Destino

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Narrador POV

A deriva

São incontáveis as vezes que em momentos de pura tristeza ou de profundas decepções, desejamos intensamente que não tivéssemos feito decisões passadas que nos levam a um presente chateador. Vez ou outra nem precisa necessariamente ser algo tão destrutivo, basta que aconteça algo minimamente desgastante que os intensos pensamentos de: "não deveria ter passado naquela rua, naquele exato momento para a ter conhecido, não estaria assim", ou um simples, "não deveria ter parado para lhe dar aquela droga de informação, eu também não estaria assim".

E são realmente ilistáveis as vezes que forçamos um arrependimento que nos leve a crer que algumas coisas não deveriam ter acontecido conosco. Mas já pensou em tudo aquilo que se encaixa como um padrão em sua vida? Percebeu que se há peças de um quebra cabeça faltando será impossível torna-lo completo? Ou mesmo assim ainda pensa em excluir pequenos pedaços porque eles só lhe trouxeram chateação e ao seu sentir é inútil que tenha passado por tanto para estar onde está?

Camila também já pensou nisso, em sua mente onde parou em momentos frustrados, se pegava abominando a si mesma quando se recordava que todas as suas decisões foram feitas por seu livre arbítrio e que mesmo assim escolheu se enfiar em uma bagunça e nela quis se manter por um bom tempo. Mesmo que dentro de si, algo bem profundo já previsse o fim antes mesmo de um começo.

Mesmo que desejasse não ter passado por tanto para encontrar sua destinada, que estava ali por ela, e por algum tempo ela insistiu em pensar daquela maneira, colocando seu relacionamento antigo com um homem destrutivo e ambicioso como o maior erro que já cometeu por livre e espontânea vontade. Ela não entendeu por esse longo tempo que ele precisava ser cometido.

Ela precisava errar com ele, para acertar com ela.

Se conheceram no exato momento que foi feito para acontecer, saindo de uma avalanche de frustrações e em um momento de mudança onde Camila olhava para dentro de si e se enxergava melhor do que qualquer coisa antes, estas transições foram crescentes e nos momentos perfeitos, onde além de melhorar a si, adotou paciência, e se enfiou em sua aceitação, ela começava a ser Karla Camila, porque de nada antes foi tão paciente e exercitou de tamanha bondade.

Mas o que aconteceria? O que iria dar-se para Camila se ela nunca tivesse passado por Austin? Quem seria e o quão sábia a vida a tornaria sem esse exato tipo de experiência? O destino já insistia por tanto tempo que ela se ligasse a Lauren, e não acontecia, sem Austin isso seria mais fácil? Se amariam de qualquer maneira? Fácil? Com a mesma paciência e com a mesma necessidade de se tornar melhor mesmo sem ter passado pelo pior?

Tomem um tempo viajando nos sonhos de Mercedes Cabello agora, a cigana até então solteira depois de um casamento que foi fadado ao fracasso por ser impossibilitada de ter filhos, tinha dons de previsões ao dormir, nada que sonha ou que pensa ao ter seus olhos fechados em um estado de letargia se tornava inverdade.

Mercedes teve esse sonho quando Camila estava prestes a terminar a faculdade e disse em sua ultima visita ao acampamento do pai que queria mudar um pouco, ir para cidades mais litorâneas, queria sol e contribuir para bibliotecas em Miami, se aproximar de sua Tia Amaya. Mercedes a ouviu em uma noite, e em outra já havia sonhado com tudo acontecendo...

Jovialmente vibrante, Camila mudaria com facilidade, teria o apoio dos pais porque eles assim sempre fariam por aquela menina, a aquele ponto ainda não havia conhecido Austin, e tinha uma intensa rotina de festas com as melhores amigas que tornava suas noites longas e seus dias mais pesados e cansativos, mas nada... nada conseguia deter sua energia em fazer tudo que queria.

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