho me deixou melancólico. Aquele era o som da solidão.

Um outro barulho na porta chamou minha atenção. A campainha! Caminhei devagar até a entrada, intrigado e achando estranho. Devia ser um dos agentes que cercavam o perímetro da casa. Quando abri a porta, me deparei com um homem de terno. Suas mãos estavam atrás das costas.

━O senhor Presidente ordenou que eu avisasse ao senhor que terá companhia em breve. -fiquei encarando-o com o cenho franzido, sem saber se era uma brincadeira

━Quem? -perguntei com curiosidade

━Ele irá chegar em seguida, não recebemos mais detalhes.

Franzi o cenho ao vê-lo se afastar, imaginando quanto calor ele não devia estar sentindo vestindo um terno preto embaixo daquele sol de 40 graus. Fechei a porta ainda confuso, sem saber o que esperar. Nem Thomas nem Damien tinham me dito nada. Por um segundo cogitei a hipótese de ser um golpe, uma mentira para me prender, mas não existia essa possibilidade. Eu era o protegido do Presidente e a praia era propriedade do governo, além de ser monitorada 24 horas por dia.

Aquela casa grande ainda me deixava desconfortável e após receber a notícia de que iria receber um companheiro fiquei ainda mais incomodado. Todos os cômodos eram espaçosos, mas eu não gostava da falta de personalidade do ambiente. Ajeitei algumas almofadas, guardei alguns pratos de cima do balcão e não havia mais nada para ser feito, visto que alguém limpava e ajeitava as coisas para mim todo dia.

Eu tinha me acostumado com a solidão e com pessoas diferentes me cercando, entrando e saindo da casa. Cada agente permanecia no mínimo 1 mês, depois era trocado por outro e assim sucessivamente. Eu conhecia os protocolos. Mantinha distância deles, pois quanto menos soubessem, melhor.