Aceitação

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New York, New York...

Eu devorava meus cereais olhando para a tv, toda embolada em meus moletons e cachecol até o queixo, frio era pouco para as rajadas e vento lá fora. Hoje é sábado, eu estou encarando a programação mais infame dos noticiários da CNN. Falavam sobre o tempo.

Mordiscava os cereais com leite e engoli satisfeita por sanar a fome com algo tão agradável ao meu paladar.

"As ondas de frio poderão ser devastadoras, não esqueçam de seus agasalhos ao saírem de casa."

Hoje eu havia combinado com Ally que iria à sua casa, faria o almoço, faríamos uma tarde de filmes românticos que me deixava cética, porque eu não chorava com nenhum deles (são ilógicos, alguns), e então nós jantaríamos, ela disse que beberíamos um vinho que havia guardado por muito tempo e logo eu voltaria no final da noite, seria o dia perfeito, de programação perfeita. Ela me disse.

Proibiu aliás que eu levasse qualquer rascunho de cruzada, de acordo com suas analises pessoais, eu precisava de descanso do trabalho. Não concordava com aquilo, mas não podia ir contra suas determinações, a casa era dela afinal.

"Hoje pela tarde, um festival literário será promovida na biblioteca principal de Nova York, alguns novos autores farão sessões de autógrafos, e a biblioteca abrirá vagas para novos cadastros em seu extenso acervo que passou por novas aquisições. O evento acontecerá as 1pm, mas já está funcionando agora, algumas exposições e cadastros, a expectativa é que seja um sucesso."

Arqueei a sobrancelha focando naquela notícia. Camila não havia me falado aquilo. Teria ela esquecido? Ou suas ocupações gerais eram por causa daquilo? Que genial.

Sinto com toda certeza que a Hansen mandaria alguém para aquilo! Eu precisava dar uma passada ali, precisava prestigiar algo como isso. Coloquei a tigela de cereais de lado e tropecei na manta que eu havia colocado sobre meu corpo para me ajudar a aquecer. Tentando me equilibrar, eu a dobrei com cuidado nos dedos e saí um pouco aflita demais pelo apartamento.

Camila.

Fazia bons dias que não a via, na última vez, ela me chamou de bonita. Eu não podia esquecer, não parecia uma informação que sairia da minha cabeça tão cedo.

Entrei em meu quarto pousando a manta dobrada com cuidado sobre a minha cama bem organizada. Eu tenho esse senso de organização que me faz milhões de vezes mais difícil de se gostar. Minhas roupas são organizadas em meu closet por ordem de cores e tipo. Meu quarto tem um tapete felpudo, que eu limpo ocasionalmente para o manter sempre impecável, há alguns quadros legais nas paredes com desenhos modernistas, mas no geral a decoração era creme com tonalidades de marrom escuro. Eu gosto de olhar e apreciar estes tons.

Sentei em uma das poltronas, tocando na borda de minha bota enquanto encaixava meus pés já com meias. Foram segundos para organizar bem os cadarços apertados e me erguer, olhando para o espelho. Jeans grosso, blusa de lã sobre uma blusa de algodão com as inscrições nerd herd, eu já fui fã de Chuck. Mesmo tendo que repetir alguns episódios 5 vezes para entender alguma coisa.

E nem pense que era pela falta de senso da série, não era isso, eu só me perdia muito fácil na beleza de Yvonne Strahovski. Era uma missão difícil, mas agradável.

O cachecol protegia o meu pescoço e os cabelos estavam soltos. Certo, isso.

Eu preciso ver Camila agora.

Peguei minha bolsa com meus pertences, e a coloquei sobre o ombro direito, saindo de meu quarto e caminhando até a sala. Peguei a tigela de cereal perdida e a levei a cozinha, colocando metodicamente dentro da pia.

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