Capítulo 16

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Mauricio.:

No meu sonho com Lia, ela caminhava ate mim, me abraçava, tocava meu corpo e me beijava. Era tudo tão intenso e real que acordei suado e bem ciente do calor que emanava dela no sonho. Eu sentindo desejo por uma adolescente menor de idade, só o que me faltava! Era cinco e quarenta da manhã de domingo. Tomei uma ducha e decidi ir à praia, fazia muito tempo que eu não ia, então decidi que era um bom dia para isso.

Acabei encontrando Lia, sentada com umas garotas que me secavam descaradamente, mas ela não olhava na minha direção. Apesar do medo de que o clima tenso de ontem ainda refletisse nela hoje, fiz gesto para que uma das garotas chamasse a atenção dela para mim. E quando ela olhou, maneei a cabeça chamando-a para perto de mim. E ela veio.

Ela estava serena e tranquila, e em nenhum momento o desentendimento de ontem pairou sobre nós. Foi tudo muito agradável e delicioso. Eu não sabia que ela não sabia nadar, e foi engraçado persegui-la pela areia, ate que caímos e quando fiquei sobre ela, tive consciência de que ela me atraia. Assim que ela topou a contragosto entrar comigo no mar, e começou a tirar a roupa, fiquei ainda mais ciente da atração.

A tarde com Lia na praia foi maravilhosa, relaxante, e agora, estávamos na piscina. E estava ainda melhor. Era divertido zombar dela e ser zombado por ela, mas agora o clima divertido perdeu-se. Eu tinha seu corpo em meus braços na piscina, ensinando-a a nadar, e a vista que tinha era... Tentadora. Tentei não olhar para sua bunda, mas, Deus do céu!

Quando soltei um pouco seu corpo e movi minhas mãos para suas costelas uma coisa me chamou atenção. Eram, no mínimo, sete cicatrizes. Fiquei atônito, mas mantive a compostura e tentei não demonstrar nada. Ela não notou que eu vi.

Já deviam ser umas duas horas, então achei melhor sairmos da agua, para não queimarmos no sol. Ela já nadava cachorrinho e eu estava bastante satisfeito, mas não ia parar por aqui. Voltamos para dentro e coloquei as roupas dela na secadora. Lia ficou trancada no banheiro, enrolada em uma toalha, enquanto as roupas ficavam secas.

Minutos depois ela desceu vestida. Apesar de termos comido, eu sentia um pouco de fome de novo e imaginei que ela também, então preparei um lanche rápido. Lia sentou-se à mesa comigo, e começou a morder seu sanduiche. Eu não queria estragar o dia maravilhoso que estávamos tendo, mas eu tinha que perguntar.

— Lia, o que houve com sua costela?

Ela franziu a testa um momento, sem entender o que eu dizia, mas num segundo o resto dela assumiu outra expressão.

— Nada.

Claramente o clima caiu graus e ela largou o sanduiche. Lia ficava cada vez mais fechada para mim, a medida que eu me interessava pelo passado dela. Estava claro que ela não queria falar, mas dessa vez eu iria insistir. Porque eu sei como é a sensação que te leva a cortar o próprio corpo.

— Não me pareceu ser "nada". —Falei

Ela se levantou da mesa e me deu as costas, caminhando em direção a saída da frente. Me apressei e a interceptei no caminho, barrando-a na porta da cozinha.

— Lia, por favor. —Mudei minha abordagem. — Se abre comigo. —Pedi.

Busquei o olhar dela que focava todos os lugares, menos à mim. Peguei sua mão e trouxe para o meu peito, e com a outra toquei seu rosto, afagando-o. Ela gostou do carinho, mas não foi suficiente para que ela se abrisse. Então lembrei do que ela disse ontem, na sua casa. "O que sabemos dele?".

Recuei minhas mãos e tirei o relógio. Mostrei a ela minha cicatriz no pulso. Lia franziu as sobrancelhas me olhando perplexa e depois fixando a cicatriz. Ela estava surpresa.

— Você tentou... ?

— Sim. —Concordei. — Tentei.

— Eu... Eu não fazia ideia, Mauricio... Eu...

— Eu sei. —Falei entendendo. — Me conte. —Pedi.

Apesar de agora ela entender minha curiosidade, ela ainda estava cautelosa comigo.

— Por quê? —Ela perguntou.

Entendi a pergunta dela, e eu queria responde-la, mas não consegui. Eu não conseguiria falar sobre aquela noite. Principalmente porque era algo tão banal comparado à toda a historia dela. Me senti envergonhado.

— Está vendo?! —Ela disse. — Quando se trata do seu passado, você se cala. Se isola. Mas não se colocou no meu lugar quando invadiu a minha vida daquele jeito.

— Lia, eu...

— Não estou te julgando. —Ela afirmou se distanciando. — Só quero que pense; que perceba como as coisas são. Eu sei como se sente, sei porque não quer falar o que houve, que te levou a fazer isso. E não vou tentar te obrigar a me falar. Mas você deveria ter lembrado da sua fraqueza antes de passar por cima da minha.

Assenti compreendendo os sentimentos dela.

— Você tem razão, desculpe. —Falei.

— Eu já vou.

— Eu te levo...

— Não, eu me viro. Obrigada.

E com isso ela saiu sem dizer mais nada. Permaneci parado no lugar, com as mãos na cabeça. Eu devia ter falado. Só assim iria ganhar a confiança dela, só assim ela iria se abrir comigo, me dizer o que houve... Eu estraguei tudo. Chutei a cadeira da mesa, que caiu fazendo um tremendo barulho.

— Droga!

***

Os dias seguintes se passaram refletindo a tensão do fim de semana. Lia só falava comigo o necessário, e assim que podia fugia de mim. Sempre que eu tentava entrar no assunto, ela desviava e fugia. Ela não estava indo à academia, Pietro me contou que a ultima vez que ela esteve lá, foi para se demitir, não explicou por que e nem ouviu ninguém.

Tentei falar com a mãe dela, mas Dona Elena, coitada, estava tão mais preocupada que eu, e sabia tanto quanto eu: nada. Lia não andava contando muita coisa para a mãe, muito menos para mim. Ela me tratava com uma frieza que me surpreendia. No começo eu pensei que isso fosse passageiro, mas os dias continuaram se passando e ela não mudou o comportamento.

O pior era que essa frieza dela para comigoestava me atingindo de um jeito que me surpreendeu. Eu me sentia vazio esozinho... sentia falta das conversas bobas, da zoação dela comigo. Me sentiaabandonado.

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⏰ Última atualização: Jun 15, 2017 ⏰

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