Capítulo 07

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Mauricio.

Depois que eu saí do banho, tive que voltar ate o centro de assistência para buscar a pasta com alguns papeis que vou levar para meu pai essa noite. Ele está na cidade, e quer examinar meu projeto. Eu não devia, mas estou alimentando esperanças que ele seja um bom homem e doe um dos terrenos da empresa para a ONG.

Estava de saída com a pasta em mãos, quando vi o livro de física da Lia. Ela deve ter esquecido enquanto tentava fazer o dever. Eu deixaria que ela pegasse amanhã, mas imaginei que talvez ela precisasse dele, então como ainda tinha tempo, o levei comigo e fui deixar na casa dela. Eu não iria demorar, mas acabei ficando aéreo em meio a conversa com a mãe dela e o Marcos.

Quando comentei sobre a pressa dela em começar a trabalhar, notei a expressão de Dona Elena ficar um pouco tristonha e ela suspirou.

— Lia carrega o peso do mundo nas costas. —Comentou baixinho.

— Desculpe, eu não entendi.

— Ela está preocupada com a nossa situação financeira. —Explicou. — Temos tido alguns problemas com relação à dinheiro, e as coisas estão ficando realmente apertadas. Ela acha que pode resolver se arranjar um emprego e me ajudar nas despesas.

Compreendi a pressa dela, e o porquê de ela mudar de opinião sobre o projeto do governo. Ela realmente não aceitaria isso se a situação fosse outra. Não foi pelo futuro dela, foi pelo presente em que está vivendo com a mãe e o irmão.

— Às vezes ela é a adulta da casa, com aquele jeito meio arrogante dela. Se ainda não viu, prepare-se, ela é bem irritante às vezes. —Dona Elena alertou-me.

— Vou saber rebater. —Garanti rindo um pouco.

Dona Elena me acompanhou e isso quebrou o clima tenso. Olhei para o topo da escada e localizei Lia parada nos olhando, ela estava apenas de toalha, e o cabelo úmido pingava nos ombros e colo, deixando gotas de agua escorrer para os seios. Ela caminhou para trás e sumiu de vista. Minutos depois desceu as escadas vestida, e eu observei suas pernas à mostra graças ao short jeans. 

Ela também me observou vestido despojadamente e estava um pouco desconcertada, ela deve ter percebido que eu a vi no topo da escada. E quando ela me abraçou, pude sentir seu cheiro natural, que me lembrava à chuva. Sentir seu corpo próximo ao meu, foi tão... Intenso. Balancei a cabeça querendo afastar esse raciocínio... Como pode uma menina me chamar tanto a atenção como se fosse uma... O que eu estou dizendo? Ela é uma mulher. Jovem, mas é uma mulher.

Dirigi o caminho todo para a casa dos meus pais com a imagem de Lia no topo da escada em minha cabeça, e seu cheiro... Meu devaneio evaporou quando estacionei meu carro, e ao adentrar à sala, dar de cara com Luana sentada com meus pais.

Ela estava bonita, como sempre, usando um vestido florido que marcava levemente sua cintura e seios grandes, e o cabelo loiro caia solto nos ombros. Ela ficou de pé ao me ver, e minha mãe a imitou.

— Mauricio, meu amor. —Mamãe veio me cumprimentar, e guiou-me para sentar-se ao seu lado.

Meu pai me examinou dos pés à cabeça, mas não disse nenhuma palavra, continuou bebendo seu café. Luana ficou atenta a cada movimento meu. Isso era uma das coisas que eu notei detestar nela: esse jeito irritante de monitorar os meus passos como se fosse um gavião vigiando a presa. Isso me irrita e muito.

— Pai, eu fiquei surpreso quando pediu que...

— Diga, Mauricio, o que tem feito da vida? —Interrompeu com arrogância. — Ainda brincando de ajudar os pobres?

Quando O Amor Cura...Onde histórias criam vida. Descubra agora