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NA: Quem me acompanhava anteriormente talvez tenha se perdido no meio do processo e eu pedi anteriormente um pouquinho de paciência até conseguir repostar toda a fic no modo público novamente. Esse capitulo é inédito e não postado antes, e dará sequência a fase final da fic que eu havia planejado, mas que por imprevistos tolos não consegui prosseguir.

Quero agradecer por todo o carinho com Hidden que tiveram na minha volta e pela paciência até eu conseguir readaptar Crosswords novamente ao wattpad. Não esperava mesmo ser bem recebida até porque sei o quanto choveram críticas a minha pessoa quando me afastei dessa plataforma por problemas pessoais, então é surpreendente voltar em definitivo com tudo o que eu sempre planejei com tanto carinho, obrigada.

Boa leitura ♥

Camila saiu bem cedinho para a igreja de Saint Michel, eu compreendi que aquele momento era reservado só para ela e para suas crenças e seus desejos, então não querendo me interpor em um caminho que não era meu, deixando que ela aproveitasse da solidão com seus anseios, eu decidi que caminhar pela orla da praia para conhecer mais do lugar era uma boa ideia, só enfiei meu celular no bolso para prevenir que não me perdesse e tirei meus sapatos sentindo que era uma manhã diferente.

A velha cigana fez um café gostoso com pãezinhos saborosos quando acordou, e eu me sentia tão bem... Não que esquecesse da minha casa e família, meus amigos e do meu Jor El, mas aqui é um lugar que eu nunca esperei sentir assim tão bem em estar. A intensidade cigana carrega consigo um alento protetor, eu já repetia em demasia que Camila era perfeita em me manter segura, mas seu povo é sua força interior que regia tudo aquilo que se tornou ela.

Eu cultivo em mim uma admiração sem igual pelo povo cigano que nunca poderá ser apagada.

Não ter dormido na noite passada não pareceu mesmo fazer efeito em mim, ter tomado um banho quente só me deixou mais desperta antes de vir para cá, eu estava elétrica sentindo a brisa do vento fresco que trazia um tom gélido na beira da praia, ouvindo a água bater e voltar em seu ritmo programado que me fazia sentir livre.

Qual insana não adoraria passar pelas mesmas situações se tivesse a certeza dessa libertadora sensação de tranquilidade agora?

Não negava que podia ser uma mulher estranha vez ou outra pensando em coisas bestas que a maioria não faz questão de pensar, e a minha tolice em me perder em admiração por aquilo que amo ainda se mantinha intocável, mas eu só me tornei e encontrei a melhor parte de mim e eu tenho certeza de que isso não volta mais. As promessas do dia de ontem ainda estavam comigo, como alguém podia me amar tanto? Como eu podia amar tanto alguém? Era explicável? Eu não achava que havia alguma resposta coesa, mas eu adoraria descobrir para tornar uma palavra única e diferente, que nunca foi definida em dicionário nenhum.

E eu faria questão de colocar o nome dela do lado para indicar que a referência mais próxima de tudo aquilo que eu nunca podia definir era ela.

Flexionei os dedos de minhas mãos, olhando para eles tão esbranquiçados e expostos no frio, tentando entender que eu tinha um dom no mundo cigano e isso valia tanto para mim como poucas coisas na vida. Quem dera eu ser capaz de tornar a vida de quem me tocasse algo bom... Queria mesmo ser capaz de tornar a vida de pessoas tristes em algo feliz apenas por estar ao lado delas...

Mexia demais com meu ceticismo acreditar que eu podia ser um instrumento transformador, mas é muito compreensível... nós nunca aceitamos tão fácil que nossas virtudes possam ser grandes demais algum dia, é mais fácil validar nossos fracassos e nossos pontos ruins porque por eles, nunca podemos deixar que os outros possam passar desavisados, é a lei natural do ser humano que se ama e ama os outros avisar que podem se machucar exaltando estas imperfeições que estão aos montes.

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