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Movi da paralisia inicial, dando um passo para fora, ela parecia muito animada, renovada, havia algo nela, algo diferente. No primeiro vestígio de desvio de atenção de seu rosto eu pude avistar meu pequeno animal de estimação, Jor El, ele corria pelo corredor do prédio com animação, a língua para fora.
- Hey, Jor El, venha aqui... – Falei baixo, tentando não gritar e incomodar os vizinhos. Ele parecia feliz demais para se conter. Veio rapidamente até Camila, empurrou sua testa peluda nas pernas dela e ergueu as patinhas no ar. Ela sorriu.
- Hey garoto, modos, não foi isso que lhe ensinei... – O repreendi envergonhada, o olhando empurrar as patinhas no ar novamente, queria a atenção dela. Bom... E quem não quer, não é mesmo? Pobre criatura... Somos nós dois, reféns, de Camila Cabello?
Talvez com grande veemência.
- Eu não me importo, não se preocupe, deixe-o correr... – Ela falou docemente, elevando o olhar para mim. Jor El voltou a correr, ao sentir que ela falava dele, empurrou-a novamente e saiu correndo como louco pelo corredor. Ela sorriu mais amplamente, dando um passo à frente para se aproximar de mim. Lá estava.
Ela.
- Oi... – Sua tonalidade foi tão doce que me derreteu. Como se estivesse me saudando novamente.
- Oi... – Minha resposta foi sem folego, entrecortada, eu não conseguia conter a maneira que ela me afetava. Deu outro passo e me envolveu com calmaria em seus braços, em um abraço cálido e gentil. Eu fechei meus olhos, sentindo aquele toque aveludado e a calmaria dela me preencher. Seu abraço. Eu senti falta dela.
Sabia que sim.
Só não sabia que era tanto.
- Senti sua falta. – Aquilo.
Aquilo.
Não havia preço, dimensões. Isso soa melhor do que qualquer palavra proferida por qualquer pessoa. Sentir falta. Camila sente minha falta.
Sentir falta é ser agradável o suficiente para que sua ausência seja sentida extremamente, e provar que sua presença vale de algo no final das contas. Ela sentiu minha falta. Ela me queria perto, eu também a quero perto, eu só acho que mais perto, não assim, não como se um abraço fosse perto o suficiente, eu queria ela perto e perto...
Dolorosa e confusamente perto.
- Eu senti o mesmo. – Falei perdida em pensamentos, como se as palavras estivessem tão embaralhadas e loucas para sair que meu olhar desviado provasse que ela me põe em caos completo.
Mas eu, eu sou a Lauren, eu sou a especialista em caos completos, e de longe, Camila me colocou no melhor deles. O seu caos me agrada.
Ela faz-me sentir como se ser confusa não fosse tão ruim assim.
Ela entende minha confusão.
Seus braços se desvencilharam do meu corpo, e eu me movi, achando que se afastaria completamente, mas meu movimento apenas me aproximou mais dela, e eu senti seu olhar alinhando ao meu. Prendi o folego ao perceber o quanto ela estava perto. O olhar castanho brilhante.
Era como hipnose.
A cintilância que eu percebi veio repentina. O desenho de seus olhos e os cílios longos. Eu senti como se o ar a nossa volta se tornasse gélido, como se pudesse visualizar seus cabelos ondulados tremeluzindo com o vento, os lábios se tornaram róseos vermelhos, como se tivesse bebido de um copo de vinho, a selvageria que me inspirou no olhar me apertou o peito com uma sensação de que era uma deusa cigana aqui e agora.
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Crosswords
FanfictionLauren é responsável por fazer as palavras cruzadas do mais importante jornal de Nova York. É uma mulher que consegue pensar em milhares de situações ao mesmo tempo, mas que sempre se viu em dificuldades que nunca a limitaram de viver o máximo que p...